Desculpem o lugar comum, mas só lembro Neruda. “Esta noite poderia escrever os versos mais tristes”,; e meu bardo nativo, Gonçalves Dias: “Não chore meu filho, que a vida é luta renhida, viver é lutar. A vida é combate, que se os fracos abate, aos fortes, aos bravos, só pode exaltar.”
Mais uma data pátria a não comemorar.
Por Mary Castro*
O juiz Carlos Alberto Simões de Tomaz, da 17ª Vara da Justiça Federal em Minas Gerais, protestou contra o golpe dado contra a presidenta eleita Dilma Rousseff. Ao expedir o alvará de soltura do camelô José Cleuto de Oliveira Almeida, o magistrado afirma que enquanto o réu está trabalhando, “os bandidos deste País, que deveriam estar presos, estão soltos dando golpe na Democracia”.
O governo ilegítimo de Michel Temer mal começou e já registra baixas e desavenças na base aliada. O PSDB, DEM e PPS decidiram que vão acionar o Supremo Tribunal Federal (STF) contra a manutenção dos direitos políticos de Dilma. Na quinta-feira (1º), os três partidos haviam desistido da ação no Supremo porque teriam sido alertados pelos advogados de que a ação abriria espaço para que todo o processo do impeachment fosse questionado.
Depois de três dias seguidos de repressão policial aos protestos contrários ao impeachment da presidenta eleita Dilma Rousseff, o governo de Geraldo Alckmin (PSDB), em São Paulo, decidiu agora proibir que ocorram manifestações na avenida Paulista, no próximo domingo (4). Na data, dois atos já estavam programados.
A Associação Latino-Americana de Juízes do Trabalho (ALJT) emitiu nota, nesta quinta (1), na qual condena o impeachment de Dilma Rousseff. A entidade classifica o episódio como um "golpe parlamentar" e afirma que é "estarrecedor" que a presidenta eleita tenha sido afastada sem a existência de crime de responsabilidade.
Sem demonstrar surpresa com o resultado da votação desta quarta (31) no Senado, o ex-secretário de Direitos Humanos de Fernando Henrique Cardoso, Paulo Sérgio Pinheiro, definiu o desfecho do processo de impeachment como “um desastre para o Brasil”.
Sem demonstrar surpresa com o resultado da votação desta quarta (31) no Senado, o ex-secretário de Direitos Humanos de Fernando Henrique Cardoso, Paulo Sérgio Pinheiro, definiu o desfecho do processo de impeachment como “um desastre para o Brasil”.
O golpe não é apenas parlamentar, mas uma articulação entre as elites econômicas e políticas mais atrasadas do Brasil, um verdadeiro golpe de classe contra os interesses dos trabalhadores e das minorias. A participação de setores da mídia e do judiciário ajudou a criar a narrativa de que era democrático e necessário.
Por Ana Luíza Matos de Oliveira, Guilherme Mello e Pedro Rossi*
A bancada do PT na Câmara publicou nota oficial analisando o resultado da sessão de julgamento do impeachment de Dilma Rousseff. Além de manifestar “profunda indignação” com o afastamento definitivo do cargo da presidenta eleita por 54 milhões de votos dos eleitores brasileiros, os deputados petistas denuncia que o golpe busca implementar o programa derrotado nas urnas em 2014, que se baseia na retirada de direitos trabalhistas e a destruição da proteção social.
A maior prova de que a presidenta eleita Dilma Rousseff é inocente e não cometeu crime de responsabilidade é, segundo o senador Paulo Paim (PT-RS), o fato de o Plenário do Senado ter cassado o mandato dela e mantido seus direitos políticos.
"A confirmação do golpe, com a anuência vergonhosa de 61 senadores, rasga a Constituição Brasileira, cassa o voto de 54,5 milhões de brasileiros e fere de morte a democracia". A avaliação é do deputado Chico Lopes (PCdoB-CE), que denunciou desde o começo do processo os reais motivos do golpe e os verdadeiros interesses de quem desejava tomar o poder, sem passar pelo voto popular.
Diferentemente da comemoração da imprensa brasileira após a destituição da presidenta eleita Dilma Rousseff, a repercussão do caso na mídia internacional, com um processo de impeachment fraudulento, foi retratado com prudência e a avaliação é que tal como foi conduzido, haverá imensos prejuízos às instituições brasileiras e à legitimidade democrática no país, o que pode refletir inclusive na América Latina. Foi o que opinião o El Pais em seu editorial sobre o título "Golpe baixo no Brasil".