A sessão final do processo de impeachment da presidenta Dilma Rousseff ocorre nesta quarta-feira (31), no Senado, a partir das 11h, e o seu resultado deve ser conhecido ainda no início da tarde. Hoje acontece uma das votações mais importantes da história política do país. Para a presidenta eleita (por mais de 54 milhões de brasileiros) ser retirada do cargo, basta que 54 senadores, no mínimo, decidam. Caso isso ocorra, assume a Presidência Michel Temer. Do contrário, Dilma retorna ao cargo.
Um vídeo com o pronunciamento da deputada estadual Manuela D'Ávila (PCdoB-RS) dizendo que viveu em Brasília e reconhece o Congresso Nacional como machista e conservador, ganhou notoriedade nas redes sociais pelas palavras esclarecedoras e corajosas da deputada. Ela explica que "o conjunto da obra" do governo Dilma representa "a resistência à crise econômica mundial que desde 2008 assola o mundo sem tirar direitos dos trabalhadores" no Brasil. "Este é o conjunto da obra de Dilma e que nosso campo representa", afirma no vídeo em que também elogia a presença da presidenta no Senado.
A bancada da minoria parlamentar no Senado protocolaram representações no Ministério Público Federal e no Conselho Nacional do Ministério Público contra o procurador Júlio Marcelo de Oliveira e o auditor Antônio Carlos Costa D’ávila. Depoentes da acusação durante a sessão de impeachment, eles são acusados pelos senadores de descumprimento das atribuições funcionais, prevaricação e falso testemunho.
Senadores pró-impeachment dizem que têm entre 60 e 62 apoios; contrários ao afastamento acham que base de Temer não tem ainda os 54 votos necessários.
“Uma grande armação, uma farsa”. Assim o economista Paulo Kliass classificou o processo de impeachment de Dilma Rousseff. Para ele, sem motivos que justifiquem o afastamento, a oposição à presidenta age de forma casuística, em uma tentativa de criminalizar a política fiscal do governo. “É golpe porque você tem toda a formalidade, o rito, mas o objeto fundamental do impeachment, que é o crime de responsabilidade, não existe. É como condenar alguém por homicídio quando ninguém morreu”, afirmou.
A sessão de julgamento da presidenta eleita Dilma Rousseff foi reaberta, no início da tarde, após a apresentação dos advogados de acusação e defesa, com os discursos dos senadores. O senador Roberto Requião (PMDB-PR), ao se pronunciar, citou Tancredo Neves quando ele xingou Moura Andrade, que declarou vaga a Presidência com Jango ainda em território nacional, consumando o golpe de 1964: “Canalha! Canalha! Canalha!”.
O advogado de defesa, José Eduardo Cardozo, afirmou que a presidenta eleita, Dilma Rousseff, está sendo julgada por ter vencido as eleições. De acordo com ele, o impeachment foi aberto por vingança do ex-presidente da Câmara, o deputado afastado Eduardo Cunha (PMDB-RJ). Assista à íntegra da defesa.
O senador Roberto Requião fez um discurso eloquente, em sessão nesta terça-feira (30), no Senado. "Canalha, canalha”, disse Requião, ao recordar as palavras utilizadas por Tancredo em referência à cumplicidade do então presidente do Senado, Mauro Andrade que declarou vaga à Presidência, derrubando o presidente João Goulart, em 1964. Requião citou ainda as medidas" massacrantes" de Temer e contou que Anastasia, enquanto governador de Minas, cometeu o mesmo "crime" que acusa Dilma.
Após a fala dos advogados de acusação – Janaína Pascoal e Miguel Reale Júnior – na sessão de julgamento do impeachment da presidenta eleita Dilma Rousseff, nesta terça-feira (30), no Senado, a senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR) fez um discurso para manifestar surpresa com a falta de argumentos jurídicos e técnicos.
Em um longo e emocionado discurso, o advogado José Eduardo Cardoso, apresentou a tese de defesa da presidenta Dilma Rousseff, na sessão de julgamento do impeachment nesta terça-feira (30). Ele lembrou que está é a segunda vez que ela é julgada: a primeira vez pela ditadura e agora, no regime democrático. E apelou aos senadores que a absolvessem para que no futuro não tivessem novamente que lhe pedir desculpas. “Votem, por favor, pela justiça e pela democracia.”
Os advogados de acusações foram os primeiros a falar na sessão que prossegue, nesta terça-feira (30), para julgar o golpe contra a presidenta eleita Dilma Rousseff. Após a fala dos dois advogados, houve um início de tumulto após o senador tucano, Aloysio Nunes (SP), pedindo ao presidente da sessão, ministro Ricardo Lewandowsi , para que a mandasse a polícia legislativa retirar do plenário o deputado José Guimarães (PT-CE).
Dilma, no Senado, escancarou a inexistência de motivos reais para condená-la, exceto o assalto ao poder para destruir a proteção da sociedade contra o mercado.
Por Saul Leblon*, na Carta Maior