Jornalista do Vermelho lança ''Histórias que o dinheiro conta''

Livro escrito a partir da parceria entre os jornalistas André Cintra, do portal Vermelho, e Renato Torelli procura resgatar a história do dinheiro no Brasil. A publicação, lançada ontem em São Paulo

Dois jovens autores tiveram ontem (25) sua noite de estréia no mundo literário. A livraria Cultura do Conjunto Nacional, na capital paulista, recebeu cerca de 80 pessoas que foram prestigiar o lançamento do livro Histórias que o dinheiro conta, de André Cintra e Renato Torelli, da igualmente nova editora Lumus. "O público deste lançamento, sendo tão diverso e amplo, indica que o livro atende a vários interesses. Esperamos que a obra complemente estudos em áreas distintas, como História, Numismática, Comunicação Social, entre outras”, disse Cintra.

O projeto nasceu a partir da paixão de Renato Torelli pelo estudo das moedas. Economista formado pela USP conheceu André Cintra na faculdade Cásper Líbero, quando ambos resolveram enveredar pelos caminhos do jornalismo. "Gosto de dinheiro antigo desde pequeno e queria trabalhar em algo sobre o assunto. Quando estive na Coréia, em 2004, percebi que livros assim podiam ser bem atraentes. Já havia no Brasil vários museus enfocando o aprendizado que temos por meio de moedas, mas nunca tinham feito algo impresso para o público não-especializado”, explicou Torelli.

O dinheiro, em oito capítulos

O livro Histórias que o dinheiro conta traça, em 235 páginas, a trajetória de nosso dinheiro, e também do Brasil, a partir da observação dos elementos que constituem a nota ou a moeda. Um olhar mais acurado pode ser surpreendido pelo desenho de uma cédula, onde se escondem pequenas obras de arte. Mais do que uma importância monetária, o dinheiro transmite valores sociais e a história de uma nação, assumindo assim o caráter de instrumento de comunicação.

No prefácio, o historiador Sidney Ferreira Leite explica que “ao apresentar e analisar as ilustrações das moedas e das notas que estampam personagens como Afonso Pena, Barão do Rio Branco, Getúlio Vargas, Santos Dumont e temas da flora e da fauna nacionais, o livro proporciona um relato conciso da História brasileira”. Voltado para um público variado que pode ir do estudante ao numismata mais experiente, o livro procura, com uma linguagem simples e direta, despertar o interesse dos cidadãos “preocupados em compreender as vicissitudes e idiossincrasias que caracterizam a sociedade em que vivem”, nas palavras de Leite.

A partir da temática histórica, o livro desperta o interesse do leitor ao casar um belo projeto gráfico com curiosidades envolvendo o dinheiro nacional. Ao falar, por exemplo, da nota de 500 cruzeiros emitida nos anos 70, os autores explicam: “o regime militar, em especial, trabalha com a idéia de evolução e aperfeiçoamento. Dessa forma, a nota de 500 cruzeiros expõe um brasileiro em cinco representações seqüenciais”. E segue dizendo: ”de perfil na primeira efígie, o personagem termina a seqüência de frente, em primeiríssimo plano. É um processo de emancipação étnico-racial que, por sinal, nada tem a ver com o regime militar”.

Mais adiante, ao tratar da nota de 500 cruzados que circulou entre 1986 e 1990 e que trazia estampado o busto de Villa-Lobos, o livro levanta uma curiosidade que poucos sabem. Diz o livro: “A nota de 500 cruzados trazia uma frase de Villa-Lobos ‘Considero minhas obras como cartas que escrevi a posteridade (sic) sem esperar resposta’. Quem precisou dar uma resposta foi a Casa da Moeda, que esqueceu a crase na expressão ‘à posteridade’. Com a correção dessa falha, a segunda série das cédulas aperfeiçoou a homenagem”.

Depois de ter seu lançamento feito na Sociedade Numismática Brasileira (SNB), em março, e na livraria Cultura, os autores esperam que o livro seja incluído, ainda neste ano, no Programa Nacional Biblioteca da Escola, do Ministério da Educaçăo (MEC). "O evento superou as expectativas, o que nos deixou bem felizes. Agora é preciso trabalhar ainda mais para colocar o livro nas escolas”, disse Torelli.

De São Paulo,
Priscila Lobregatte