Congresso aprova adesão da CTB à Federação Sindical Mundial
O segundo dia do Congresso de Fundação da CTB (Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil) definiu os rumos da nova entidade no âmbito internacional. Por unanimidade, os delegados do encontro aprovaram, nesta quinta-feira (13), a filiação da C
Publicado 13/12/2006 20:11
Numa resolução intitulada “A CTB e a FSM”, explica-se por que a nova entidade preferiu aderir a essa federação, e não à Central Sindical Internacional (CSI). Segundo o texto, “a reorganização da FSM representa uma linha de resistência mais consistente até a construção da verdadeira unidade do movimento sindical internacional — sem exclusão e numa perspectiva anticapitalista”.
A decisão foi amplamente respaldada pela delegação internacional que presencia o congresso. Há representantes de 20 países acompanhando a fundação da CTB no Sesc Venda Nova, em Belo Horizonte, sede do encontro. Entre os presentes está o próprio presidente da FSM, o sírio Adib Miro.
Confira abaixo a íntegra da resolução.
A CTB e a FSM
A Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB) entende que as mudanças nos planos político, econômico, social e cultural operadas nas últimas décadas em escala mundial refletiram intensamente no movimento sindical internacional. O reforço do poder do capital financeiro e dos conglomerados multinacionais resultou no desenvolvimento de novas tecnologias e novos métodos de organização de trabalho. Este novo paradigma do capitalismo aprofundou o desemprego crônico e acelerou a desregulamentação das relações de trabalho.
O aumento dos contratos temporários, a adoção do regime de sub-contratação à escala internacional e o surgimento de zonas francas comerciais e industriais nas quais a ausência de direitos trabalhistas é a regra são alguns dos fatores que contribuíram para debilitar o movimento sindical. A busca de um plano organizativo que responda a essa nova realidade, no entanto, apenas começou.
De um lado, há a junção da Confederação Internacional dos Sindicatos Livres (Ciols) com a Confederação Sindical Mundial do Trabalho (CMT), que resultou na Central Sindical Internacional (CSI). De outro, há o processo acelerado de reorganização da Federação Sindical Mundial (FSM), criada em Paris em 1945 no I Congresso Mundial dos Sindicatos. Hoje, a FSM é uma vertente sindical com forte presença na América Latina, na África, na Índia, nos Países Árabes — e agrupa setores profissionais importantes nas Uniões Internacionais Sindicais (UIS).
A CTB reconhece que no interior da CSI existem importantes organizações sindicais que lutam e defendem os direitos dos trabalhadores. E que mantêm uma política respeitosa de colaboração com as demais tendências sindicais e de solidariedade internacional. Mas ressalta que esta central traz o germe do casamento da social-democracia européia com o sindicalismo colaboracionista norte-americano.
A CTB defende a unidade de ação contra o neoliberalismo pelo conjunto do movimento sindical, independentemente de suas filiações internacionais. Mas entende que a reorganização da FSM representa uma linha de resistência mais consistente até a construção da verdadeira unidade do movimento sindical internacional — sem exclusão e numa perspectiva anticapitalista.
Para a CTB, o acirramento da luta de classes, provocado pela ofensiva neoliberal, traz novos desafios ao movimento sindical em todo o mundo, renovando, em especial, a necessidade de valorizar o internacionalismo proletário e a procura de formas para internacionalizar as lutas sociais. O momento exige a intensificação da solidariedade de classes em âmbito internacional para fazer frente ao liberalismo que procura estimular a divisão da classe trabalhadora.
O momento exige também a intensificação da luta de idéias para fazer frente à ofensiva ideológica neoliberal. Por isso, a CTB considera fundamental integrar-se à FSM desde logo também para fortalecer o Fórum Sindical das Américas, construindo um espaço de debates com representantes de entidades ligadas às diferentes centrais — visando a troca de experiências, a propostas de alternativas e a diretivas unitárias de ação contra o neoliberalismo na região.
Com a sua integração à FSM, a CTB reforça as bandeiras da luta contra as guerras e suas causas; a defesa dos mais prementes interesses dos trabalhadores de todo o mundo; o estabelecimento de uma frente comum dos sindicatos de todos os países em defesa dos direitos econômicos, políticos e sociais dos trabalhadores e de suas liberdades econômicas e organizacionais; e a sistematização das informações entre sindicatos referentes à unidade internacional.
O cenário de mudanças progressistas que emerge na América Latina abre espaços para a formação de um pólo com condição de ampliar e unir mais o movimento sindical na região. E, a partir desta realidade, ampliar ao máximo esse novo pólo para descortinar horizontes estratégicos e apontar para os trabalhadores, em âmbito mundial, o caminho da luta antiimperialista e anticapitalista, da superação do neoliberalismo e da abertura de clareiras rumo ao socialismo.
De Belo Horizonte,
André Cintra