Documentos secretos mostram que a cúpula da Igreja Católica argentina sabia desde 1978 que os desaparecidos da ditadura no país (1976-83) haviam sido assassinados. Diálogos revelados pela edição deste domingo (6) pelo jornal argentino Página12, de Buenos Aires, revelam que o então ditador Jorge Videla confessou a três cardeais que havia crimes em massa cometidos pelo regime – ainda que ele desse aos fatos outro nome.
Em 17 de outubro de 2011, uma jovem de 24 anos esperava ansiosa pela entrevista que anunciava o retorno do programa de entrevista Roda Viva, da TV Cultura. No centro, cabo Anselmo, que delatou diversos militantes à ditadura que mortos ou desaparecidos. Aquele homem falando abertamente ao vivo na televisão, impune, causou-lhe tamanha indignação que, quando se deu conta, estava com uma amiga na porta da emissora, em São Paulo, arremessando dois ovos no carro que o levava embora.
Os dois últimos dias foram marcados pelo horror que vazou dos porões da ditadura, que se encontra em polvorosa diante da possibilidade da Comissão da Verdade se estabelecer. São informações colhidas pelos jornalistas que entrevistaram o verme Cláudio Antônio Guerra, delegado do DOPS do Espírito Santo, refugiado na aposentadoria que o Estado conivente lhe premiou, sobre o desaparecimento de presos políticos.
Por Milton Pinheiro
As ações penais contra sequestradores e torturadores, que praticaram atos durante a ditadura militar, movidas pelo Ministério Público Federal, abrem caminhos sem volta para os crimes acobertados pela lei de Anistia. A avaliação é de Nilmário Miranda, presidente da Fundação Perseu Abramo e conselheiro da Comissão de Anistia, em entrevista.
Para discutir a instalação da Comissão de Verdade, o Programa de Pós-graduação em História Social da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) vai realizar, de 9 e 11 de maio, no Rio de Janeiro, o Simpósio Internacional de História Contemporânea: Memória, Trauma e Reparação.
As revelações do ex-delegado capixaba Antônio Cláudio Guerra, do antigo Departamento de Ordem Política e Social (DOPS), no livro Memórias de uma Guerra Suja, sobre as torturas e os assassinatos de militantes de esquerda por agentes da ditadura trouxeram mais uma vez à tona o debate sobre a necessidade do esclarecimento das barbáries cometidas pelo regime militar (1964-1985).
Por Mariana Viel, da Redação do Vermelho
Á Joel Vasconcelos dos Santos e Lincoln Bicalho Roque, heróis da juventude e do povo brasileiro,
Por Augusto Buonicore*
Ex-presa política, a jornalista Rose Nogueira, do Grupo Tortura Nunca Mais, considerou "estarrecedoras" as declarações de Cláudio Antônio Guerra no livro Memórias de uma guerra suja . O ex-delegado do DOPS do Espírito Santo afirma que, sob ordens militares, incinerava corpos de militantes de esquerda em uma usina de açúcar em Campos dos Goytacazes (RJ).
Em troca de créditos e facilidades junto à ditadura, uma usina de açúcar do Rio de Janeiro teria cedido seu forno para incinerar cadáveres de presos políticos mortos nas mãos do aparato repressivo. O acordo teria sido feito no final de 1973.
Por Saul Leblon*
Ele lançou bombas por todo o país e participou, em 1981 no Rio de Janeiro, do atentado contra o show do 1º de Maio no Pavilhão do Riocentro. Esteve envolvido no assassinato de aproximadamente uma centena de pessoas durante a ditadura militar. Trata-se de um delegado capixaba que herdou os subordinados do delegado paulista Sérgio Paranhos Fleury nas forças de resistência violenta à redemocratização do Brasil.
Naquela tarde, no apartamento de Flora, tomando chimarrão, fui me inteirando. Patricia foi morta, metralhada junto com o companheiro, na cama, não lhes deram tempo nem de levantar (nunca soube se o companheiro era aquele responsável que tinha beijado ela fingindo que a beijava). Miriam esteve dois anos na ESMA. Normita foi procurada na casa de seus pais. Bateram neles e eles, que conheciam seu domicílio, não disseram nada. Quando chegou o irmão e viu como batiam no pai, deu o endereço.
Ativistas dos direitos humanos e ex-perseguidos políticos da ditadura militar fizeram uma passeata no início da noite desta sexta-feira (27) na Avenida Paulista, na região central da cidade de São Paulo. Após a caminhada, eles entregaram uma carta no escritório da Presidência da República pedindo que a presidenta Dilma Rousseff nomeie rapidamente os sete membros que integrarão a Comissão da Verdade.