O encantamento pela palavra coexiste com o aparecimento do ser humano. Com as narrativas orais, diferentes visões de mundo foram constituindo-se. Nessas, os conflitos humanos, sociais e a busca de explicações para os fenômenos, até então considerados inexplicáveis, abasteciam pelo viés do imaginário as interrogações da humanidade.
Por Aparecida Brandão*
Era ainda a lua minguando quando as cabeceiras do rio pariram a enchente. O rio assombrava. Depois que se foram as águas marrons que falavam alto, as águas brutas que assustavam os viventes, ficou apenas a pele fina cobrindo a várzea, a calmaria da água assobiando baixo. Deixou aqueles medos das esperas que só conhecem os que se vão afogar.
Por Joan Edelsson*
No último dia 19, o autor pernambucano Manuel Bandeira, um dos maiores poetas brasileiros, completaria 125 anos. Sua obra, repleta de lirismo, continua causando eterno "alumbramento" em muitos leitores. Ao tornar sublime aquilo que se esconde na simplicidade, nas pequenas coisas corriqueiras da vida, Bandeira fez poesia não só para os cultos, não só para o seu tempo.
Em um ano perdido no início da década de 1950 a jornalista Cecília Meireles (1901-1964) foi enviada a Ouro Preto (MG) para fazer uma reportagem sobre a Semana Santa. Não era a primeira vez que ia à velha cidade colonial, mas desta vez a poetisa falou mais alto.
Por José Carlos Ruy
Volta e meia me pergunto se as inscrições que vejo em muros, pichadas ou em cartazes são mesmo aquilo que estou vendo. Há coisas do arco da velha. Quando são de lojas ou anúncios de porcarias, tudo bem. Mas, quando são mensagens políticas, de mobilização popular por alguma causa justa, não dá para aceitar.
Por Jaime Sautchuk*
No último dia 12, Paulo Nunes Batista, cordelista, advogado e jornalista, paraibano, nascido em agosto de 1924 e radicado em Goiás, foi homenageado em Brasília pela Biblioteca Demonstrativa de Brasília. Batista, é um dos pioneiros do cordel no Brasil e sua trajetória inclui de mais de 140 folhetos de cordéis e seis livros. Em sua homagem o Vermelho/CE publicada os versos de Arievaldo Viana, menbro da Academia Brasileira de Cordel.
Desde meados da década de 1960 que a Literatura de Cordel enfoca Roberto Carlos como um de seus personagens favoritos. Conheço dezenas de folhetos onde o rei aparece de forma engraçada e caricatural. Hoje, dia 19 de abril, data em que ele faz 70 anos, o Vermelho/CE reproduz trechos da "Carta do Satanás a Roberto Carlos", clássico do catálogo da editora Luzeiro, de São Paulo.
O cinquentenário da homologação do Parque Indígena do Xingu, em 14 de abril de 1961, é uma boa oportunidade para uma releitura (ou para a leitura…) de um dos maiores romances brasileiros: Quarup, de Antônio Callado, publicado em 1967 e cuja trama se desenvolve principalmente entre os povos que habitam o parque. O nome do romance lembra uma festa indígena em louvor aos mortos.
Por José Carlos Ruy
No próximo dia 19, completam-se 125 anos do nascimento do maior poeta brasileiro. Segundo Otto Maria Carpeaux, no livro ideal em que Bandeira realizaria a ordem da sua obra, ela partiria da “vida inteira que poderia ter sido e que não foi”, para outra vida que viera ficando “cada vez mais cheia de tudo”.
Por Urariano Mota*
De cima da ponte, Gersino viu o casario de um lado e de outro do rio. Não eram as mesmas casas de quando fora menino. As casas de massapê deram lugar a outras, de alvenaria; inda que mais resistentes, desiguais, não tinham em conta a calma da água escura do rio. Os tijolos à mostra, as telhas de beiras pontiagudas, as calçadas fora do alinhamento, tudo parecia agredir a indolência do rio.