No dia seguinte à consumação do golpe de Estado no Brasil, o Uruguai emitiu uma nota onde não fala absolutamente nada sobre o novo governo. Não deixa claro se manterá relações diplomáticas e comerciais ou não. Mas destaca que o impeachment da presidenta eleita Dilma Rousseff foi uma “profunda injustiça”.
O partido espanhol Podemos solicitou nesta quinta-feira (1º/9) que a União Europeia suspenda as relações com o Brasil após o golpe de Estado parlamentar realizado na quarta-feira (31/8) em Brasília, no Senado, que destituiu a presidenta legítima Dilma Rousseff e instalou no cargo o golpista Michel Temer.
Depois do longo período de ditaduras militares, a América Latina vive ciclos de instabilidade política por meio de impeachments, deposições ou renúncias forçadas, muitas vezes provocados por escândalos de corrupção e crises econômicas. Além de Dilma Rousseff, cujo impeachment foi confirmado nesta quarta-feira (31) pelo Senado, outros 15 presidentes latino-americanos eleitos não conseguiram terminar o seu mandato desde 1990.
Um dia depois da consolidação do golpe parlamentar contra Dilma Rousseff, nesta quinta-feira (1º/9), o governo da Colômbia emitiu uma nota oficial onde destaca o importante papel da presidenta para o desenvolvimento regional da América Latina e afirma que pretende “continuar trabalhando com o país irmão”.
A cassação do mandato da presidenta Dilma Rousseff, como conclusão de um processo que durou nove meses, repercutiu na imprensa alemã na quarta (31/8) e quinta-feira (1º/9). Os mais importantes jornais e revistas do país questionaram a legitimidade do impeachment, classificado-o com um processo com motivação política. A imprensa tratou Temer como "vaidoso" e "sedento de poder" e destacou que ele nunca teria a chance de ganhar uma eleição.
Em 2002, através de eleições gerais, o Brasil começou a trilhar um caminho novo de construção nacional, sumariamente chamado de desenvolvimento com inclusão social. Um partido político, originário de grandes mobilizações sindicais, e que forjara um grande líder, liderou esse processo, apoiado por quase todos os progressistas do país.
O ex-presidente e atual senador do Uruguai, José Mujica, afirmou nesta quarta-feira (30), que Dilma Rousseff foi destituída porque não cedeu às pressões para proteger os políticos brasileiros acusados de corrupção. A afirmação foi feita em um evento realizado em Montevideo, no fim da tarde, que, entre outras pautas, repudiou o golpe no Brasil.
Depois da aprovação do impeachment no Brasil, a ex-presidenta da Argentina, Cristina Kirchner, manifestou solidariedade a Dilma Rousseff. “A América do Sul é outra vez laboratório da direita mais extrema”, afirmou, em referência às experiências anteriores dos setores reacionários no poder, como foram as ditaduras militares dos anos 60 a 80 e os governos neoliberais dos anos 90.
Diferentemente da comemoração da imprensa brasileira após a destituição da presidenta eleita Dilma Rousseff, a repercussão do caso na mídia internacional, com um processo de impeachment fraudulento, foi retratado com prudência e a avaliação é que tal como foi conduzido, haverá imensos prejuízos às instituições brasileiras e à legitimidade democrática no país, o que pode refletir inclusive na América Latina. Foi o que opinião o El Pais em seu editorial sobre o título "Golpe baixo no Brasil".
A atriz global Leandra Leal, que atualmente integra o elenco da série Justiça, da Rede Globo, usou sua conta pessoal no Twitter para rechaçar o golpe de Estado consolidado neta terça-feira (31) contra Dilma Rousseff.
A Egrégia Congregação da Faculdade Nacional de Direito (FND) publicou, nesta quarta-feira (31), uma moção de repúdio ao impeachment da presidenta Dilma Rousseff. No documento, afirma ver “desconformidade com os princípios mais fundamentais ao devido processo legal, bem como injustificável pela ausência de comprovação de crime de responsabilidade suficiente ao ensejo de legítima destituição de mandato presidencial”.
Como era de esperar, o golpe parlamentar contra Dilma Rousseff não será bem visto aos olhos do mundo. A Venezuela já é o terceiro país que anuncia retirar seu embaixador do Brasil em rechaço ao ataque contra a democracia consolidado nesta terça-feira (31) – os outros dois são Equador e Bolívia. O presidente Nicolás Maduro qualificou o processo de impeachment como um “golpe oligárquico da direita”.