Líderes indígenas da etnia Guarani Kaiowá e Ñadeva pediram nesta segunda-feira (29) à Procuradoria-Geral da República (PGR) mais segurança e urgência no processo de demarcação de suas terras em Mato Grosso do Sul. Eles se reuniram com a vice-procuradora-geral da República, Deborah Duprat.
A Organização Nacional Indígena da Colômbia (Onic) revelou nesta segunda-feira (29) que cerca de 11 mil nativos sofreram deslocamento forçado de suas regiões de origem nos primeiros nove meses de 2012. Pelo menos 78 foram mortos e 47 ameaçados, apenas nesse período. A maior parte dos atos de violência foi atribuída a grupos insurgentes e forças de segurança.
“Estamos sendo encurralados, prejudicados, massacrados através dos jornais e das decisões dos juízes”, afirma Ládio Veron em depoimento. Ládio viajou a São Paulo para aumentar a rede de solidariedade aos Guarani-kaiowás. Ele reforçou que a luta do seu povo não é somente contra os despejos, mas pela demarcação definitiva das terras indígenas. Segundo ele , há 49 aldeias prontas para serem reconhecidas como terra indígena, mas foram embargadas pelo Supremo Tribunal Federal (STF).
O então presidente do STF, Gilmar Mendes, deferiu liminar, em dezembro de 2009, suspendendo decreto presidencial que declarava a área de posse dos indígenas, que tentam retomar parte de seu território e vivem sob ameaça de fazendeiros da região.
O ato público ‘Somos Todos Guarani-Kaiowá’, que acontece nesse sábado (27), a partir de 10 horas, no centro de Fortaleza (CE), fará a defesa das comunidades indígenas ameaçadas constantemente de expulsão de suas terras e abaladas pela especulação do grande capital. No Ceará, há conflitos nas terras das comunidades Tapeba (Caucaia), Jenipapo-Kanindé (Aquiraz), Anacé (Pecém) e Pitaguari (Pacatuba).
O Centro de Monitoramento de Agrocombustíveis (CMA) da ONG Repórter Brasil lançou nesta quarta-feira (24) o relatório "Em terras alheias – a produção de soja e cana em áreas Guarani no Mato Grosso do Sul".
A Fundação Nacional do Índio (Funai) reconheceu nesta quinta-feira (25), em nota à imprensa, "a luta dos povos guarani e caiowá, no Mato Grosso do Sul, por suas terras tradicionais". A Funai disse ainda que "a determinação da comunidade de Pyelito Kue de não sair do local que considera seu território ancestral é uma decisão legítima."
Uma carta divulgada amplamente nas redes sociais trouxe à tona a luta do povo Guarani-Kaiowá para se manter em sua terra, na fronteira do Estado do Mato Grosso do Sul com o Paraguai. Diante de uma decisão da Justiça no estado, que determina a saída dos indígenas, eles prometem resistir. Para entender esse e outros conflitos indígenas acontecerá na Faculdade de Ciências Sociais e Filosofia da Universidade de São Paulo (USP), o debate "O Luto e a Luta dos Povos Indígenas", na quarta-feira (31).
O Conselho Indigenista Missionário (Cimi) emitiu nota para esclarecer o que está sendo disseminado nas redes sociais como "suicídio coletivo" dos índios Kaiowá e Guarani. Na verdade, a carta divulgada por eles fala em morte coletiva, já que decidiram ficar na terra e resistir à desapropriação autorizada pela Justiça Federal de Navirai, no Mato Grosso do Sul. Leia a íntegra da nota abaixo.
Sol de rachar logo após o meio dia. A Esplanada dos Ministérios amanheceu com cinco mil cruzes plantadas no coração do poder. Cinco mil vidas indígenas ceifadas, simbolizando o genocídio em curso e as décadas e séculos de decretos de extermínio e mortes planejadas. Cenário tétrico, que deveria comover os responsáveis pelos três poderes, em última instância pelo silencioso e continuado genocídio do povo Kaiowá-Guarani do Mato Grosso do Sul.
Por Egon Dionísio Heck*
"Pedimos ao Governo e à Justiça Federal para não decretar a ordem de despejo/expulsão, mas decretar nossa morte coletiva e enterrar nós todos aqui. Pedimos, de uma vez por todas, para decretar nossa extinção/dizimação total, além de enviar vários tratores para cavar um grande buraco para jogar e enterrar nossos corpos. Este é o nosso pedido aos juízes federais".
Por Eliane Brum, na Época
Índios guarani-kaiowá da aldeia Passo Piraju, próxima a Dourados (MS),estão decididos a se matar caso seja cumprida a ordem de despejo que receberam em 8 de outubro. A Comissão de Direitos Humanos e Minorias (CDHM) da Câmara dos Deputados entrou em contato sexta-feira (19) com o governo federal para alertar que há risco de o suicídio coletivo ocorrer.