El Salvador comemora 15 anos do fim da guerra civil

O governo de El Salvador e a Frente Farabundo Martí de Libertação Nacional (FMLN) comemoraram nesta semana os 15 anos da assinatura dos acordos que encerraram a guerra civil no país, num ato com a presença de diversos presidentes da América Central, além

O presidente Elías Antonio Saca disse que desde o fim do conflito El Salvador está “totalmente transformado”, mas com novos desafios. Entre eles, mencionou um pacto nacional para conseguir a “paz social” como base do desenvolvimento.



No entanto, o FMLN lembrou nesta quarta-feira (17/1) da necessidade de a ONU realizar “uma auditoria política” sobre o cumprimento dos acordos. A Frente não teve direito à palavra durante o ato.



Os acordos a que se referem o atual presidente e a principal força de oposição em El Salvador foram assinados em 16 de janeiro de 1992, no Castelo de Chapultepec, na cidade do México. A paz foi fruto de quase três anos de negociações, com mediação da ONU. O México ofereceu seu território para a maior parte das reuniões.



O conflito
No total, a guerra civil no país deixou 75 mil mortos, 8 mil desaparecidos, 12 mil deficientes e cerca de um milhão de desabrigados, ao longo de 12 anos.



As tensões no país aumentaram com o golpe militar que levou uma Junta Revolucionária de governo ao poder. Com o assassinato do padre Óscar Romero e a execução de 42 pessoas em seu funeral, iniciou-se uma guerra civil em larga escala. Durante o conflito, forças rebeldes capturaram grandes extensões dos departamentos de Morazán e Chalatenango. Com a ajuda massiva dos Estados Unidos, que temiam a repetição da Revolução Comunista de Cuba no restante da América Latina durante o período da Guerra Fria, o governo salvadorenho manteve-se no poder.



O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, enviou um vídeo com uma mensagem. Ele destacou que o processo de paz salvadorenho é um exemplo para outros países.



Os presidentes da Nicarágua, Daniel Ortega; de Honduras, Manuel Zelaya; e da Guatemala, Óscar Berger, assistiram à cerimônia.Também compareceram representantes do Panamá, Costa Rica, Belize e República Dominicana. Eles assinaram uma declaração de apoio à paz em El Salvador.



O ex-secretário da ONU Javier Pérez de Cuéllar, que chefiava a entidade na época das negociações, foi condecorado. No seu discurso, ele pediu ao mundo tolerância com os adversários para buscar a paz.



A cerimônia começou com um minuto de silêncio pelos mortos na guerra. Houve uma homenagem póstuma ao líder histórico do FMLN, Schafik Handal, que morreu de infarto há um ano, e a Abelardo Torres, membro da comissão negociadora dos acordos por parte do Governo.



O ato foi organizado pelo partido governista, a Aliança Republicana Nacionalista (Arena, de direita), cuja atuação no processo de paz recebeu elogios de Saca. Já o FMLN comemorou o aniversário na Praça Cívica da capital.



Acordos descumpridos
Organizações sociais integradas na Unidade em Resistência pela Justiça Social fizeram uma manifestação reivindicando “uma distribuição mais eqüitativa da riqueza”. Órgãos de direitos humanos exigiram o fim da impunidade no país.



Com os Acordos de Paz, criou-se a idéia de construir o Estado democrático salvadorenho e se abriu um novo período, com o qual se criou a expectativa de transformar progressivamente a condição de exclusão política de diversos setores e, a partir de sua inserção, promover trocas para o bem-estar  sócio-econômico da população.



Apesar dessa boa intenção, o maior déficit dos Acordos de Paz é relacionado justamente à proteção dos direitos econômicos e sociais da população. Iniciativas como a reforma agrária, financiamentos, apoio aos pequenos agricultores e programas sociais em geral ficaram muito aquém das expectativas.



Da redação, com agências