Adolfo Pérez Esquivel, Nobel da Paz em 1980, precisou falar apenas um minuto no Senado brasileiro para sentir de perto a fúria da oposição que busca derrubar a presidenta Dilma Rousseff. O arquiteto e ativista argentino utilizou a palavra “golpe” para definir o que está acontecendo hoje no Brasil, o que levou a oposição a exigir do senador Paulo Paim (PT-RS), que presidia a sessão, a retirada da palavra dos anais da sessão, demanda que acabou atendida.
Nova pesquisa Vox Populi divulgada no último sábado (30) avaliou o sentimento dos brasileiros depois que a Câmara dos Deputados aprovou, no dia 17 de abril, a abertura do processo de impeachment contra a presidenta Dilma Rousseff. A pesquisa foi encomendada pela CUT.
Frei Betto tem razão quando diz que faltariam ruas para protestos se os pobres soubessem quais são os planos da coligação que tenta tomar o governo pela via do golpe. Um dos alvos principais é o salário mínimo. As razões são variadas. Mas todas convergem: o mais importante será a redução do valor real do salário mínimo.
Por João Sicsú*
O Presidente da União de Negros pela Igualdade (Unegro) Edson França, afirmou ao Portal Vermelho que o momento político no país exige a mobilização nas ruas para denunciar o golpe no país. "Nós não vamos desistir da democracia e seguiremos firmes na luta, indo às periferias e alertando o povo sobre os perigos de um possível governo Temer, a população negra é a que mais vai sofrer com um golpe", denuncia.
O deputado federal Orlando Silva (PCdoB-SP) afirmou ao Portal Vermelho que, em um momento de ameaças reais à democracia e perda de conquistas sociais, é necessário aprofundar o diálogo com o povo. “O Minha Casa, Minha Vida, Bolsa Família, ProUni poderão acabar com um governo Temer e Cunha. O pacote do PMDB pretende retirar verbas para a saúde e educação”, denuncia o deputado.
Somando à luta dos movimentos sociais que promovem manifestações contra o golpe nesta quinta-feira (28), a União Nacional dos Estudantes (UNE) convoca, durante todo o dia, aulas públicas e paralisações. Estão confirmadas ações em 60 universidades em todo país.
Contra o golpe um curso no país e a ameaça real aos direitos da classe trabalhadora e à democracia, o 1º de maio desse ano será de unidade entre os movimentos sociais. A Central Única dos Trabalhadores (CUT), a Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB) e as Frentes Brasil Popular e Povo Sem Medo, convocaram uma série de atividades políticas e culturais, em todo país, para dizer não ao retrocesso e ao impeachment da presidenta Dilma Rousseff.
O Sindicato Unificado dos Petroleiros de São Paulo (Sindipetro-SP) realiza hoje (27) assembleia com trabalhadores da refinaria de Paulínia, na região de Campinas. Na pauta, a construção de uma greve geral contra o avanço do processo golpista, que tem como alvos principais a privatização da Petrobras e a entrega às multinacionais do controle das reservas do pré-sal, além de retrocessos sociais com ataques a direitos trabalhistas.
Presença permanente nas manifestações contra o impeachment de Dilma Rousseff, a presidenta da União Nacional dos Estudantes, Carina Vitral, de 26 anos, afirma que não é a favor do governo, mas contra a legitimidade do impeachment. Em entrevista nessa terça-feira (26) ao programa Espaço Público, da TV Brasil, ela disse que as manobras feitas para retirar uma presidenta do poder provocam danos ao país.
Um grupo de mulheres fez uma manifestação na noite de nesta quarta-feira (26), na capital paulista, contra a idealização feminina e o impeachment da presidenta da República Dilma Rousseff. O ato, que ocorreu em frente ao Theatro Municipal, teve protestos contra o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, o vice-presidente Michel Temer, e a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp).
A correção do rito não garante a constitucionalidade do processo de impeachment. O papel da Corte Constitucional não termina com a correção do rito e a indicação da competência.
Por Beatriz Vargas Ramos e Camila Prando*
O jurista Fábio Konder Comparato aponta que o processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff é uma tentativa de forjar "grosseiramente" a existência de um crime de responsabilidade.