Equador: Rafael Correa reitera acusações de fraude eleitoral

Com 94,36% dos votos apurados até o início da tarde desta quinta-feira (19/10), o candidato progressista à Presidência do Equador, Rafael Correa, seguia na segunda colocação, com 22,89% dos votos válidos, segundo os dados oficiais do Tribunal Superior Ele

As pesquisas realizadas no país nas últimas semanas antes da eleição apontavam Noboa na terceira colocação, com Correa em primeiro lugar. Diante de mudança tão brusca, desde domingo Correa vem denunciando que o processo eleitoral foi fraudulento. Em entrevista publicada nesta quinta-feira no jornal Folha de S.Paulo, ele reitera as acusações.



Abaixo, leia alguns trechos:



Pergunta – O sr. continua dizendo que ganhou no primeiro turno e que houve fraude, mas que isso é passado e que irá ao segundo turno. Por que participar de uma campanha que, segundo o sr. mesmo, não tem credibilidade?
Rafael Correa – Qual é a alternativa? Se vamos para casa, triunfam os que administram o dinheiro, as máfias de sempre. Temos de estar aí, temos de ser muito mais eficazes no segundo turno para evitar que nos roubem votos. Vamos começar com a campanha.



Pergunta – A Organização dos Estados Americanos diz que não houve irregularidade.
Correa – A OEA foi de absoluta negligência. Foi advertida sobre o problema. Nós nos reunimos por duas horas com [o chefe da missão, o argentino] Rafael Bielsa há dez dias. Nós lhe dissemos todas as fraudes potenciais. O que ele disse depois? Que não havia problemas no processo eleitoral. E somente depois nos entregou cópia desse relatório de 11 de outubro, quatro dias antes das eleições [Pega o documento e lê]: “Como é de conhecimento público, os testes e simulações realizados até esta data não cumprem os padrões mínimos exigidos”.
Olha o que diz a OEA! E depois de ter dito essa barbaridade de que não houve fraude, qual credibilidade tem? Por isso, estamos pedindo a saída de Bielsa do país e dizendo que esse tribunal [TSE] não representa nenhuma garantia. Insisto: como ele pode dizer que não houve fraude se ele mesmo reconhece que não houve os padrões mínimos exigidos?



Pergunta – O sr. acusa o consórcio brasileiro E-Vote de estar envolvido na campanha de Noboa. Como isso teria ocorrido?
Correa – O E-Vote não tinha capacidade para enviar informações e subcontratou empresas aqui. Mas essas empresas são dominadas pelo Partido Social-Cristão [direita], como o American Call Center. São elas que estavam preparadas para manipular a informação.