Messias Pontes: Nova Carta será decisiva

O presidente Lula está muito bem situado nas últimas pesquisas eleitorais, podendo até ser reeleito no primeiro turno, mas isto vai depender da Carta aos Brasileiros que ele deve apresentar tão logo tenha seu nome homologado na conven&c

 

As quatro últimas pesquisas de intenção de voto têm mostrado com muita clareza que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva vem num crescendo. Há oito meses ele seria derrotado pelo tucano José Serra tanto no primeiro como no segundo turno. Foi justamente no período em que a crise política atingiu o seu ápice e a maioria dos brasileiros não havia percebido que as denúncias da oposição conservadora (PSDB e PFL) e da grande mídia a serviço das elites contra o presidente Lula não tinham consistência.

 

Não se pode negar que grandes quadros do Partido dos Trabalhadores foram flagrados com desvio de conduta ética, o que ocasionou o afastamento da sua direção nacional. Homens da maior confiança do Presidente, como os ex-ministros José Dirceu e o "todo poderoso" Antonio Palocci foram afastados, o mesmo acontecendo com outras ilustres figuras no primeiro e segundo escalões. O apoio de Lula à Polícia Federal e ao Ministério Público fortaleceu a sua autoridade e lhe deu mais credibilidade.

 

Mas uma coisa está muito clara para a maioria dos brasileiros, notadamente os mais pobres: Lula é Lula e o PT é o PT. Lula é infinitamente maior que o PT e não cometeu nenhum desvio de conduta. Por isso que sua popularidade e a do seu governo começou a crescer a partir do início deste ano. Por mais que a oposição conservadora e a grande mídia tentem agora colar em Lula as trapalhadas de alguns petistas, não lograrão êxito. E disto estão conscientes.

 

O presidente Lula tem tudo para liquidar a fatura logo no primeiro turno, pois muitos fatores lhes são favoráveis: o eleitor de baixa renda que lhe derrotou três vezes, agora está ao seu lado, graças aos programas de distribuição de renda, como o Bolsa Família e o Fome Zero; a classe média que sempre lhe foi fiel e dele se afastou em função da manutenção da política macroeconômica herdada dos neoliberais e, sobretudo da malfadada reforma da Previdência com taxação de aposentados e pensionistas, tende a votar nele até por falta de opção. Lula deu um basta à privataria que tanto mal causou ao País e aos brasileiros, não entregando nenhuma empresa estatal estratégica; graças ao pesado investimento de R$ 63 bilhões nos últimos três anos, o Brasil atingiu a sua auto-suficiência em petróleo.

 

O PSDB inicia hoje, no rádio e TV, a sua propaganda partidária procurando tornar conhecido o seu candidato Geraldo Alckimin. É provável que o tucano apareça melhor posicionado na próxima pesquisa depois de sua exposição. Tudo vai depender da capacidade dos seus marqueteiros. Estes já sabem que partir para agressão é piorar a situação de Alckimin, pois Lula está igual a clara de ovo: quando mais batem, mais ele cresce. E é por isso mesmo que nenhum candidato a deputado federal ou estadual no Ceará bate mais em Lula no interior do estado.

 

Mas a garantia de reeleição no primeiro turno vai depender da Carta aos Brasileiros que ele deve apresentar tão logo tenha seu nome homologado na convenção partidária. A Carta apresentada em junho de 2002 garantindo o cumprimento de todos os contratos nocivos ao País deixados pelo Coisa Ruim seu antecessor, deve dar lugar a outra garantindo priorizar o desenvolvimento com valorização do trabalho. Isto é a garantia do retorno do eleitor da classe média e, consequentemente, da vitória em 1º de outubro.