A escadaria da Catedral da Sé, no centro da capital paulista, foi ocupada nesta terça-feira (2) por um grupo de manifestantes. Eles lembraram os 20 anos do Massacre do Carandiru. Segundo a Polícia Militar, cerca de 80 pessoas participaram do ato, organizado pela Rede 2 de Outubro com a participação da Pastoral Carcerária e do movimento Mães de Maio.
Confrontos envolvendo a Polícia Militar (PM) de São Paulo provocaram a morte de 229 pessoas só no primeiro semestre deste ano. Os dados são da Ouvidoria da Polícia do Estado de São Paulo. Segundo o ouvidor, Luiz Gonzaga Dantas, o número representa crescimento até então, já que em 2011 438 pessoas morreram em confrontos com a polícia durante todo o ano.
Nos bairros “nobres”, arrastões e policiamento reforçado. Nas periferias carentes, mortes, clima de medo e abusos policiais. Este é o cenário que domina a cidade e o estado de São Paulo na atualidade. A milionária propaganda tucana sobre os avanços na segurança pública, que insinuava um paraíso na terra, foi para o ralo.
Por Altamiro Borges, em seu blog
Movimentos sociais que formam a Rede Dois de Outubro estiveram presentes no Fórum pelo Fim dos Massacres, realizado em São Paulo, com o objetivo de fomentar o resgate da memória do Massacre do Carandiru, que em 2012 completa 20 anos. Em entrevista, o Padre Valdir, da Pastoral Carcerária, e Carol Catini, da Rede Extremo Sul apontam os desdobramentos atuais da violência em São Paulo.
Deixou ontem a prisão um dos matadores mais conhecidos do país, depois de cumprir 27 anos de prisão. Cabo Bruno, como ficou conhecido o ex-PM Florisvaldo de Oliveira, 53, foi condenado a 120 anos em sete processos diferentes. Apesar de ser suspeito de envolvimento em mais de 50 assassinatos na década de 1980, nem a Promotoria, o Tribunal de Justiça ou sua defesa sabem ao certo quantas mortes foram incluídas nas condenações sofridas na Justiça.
A organização não governamental (ONG) Rio de Paz promove ato público nesta manhã em frente à Avenida Princesa Isabel, em Copacabana, na zona sul do Rio de Janeiro. O objetivo é protestar contra a mortes de pessoas inocentes, especialmente de crianças, em operações policiais nas favelas do Rio.
Em meio à escalada da violência registrada nos últimos meses, o Ministério Público Federal em São Paulo anunciou na quinta-feira 27 que pretende pedir à Justiça a saída do comando da Polícia Militar no estado. Segundo a Procuradoria, a cúpula pda polícia erdeu o controle sobre a tropa.
No final do mês de maio, o Conselho de Direitos Humanos da ONU sugeriu a pura e simples extinção da Polícia Militar no Brasil. Para vários membros do conselho (como Dinamarca, Espanha e Coreia do Sul), estava claro que a própria existência de uma polícia militar era uma aberração só explicável pela dificuldade crônica do Brasil de livrar-se das amarras institucionais produzidas pela ditadura.
Movimentos sociais se reuniram no vão do MASP para denunciar e protestar contra as mortes da população negra e pobre. Desde o começo de junho, aumentam as ocorrências. Os denunciantes apontam a "guerra" entre polícia militar e crime organizado e reclamam da falta de confiança na PM e da falta de seriedade com o tema dos meios de comunicação tradicionais.
A história de maio de 2006 passará a ser reeditada a partir de julho deste ano para uma parcela da sociedade. Há pouco mais de seis anos, familiares e amigos perderam pessoas queridas, vítimas de homicídios possivelmente praticados por PMs em resposta à onda de ataques do Primeiro Comando da Capital (PCC) no Estado. Na terça-feira (3), a perícia confirmou que havia um projétil nos restos mortais do gari Edson Rogério Silva dos Santos, 29 anos, morto nos conflitos.
A Polícia Militar brasileira conseguiu a façanha de aumentar, ainda mais, sua péssima fama internacional. Reflexo da extrema violência praticada contra a população, pelas práticas de corrupção e de execuções extrajudiciais e por policiais envolvidos em grupos de extermínio e milícias.
Estudantes da Universidade Federal da Integração Latino-Americana (Unila) denunciaram nesta segunda-feira (11) que um grupo de policiais militares (PM) invadiu, durante a madrugada de hoje, a Moradia 1 dos estudantes sob o pretexto de atender a uma reclamação de vizinhos por "perturbação do sossego". No entanto, não há vizinhos no entorno da moradia e, segundo a própria PM, não houve a constatação de "perturbação do sossego".