A professora Luciana, que prefere ter o sobrenome em sigilo, do Comitê de Mães e Pais em Luta, fala sobre o dossiê preparado pelo grupo, com relatos dos casos de violência sofridos por estudantes secundaristas que participam das ocupações de escolas em protesto contra a PEC 241 e a reforma do ensino médio proposta pelo governo federal.
Na última quinta-feira (27) por volta das nove horas da manhã, estudantes secundaristas que ocupam a escola estadual CEM Dona Filomena do município de Miracema do Tocantins (TO) foram abordados de forma arbitrária e fascista pela polícia militar e pelo promotor de justiça da vara da infância do estado.
A Justiça paulista determinou na última quarta-feira (19) que a Polícia Militar (PM) do estado deverá rever suas ações em protestos de rua e deixar de usar armas de fogo, balas de borracha e gás lacrimogêneo contra cidadãos que estiverem exercendo seu livre direito à manifestação.
Jornalistas da Ponte Jornalismo cobriam protesto dos estudantes secundaristas contra a PEC 241, que limita o teto dos gastos públicos, quando foram abordados pelos policiais junto com um grupo de manifestantes.
A desmilitarização da Polícia Militar é uma pauta antiga no movimento estudantil. Herança da ditadura militar, a PM tem deixado um rastro de sangue e terror por onde passa. São inúmeros os casos de violência policial contra estudantes, professores, jornalistas e, principalmente, a juventude negra da periferia de todo o Brasil.
Estudantes secundaristas que acamparam, desde a madrugada desta terça-feira (14), na entrada da Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp), para acompanhar o depoimento à CPI da Merenda do presidente da Alesp, Fernando Capez (PSDB), foram atacados pela PM e barrados com violência pelos correligionários de Capez. Ele é acusado de integrar o esquema de desvio de recursos de contratos para fornecimento de refeições aos alunos da rede pública estadual.
Valendo-se de uma interpretação do artigo 1210, parágrafo 1º do Código Civil, que trata do uso de força própria para manutenção ou restituição em casos de interferência da posse, o Governo do Estado de São Paulo tem utilizado de forma deliberada a Polícia Militar para reintegrar a posse de imóveis ocupados sem decisão judicial.
O coronel da reserva da PM Pedro Chavarry Duarte, de 62 anos, estava, no sábado (10), dentro de um carro no estacionamento de uma lanchonete no bairro de Ramos, na zona norte do Rio, quando ouviu as sirenes de uma viatura se aproximarem. Tentou fugir, pois no interior do veiculo havia uma menina de dois anos nua, confirmando a denuncia anônima que os agentes tinham recebido.
Há quase cinquenta anos, grande crítico Antônio Cândido apoiava-se em Kafka, Dostoievski e no cinema para dizer: instituição policial “já não tem necessidade de motivos, mas apenas de estímulos”…
A luta em defesa da democracia encontra mais cada vez mais adeptos e sofre retalhações. Neste domingo (4), a Polícia Militar do estado de São Paulo, ordenada pelo governador Geraldo Alckmin (PSDB-SP), promoveu a prisão de 26 jovens de forma arbitrária e lançou bombas em manifestantes, jornalistas e transeuntes sem nenhum motivo que justificasse a ação truculenta. A episódio ocorreu durante a manifestação contra o golpe ocorrida na capital apaulista que contou com mais de 100 mil pessoas.
Bombas e gás de pimenta lançados pela Polícia Militar dispersaram novamente nesta quinta-feira (1º/9) manifestação na capital paulista que pedia a saída do presidente da República, Michel Temer, e protestava contra a perda de direitos sociais. Desde o início da semana, em São Paulo, ao menos três manifestações contra o impeachment da ex-presidenta Dilma Rousseff e a posse de Michel Temer como presidente terminaram com ação truculenta e intolerante da polícia paulista.
Policiais militares da base policial da praça Roosevelt, região central de São Paulo, reprimiram manifestação de estudantes contra o projeto Escola sem Partido antes mesmo de o ato ser iniciado e detiveram três adolescentes sob acusação de desacato, por eles estarem cantando palavras pelo fim da PM. Os jovens, dois homens e uma mulher, não tiveram os nomes revelados.