Como havia se comprometido na semana passada, o presidente destituído do Paraguai, Fernando Lugo, está em contato com os movimentos de resistência ao golpe paraguaio. Ele participou, terça-feira (3), de uma atividade pela resistência na cidade de San Juan de Nepomuceno (sudoeste), a 280 kilômetros da capital paraguaia, onde contou o que houve durante o julgamento político impulsionado pelo parlamento paraguaio e que o tirou da presidência do país, na fatídica sexta-feira, 22 de junho.
A imprensa brasileira está dando grande destaque a um vídeo divulgado pelos canais paraguaios Telefuturo e Última Hora em que supostamente o chanceler da Venezuela, Nicolás Maduro, e o embaixador do Equador em Assunção, Júlio Prado teriam se encontrado com cúpula militar do país para insuflar os militares contra Federico Franco momentos antes do golpe que destituiu Fernando Lugo na sexta-feira (22). A TeleSur, no entanto, divulgou a íntegra do vídeo desmentindo a informação.
O presidente deposto do Paraguai, Fernando Lugo, destituido após um processo político "express" em 22 de junho, disse que o golpe de Estado contra o hondurenho Manuel Zelaya em 2009 foi um experimento reutilizado em seu país. "O laboratório de tudo isso fui Honduras há três anos e foi aperfeiçoado no Paraguai", disse nesta terça-feira (3), de acordo com a AVN (Agência Venezuelana de Notícias).
Camponeses paraguaios qualificaram nesta terça-feira (3) o governo de Federico Franco como seu pior inimigo e iniciaram o debate de um plano para recuperar terras ilegalmente em poder de latifundiários.
As eleições no Paraguai não serão convocadas antes da data programada, em abril de 2013, informou o ministro do Tribunal Superior de Justiça Eleitoral do Paraguai, Manuel Morales, durante visita do secretário-geral da Organização dos Estados Americanos (OEA), José Miguel Insulza, ao país.
O golpe orquestrado no Paraguai na sexta-feira (22) segue sendo analisado e discutido pela imprensa brasileira e internacional, dada a importância e gravidade do fato ocorrido no país vizinho. Na última quinta-feira (28), a enviada especial do Vermelho a Assunção, Vanessa Silva, conversou com o presidente Fernando Lugo, que falou sobre o processo que o país está vivendo.
A Frente Guasú, coalizão de partidos e organizações sociais, advertiu o secretário geral da OEA, José Miguel Insulza, de que o golpe de Estado no Paraguai é um perigo para a América Latina.
A Venezuela será membro pleno do Mercosul em 31 de julho e o Paraguai foi suspenso do bloco até as eleições de abril próximo. As duas notícias ficaram ligadas porque o Senado paraguaio era o responsável por barrar a incorporação da Venezuela, mas o protocolo entre o Mercosul e Caracas foi assinado em 2006.
Por Martín Granovsky*, na Carta Maior
Ao decidir suspender o Paraguai e incorporar a Venezuela como membro pleno do Mercosul, Brasil e Argentina sinalizaram para o aprofundamento do conceito de democracia na América Latina. Uma decisão que nos compromete no fluxo da vida, pela responsabilidade que criamos em relação a novas possibilidades de presente e futuro.
Por Gilson Caroni Filho*
O secretário-geral da Organização dos Estados Americanos (OEA), José Miguel Insulza, chegou ontem (1º) ao Paraguai para conversas com representantes do Executivo, Legislativo, Judiciário e com políticos locais sobre a crise que se instalou no país desde o impeachment do ex-presidente Fernando Lugo. A previsão, segundo a imprensa paraguaia, é que os primeiros a se reunirem com Insulza sejam o ministro das Relações Exteriores, José Felix Estigarribia, e o presidente Federico Franco.
O assanhamento da direita brasileira com seus novos heróis – os deputados e senadores colorados e radicais do Paraguai – vem sendo estimulado por um cenário externo onde esses golpes “legais” vem se tornando uma prática corrente. Esses golpes “cozidos” convivem com os “crus”, como se viu recentemente na Costa do Marfim e na Líbia.
Por Flávio Aguiar, em Carta Maior
Três interesses convergiram para a derrota de Lugo: os interesses das transnacionais do agronegócio e do setor financeiro; da oligarquia dona de terras, aliada ao capital transnacional e dos partidos políticos de direita. Todos apadrinhados pelos Estados Unidos da América.
Por Idilio Méndez Grimaldi*, no La Jornada