ACM ameaça abandonar Alckmin na Bahia
A poucos dias do prazo final das convenções, o comando de campanha de Geraldo Alckmin (PSDB) à Presidência ainda enfrenta problemas na montagem dos palanques estaduais. Na Bahia, o PSDB registrou ontem a candidatura d
Publicado 27/06/2006 17:53
As relações entre PSDB e PFL estão prestes a azedar na Bahia, Estado em que a coligação parecia mais bem resolvida. Irritado com a decisão do tucanato baiano de lançar o vereador José Carlos Fernandes para o governo baiano, o senador Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA) ameaça: "Se eles querem prejudicar o Geraldo Alckmin, podemos até ajudar…"
"Se eles querem prejudicar o Geraldo Alckmin, podemos até ajudar. Se a direção nacional do PSDB, o meu amigo fraternal Tasso Jereissati e o próprio Alckmin ficarem de braços cruzados, nós também vamos cruzar os braços. E eles vão ter na Bahia uma derrota pior do que a do Ceará", disse ACM ao blog.
A menção ao Ceará, Estado de Jereissati, presidente nacional do PSDB não pingou dos lábios de ACM de graça. Assim como na terra de Jereissati, Lula prevalece sobre Alckmin na Bahia por larga margem de votos. As pesquisas atribuem ao candidato tucano percentuais que variam entre 15% e 17% das intenções de votos dos eleitores baianos. Lula oscila entre 55% e 60%.
O candidatura do vereador tucano José Fernandes é obra do grupo do deputado Jutahy Magalhães Jr. (BA), líder do PSDB na Câmara. Em âmbito nacional, Jutahy é um velho aliado de José Serra. Na Bahia, é tradicional adversário de ACM e do governador Paulo Souto (PFL), candidato à reeleição.
"Isso é fruto da descoordenação e da falta de coragem da direção do PSDB", afirmou ACM. "Acho que o Tasso e o Alckmin já deveriam já deveriam ter tomado providências mais sérias. Se eles deixam deteriorar, quem perde é o Alckmin. Eles precisam dizer que o Jutahy não vale nada para eles aqui na Bahia. Precisam declarar isso publicamente. O Alckmin já declarou apoio ao Paulo Souto. Mas para nós isso é muito pouco".
O movimento de Jutahy é uma resposta à articulação do grupo de ACM para arrastar o PSDB para uma coligação formal com o PFL baiano por meio de uma dissidência aberta pelo deputado estadual tucano João Almeida. O grupo de Jutahy argumenta que o acordo nacional não previa uma aliança formal no Estado. O tucanato baiano comprometera-se a não lançar um candidato contra Paulo Souto. Mas não assumira o compromisso da aliança formal no Estado.
Ironicamente, o truculento ACM —que recentemente pediu a volta da ditadura militar e tem usado a tribuna do Senado para arrotar impropérios grosseiros contra o governo e o presidente Lula— agora diz que Jutahy age movido pelo ódio. Um "ódio fingido, porque não tem motivos para isso", afirma o senador. "Na realidade, a irritação dele se deve ao fato de que, embora seja um Magalhães, ele não é meu parente. E os Magalhães do meu lado sempre foram maiores do que os Magalhães do lado dele".
ACM prossegue: "Esse ódio dele só tira votos. Eu passei a ser maior do que o avô dele (Juracy Magalhães), passei a ser maior do que o pai dele (Jutahy Magalhães). Depois, meu filho Luiz Eduardo foi maior do que ele. E agora o ACM Neto é maior do que ele. Eles querem levar o Alckmin para o mesmo caminho que leva à perda de votos aqui na Bahia. Se isso é feito com as bênçãos da direção do PSDB, nós vamos dar o troco".
O cacique do PFL baiano afirma que se Alckmin der atenção a Jutahy e ao grupo dele nas visitas que fizer à Bahia, será ignorado pelo PFL. "Quero que o Alckmin chegue aqui e não veja nem o Jutahy nem esse candidato laranja que eles lançaram. Do contrário, ele não vai me ver".
ACM deve chega a Brasília na noite desta terça-feira. Pretende reunir-se nas próximas horas com Tasso Jereissati. Condiciona a manutenção do apoio a Alckmin na Bahia ao resultado desse encontro.
Fonte: Blog do Josias