Cristovam Buarque diz ter medo de que Lula “governe com o povo”
Sob o pretexto de criticar seu concorrente na eleição presidencial, o senador e candidato do PDT à Presidência da República, Cristovam Buarque, afirmou ontem durante entrevista ao programa Roda Viva que o presidente Lula te
Publicado 27/06/2006 17:07
O senador Cristovam Buarque (DF) está cada vez mais distante das idéias avançadas que um dia chegou a defender. Candidato do PDT à Presidência da República, disse nessa segunda-feira (26) que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva corre o risco de seguir o mesmo caminho de outros presidentes latino-americanos e atropelar as instituições democráticas num eventual segundo mandato.
As afirmações de Buarque foram feitas no programa "Roda Viva", exibido pela TV Cultura no final da noite de segunda. "Se o presidente Lula for reeleito no primeiro turno, com uma votação expressiva e sem maioria no Congresso, a tentação de governar diretamente com a população vai ser muito grande", afirmou Buarque.
Para o candidato, Lula pode atropelar o poder legislativo apelando para plebiscitos ou mesmo para a dissolução do Congresso. "Temo um chavismo, sim", disse Buarque, numa referência ao presidente venezuelano Hugo Chávez.
O programa "Roda Viva" pretende entrevistar todos os candidatos ao Planalto, com exceção do presidente Lula: primeiro colocado nas pesquisas de intenção de voto, Lula se recusou a participar.
Novo ministério
No programa, Buarque disse que sua candidatura pretende ser uma resposta à "mesmice" do debate político protagonizado por PSDB e PT. "Eles discutem quem fez mais ou menos obras, quem foi mais ou menos corrupto, mas não têm um projeto para mudar o Brasil", afirmou.
A educação é a principal bandeira do programa político de Buarque. Ele afirma que pretende criar um novo ministério da Educação, voltado exclusivamente para o ensino fundamental. "A educação básica precisa de um ministério porque crianças e analfabetos não têm sindicatos para lutar por elas", afirmou.
O Ministério da Educação Básica seria criado com a extinção de outros "dez ministeriozinhos" –os quais Buarque se recusou a nomear. No mesmo tema, ele defendeu a federalização do sistema educacional. "Enquanto a educação for municipalizada, não será boa e nem igual para todos", disse.
O senador defendeu o mesmo projeto para a segurança, propondo uma coordenação das polícias estaduais sob comando federal, e até mesmo a transferência de policiais de um Estado para outro, como forma de combater a corrupção.
Buarque admitiu que precisaria fazer várias emendas à Constituição para executar seus projetos. "Se não for para mudar a Constituição, não quero ser presidente. Tem algum presidente que não tenha feito dezenas de reformas na Constituição?", disse.
Entre 1995 e 1998, Buarque governou o Distrito Federal. Em 2002, elegeu-se senador pelo PT. Assumiu o Ministério da Educação em janeiro de 2003 e permaneceu no cargo por um ano. Em setembro de 2005, filiou-se ao PDT.
Fonte: Folha Online