Ainda está para ser contada, com mais profundidade e justiça, a história da família Monteiro Guimarães. Do filho mais célebre, Honestino Guimarães (1947-1973), jovem brilhante, ex-presidente da UNE (União Nacional dos Estudantes) e um dos mais conhecidos desaparecidos políticos do Brasil, sabemos quase tudo – menos a localização de seu corpo.
Por André Cintra, especial para o Vermelho
Os documentos do Exército sobre a Guerrilha do Araguaia — uma das principais promessas para a elucidação do assassinato e desaparecimento de dezenas de militantes — foram todos destruídos, informou o Ministério da Defesa. A afirmação foi encaminhada à reportagem da Folha de S.Paulo como resposta a um pedido de consulta feito baseado na Lei de Acesso à Informação, que entrou em vigor mês passado.
O governador Geraldo Alckmin vetou projeto de lei que criaria cadastro estadual com características físicas e dados genéticos de pessoas desaparecidas. Para familiares e organizações da sociedade civil, delegacias não estão preparadas e o problema se repete em todo o país. Além da negligência, há casos em que o próprio Estado é responsável pelo desaparecimento forçado de pessoas. São Paulo registra o maior número de desaparecidos no país.
A Argentina despertou no domingo, dia 27 de maio, com um silêncio a menos: um longo texto do veterano jornalista Horacio Verbitsky, no combativo ‘Página 12’, mostra como foi confirmado e reconhecido o que todo mundo, ou quase, desconfiava. Sim: a Igreja Católica admitiu formalmente, e diante da Justiça, que desde pelo menos 1978 sabia que a ditadura encabeçada pelo general Jorge Rafael Videla assassinava presos políticos.
A expectativa média de vida no país foi o principal argumento usado pela Justiça Federal para rejeitar a denúncia ajuizada contra o militar reformado Carlos Alberto Brilhante Ustra e o delegado Dirceu Gravina, da Polícia Civil.
Focar o início do trabalho na apuração de informações sobre desaparecidos políticos e não fomentar qualquer tentativa de revisão da Lei da Anistia foram as duas principais orientações da presidente Dilma Rousseff aos integrantes da Comissão da Verdade, oficialmente instituída na última quarta-feira (16). As informações são do jurista José Paulo Cavalcanti, que integra a comissão.
A Comissão da Verdade deve investigar, sobretudo, o destino dado aos desaparecidos políticos do período da ditadura (1964-1985), defenderam o jornalista, escritor e professor universitário Sinval Medina e a jornalista, pesquisadora e professora da Universidade de São Paulo (USP) Cremilda Medina. Para ambos, os trabalhos devem se concentrar basicamente nos governos militares a partir do golpe de 1964.
Documentos secretos mostram que a cúpula da Igreja Católica argentina sabia desde 1978 que os desaparecidos da ditadura no país (1976-83) haviam sido assassinados. Diálogos revelados pela edição deste domingo (6) pelo jornal argentino Página12, de Buenos Aires, revelam que o então ditador Jorge Videla confessou a três cardeais que havia crimes em massa cometidos pelo regime – ainda que ele desse aos fatos outro nome.
Há 40 anos, 69 militantes comunistas, muitos jovens, combateram o Exército no interior do Pará, atual Tocantins. De lá nunca saíram vivos. Pior. Somente dois corpos foram identificados. Até hoje, familiares esperam enterrar seus mortos. “Passaram de sujeitos comuns para sujeitos políticos”, diz, em entrevista ao Vermelho, a historiadora Deusa Maria de Sousa, que mergulhou nesse universo de dor, angústia, incerteza e espera.
Por Deborah Moreira, da redação do Vermelho
Com o objetivo de render homenagens aos que tombaram na Guerrilha do Araguaia, o professor, jornalista, poeta e militante do PCdoB-RO, Francisco Batista Pantera, escreveu poema de cordel para rememorar esse capítulo de nossa história.
Por Francisco Batista Pantera*
O Vereador George Câmara (PCdoB-RN) prestou, nesta qurata-feira (11), durante pronunciamento no Plenário Érico Hackradt na Câmara Municipal de Natal, homenagem aos 40 anos da Guerrilha do Araguaia.
Se, na economia, o Brasil é o gigante da América do Sul, no terreno da busca da Verdade, da Justiça e da Memória, a Argentina é a referência principal com uma história de busca da verdade, construção da justiça e reconstrução da memória.