O afastamento de Dilma Rousseff da Presidência da República, embora temporário, representa a vitória daqueles que se deixaram guiar pela sanha golpista. O golpe, que no início parecia somente figura de retórica, revelou-se em sua plenitude: evidente, tangível, palpável. Vivemos, hoje, o maior ataque à democracia brasileira desde a ditadura civil-militar de 1964. Um golpe parlamentar, midiático e empresarial, desferido neste 12 de maio, um dia que não deveria ter existido.
Por Paulo Teixeira*
Foi consumado pelo Senado na madrugada desta quinta-feira, 12 de maio de 2016, o golpe de Estado travestido de impeachment que afastou Dilma Rousseff da Presidência da República, colocando no cargo o vice conspirador Michel Temer.
Por Adilson Araújo*
O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Ricardo Lewandowski assumiu o processo de impeachment da presidenta Dilma Rousseff. O presidente do Supremo esteve com o presidente do Senado, Renan Calheirosna tarde desta quinta-feira (12) para assinar a transmissão do processo.
O ministro aposentado do Supremo Tribunal Federal Joaquim Barbosa criticou nesta quinta (12) a tramitação do processo de impeachment da presidenta Dilma Rousseff. Para ele, as decisões sobre o afastamento foram tomadas sem levar a em consideração a opinião da população. Barbosa disse acreditar que a destituição de Dilma esteja servindo a interesses espúrios. "Eles querem tomar o poder a qualquer custo para continuar nas práticas ilícitas. É isso que está em jogo".
O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) classificou a decisão do Senado de prosseguir com o impeachment como um "golpe institucional e anti-democrático, que desrespeitou a vontade de 54 milhões de eleitores". Segundo o MST, à frente do governo, Michel Temer – "um vice usurpador" – aplicará um programa recessivo e neoliberal, que acentuará a crise e ampliará a instabilidade política. A entidade avisa que permanecerá mobilizada "em defesa da democracia e dos direitos sociais".
A senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR) disse acreditar que, com o tempo maior da próxima etapa de análise do processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff, será possível aprofundar o debate e demonstrar que não houve crime de responsabilidade.
“O calor e a energia que vocês passam para mim eu tenho momento de alegria nessa hora trágica”, discursou a presidenta Dilma aos manifestantes, com quem se encontrou após a declaração à imprensa no Palácio do Planalto, na manhã desta quinta-feira (12). Em meio a aplausos, apertos de mão, beijos e palavras de ordem de “Dilma, guerreira do povo brasileiro”, Dilma repetiu que não cometeu crime de responsabilidade e portanto está sendo vítima de injustiça.
A aprovação do pedido de impeachment da presidenta Dilma Rousseff pelo Senado na madrugada desta quinta-feira (12) também foi alvo de análise dos jornais internacionais, que citaram os votos recebidos por ela na eleição e falando também dos problemas que o país enfrenta atualmente, além dos comentários relacionados à composição do governo interino do vice-presidente Michel Temer.
“Não existe injustiça mais devastadora do que condenar um inocente”, declarou a presidenta Dilma Rousseff, na manhã desta quinta-feira (12), após receber a notificação do seu afastamento temporário do cargo de Presidenta da República, enviado pelo Senado. “Diante da decisão do Senado, eu quero esclarecer os fatos e denunciar os riscos de um impeachment fraudulento, um verdadeiro golpe”, afirmou.
A senadora Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM), que se posicionou contra a admissibilidade do impeachment da presidente Dilma Rousseff, disse que seu partido fará oposição ao governo que suceder a presidente Dilma Rousseff. Segundo ela, o documento “Ponte para o Futuro”, lançado pelo vice-presidente Michel Temer em 2015, aplica “a velha política neoliberal, que privilegia o capital em detrimento das pessoas”.
O senador Armando Monteiro (PTB-PE), que exerceu até 10 de maio o cargo de ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, classificou o impeachment de Dilma Rousseff como abertura de "gravíssimo precedente" de ruptura na ordem institucional do país. Ele rejeitou as acusações de crime de responsabilidade e frisou que Dilma é submetida a um juízo eminemente político, permitido por uma legislação inadequada às circunstâncias de hoje.
O senador Randolfe Rodrigues (Rede Sustentabilidade) votou contra a admissibilidade do impeachment da presidenta Dilma Rousseff nesta quarta-feira (11). O parlamentar defendeu o impeachment do vice-presidente Michel Temer. “A aferição nas ruas indica que o povo pode não querer Dilma mas muito menos quer a posse de Michel Temer”. Randolfe afimou que a solução para a crise é a realização de novas eleições.