A dor de quem tem um parente desaparecido parece eterna. É o caso de Deni Peres, que não sabe o paradeiro do irmão Luiz Renato Pires, o único brasileiro que desapareceu na Bolívia, vítima da Operação Condor, ação conjunta entre seis países sul-americanos, inclusive o Brasil, contra opositores às ditaduras militares, no fim da década de 1970.
Deposto pelo golpe militar em 1964, o ex-presidente João Goulart, o Jango, exilou-se com a família no Uruguai e, depois, na Argentina. No entanto, mesmo depois de retirado da Presidência da República, continuou sendo alvo do regime militar.
O olhar triste, a voz embargada e as mãos trêmulas são marcas do sofrimento de Maria Rita Apolinário, ao falar do irmão desaparecido João Batista Rita há 39 anos, vítima da Operação Condor, ação que reuniu seis países sul-americanos, inclusive o Brasil, com o intuito de reprimir os opositores às ditaduras militares.
Em entrevista transmitida nesta terça-feira pela TV Brasil, o jornalista Luiz Cláudio Cunha conta como nasceu a operação Condor e suas origens na guerra de libertação da Argélia. Durante a conversa, Cunha relata como se deu a constiuição e implementação da da doutrina de Segurança Nacional.
Chefiados por ditaduras militares, o Paraguai, Uruguai, a Argentina, o Chile, a Bolívia e o Brasil, uniram-se para reprimir os opositores ao regime que vigorava nesses países, ação que ficou conhecida como Operação Condor.
O Rep´rter Brasil, programa da TV Brasil, exibe reportagens sobre Operação Condor, aliança político-militar entre vários países da América do Sul para coordenar repressão a opositores das ditaduras e eliminar líderes de esquerda. Brasil é o criador da operação que cometeu torturas e assassinatos.
Quando se fala da Operação Condor, a maioria somente pensa nos países da América do Sul. Pesquisador mostra que, entre os propósitos supremos que originaram o plano macabro aparece, de maneira explícita, enfrentar a influência de Cuba no hemisfério e apoiar internacionalmente os terroristas cubanos em suas operações contra Cuba.
Por Elías Argudin Sánchez*, na Carta Maior
Na primeira semana de setembro, os membros da Comissão Nacional da Verdade (CNV), instalada em março deste ano para apurar violações aos direitos humanos ocorridas entre 1946 e 1988, com destaque para o período da ditadura militar (1964-1985), participaram de um seminário em Brasília para debater e conhecer melhor as experiências de outras comissões da verdade nas Américas.
Resolução publicada no Diário Oficial da União, desta terça-feira (25), oficializa o início dos trabahos de investigação da Comissão Nacional da Verdade sobre as ações da Operação Condor, aliança formada em 1975 entre governos militares do Brasil, Argentina, Paraguai, Uruguai, Chile e Bolívia, que tinha o objetivo de reprimir e prender grupos comunistas que se opunham às ditaduras nesses países.
A Comissão Nacional da Verdade (CNV) vai investigar as atividades da chamada Operação Condor, aliança que teria sido estabelecida formalmente, em 1975, entre as ditaduras militares do Brasil, da Argentina, do Chile, Paraguai, Uruguai e da Bolívia para vigiar e até eliminar opositores. Para tanto, a CNV formalizou, na segunda-feira (17), a criação de um grupo de trabalho (GT) específico para tratar da questão.
O representante legal de dois diplomatas cubanos assassinados pela ditadura argentina em 1976, José Luis Méndez, explicou os vínculos da Agência Central de inteligência dos Estados Unidos (CIA) com o desaparecimento dos funcionários.
“A tortura é eficaz, a maioria das pessoas não aguenta e fala. Depois, da maioria dos casos, nós os matávamos. Por acaso isso me colocou problemas de consciência? Não, a verdade é que não”. O autor dessa “confissão” é uma peça-chave da estratégia repressiva de prisões, torturas e desaparecimentos aplicada no sul da América Latina a partir dos anos 70.