Kátia Maia, diretora executiva da organização não governamental Oxfam-Brasil, fala sobre o aumento da violência contra ativistas na América Latina.
A primeira semana de agosto no Congresso – com o reinício dos trabalhos legislativos – foi marcada por discussões importante para a agricultura familiar com a realização de audiência pública na Comissão de Direitos Humanos (CDH) da Câmara sobre a violência no campo. Os debates apontaram a impunidade como a causa dos conflitos no campo, o que há muitos anos vem sendo denunciado pelos movimentos sociais.
A Comissão Pastoral da Terra (CPT) divulgou nota pública para denunciar os crimes de morte no campo. “O fim do mundo para o povo excluído começou faz tempo. A execução de camponeses e indígenas nesse país é coisa comum”, diz o texto. E analisa que “quando a estrutura política, econômica e jurídica do país se move ao redor dos interesses de uma minoria burguesa, elitista e racista contra os interesses das maiorias negras e pobres, autoriza também o terror no campo e na cidade.”
Este ano completa-se 20 anos do Massacre de Eldorado dos Carajás, onde 19 trabalhadoras e trabalhadores Sem Terra foram assassinados em sua luta por reforma agrária. O caso ocorreu em 17 de abril de 1996 e, desde então, a Via Campesina instituiu esta data como Dia Internacional de Lutas Camponesas. E é nesse marco de memória e resistência, que organiza a Conferência Internacional de Reforma Agrária, que busca atualizar o debate sobre esta temática junto a seus membros e aliados.
O relatório final da Comissão Camponesa da Verdade, transformado em livro, revelou as brutalidades que as pessoas do campo sofreram durante a ditadura militar, com 1.196 camponeses mortos ou desaparecidos no período. O estudo da Comissão, que é composta por movimentos sociais, pesquisadores e organizações ligadas a terra, complementa o trabalho da Comissão Nacional da Verdade. O livro foi lançado na última quinta-feira (17) em reunião da Comissão de Direitos Humanos (CDH) do Senado.
O deputado Luiz Couto (PT-PB) ocupou a tribuna da Câmara, nesta quarta-feira (3), para defender a construção de uma cultura de paz no campo e de não violência. De acordo com ele, a violência no campo tem aterrorizado trabalhadores, estudantes e famílias que vivem nas regiões rurais do País. Na avaliação dele, as heranças do regime ditatorial que ainda permanecem impedem a redução dos conflitos no campo.
O presidente da Comissão de Direitos Humanos Câmara, deputado Paulo Pimenta (PT-RS), chegou nesta quarta-feira (20) à terra indígena Taquara, local onde os Guarani e Kaiowá foram atacados no último final de semana pelos proprietários da fazenda Brasília do Sul, no município de Juti (MS). Os indígenas relataram as violações ao parlamentar e a servidores da Funai e do Ministério Público Federal.
A Comissão Pastoral da Terra (CPT) divulgou nota pública para denunciar a grave situação por que passam as famílias dos trabalhadores em Anapu, no Pará. Dez anos após o assassinato de Irmã Dorothy Stang, a perseguição às famílias tem atingido índices alarmantes, com assassinatos, ameaças, agressões e destruição de bens.
Um ataque iniciado na madrugada do último sábado (19), contra a comunidade do Tekoha Potrero Guasu, no Município de Paranhos, no Mato Grosso do Sul, deixou três indígenas Guarani Ñandeva feridos a tiros de arma de fogo. O cacique Elpídeo Pires foi alvejado na perna esquerda, Meterio Morales no braço e Celso Benites levou três tiros nas costas. O acampamento ficou completamente destruído.
Moradores da comunidade Patativa do Assaré no município de Extremoz, no Rio Grande do Norte, denunciaram que têm sofrido ameaças de um grupo que diz representar uma imobiliária. As ameaças são feitas por homens fortemente armados que utilizam tratores para derrubar as cercas de suas propriedades para colocar os terrenos à venda.
Em decorrência dos últimos casos de extrema violência em conflitos agrários no campo, que levaram à morte dois agricultores e um indígena recentemente, a Ouvidoria Agrária Nacional (OAN) realizou, na última sexta-feira (11) em Belém (PA), uma reunião da Comissão de Nacional de Combate à Violência no Campo.
Na quarta-feira (12), no dia em que milhares de mulheres de todo o país faziam a Marcha das Margaridas na capital federal, capangas a mando de latifundiários invadiram a casa da líder comunitária do Ramal da Portelinha, Maria das Dores Salvador Priante, no município de Iranbuda, no Amazonas, e a sequestraram e assassinaram com requintes de crueldade.