Uso de FGTS no PAC divide centrais sindicais

Após a Força Sindical e a CGT entrarem com uma ação para impedir a utilização de recursos do FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço) em projetos de infra-estrutura, a CUT informou que apóia o plano do governo com algumas ressalvas.

A principal delas é a necessidade de inclusão no projeto de uma remuneração mínima dos recursos do FGTS investidos para que não haja risco para o trabalhador que tem cota do fundo. O governo federal incluiu no PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) medida provisória que permite a utilização de R$ 5 bilhões do FGTS em um fundo de infra-estrutura.


 


Como os projetos que serão construídos com o dinheiro desse fundo não têm garantia de rentabilidade, o FGTS poderia perder recursos. A CUT informou que defende o uso do FGTS em infra-estrutura porque, hoje, os recursos do patrimônio líquido do fundo – que é a diferença entre o patrimônio total (R$ 184,3 bilhões) e as cotas dos trabalhadores (R$ 163,2 bilhões) – estão aplicado em títulos públicos, o que ''não gera nenhum emprego''.


 


A central, entretanto, afirmou que não vai abrir mão de que seja garantida uma remuneração de TR (taxa referencial) mais 3% ao ano para a aplicação dos recursos do FGTS nesse fundo – a mesma remuneração paga aos trabalhadores cotistas do FGTS. A CUT quer que as empresas que tomarem recursos do FGTS mantenham ou gerem empregos formais sob pena de ter o acesso ao fundo limitado. A central também quer ter participação na gestão dos projetos de infra-estrutura.


 


Outras centrais
Em outra direção, Força e CGT são totalmente contrárias à idéia. As duas centrais vêem risco para o patrimônio do trabalhador e entraram ontem (23/01) com uma Adin (ação direta de inconstitucionalidade) no STF (Supremo Tribunal Federal) para tentar invalidar a MP.


 


Segundo o ministro Luiz Marinho (Trabalho), os projetos escolhidos pelo fundo irão perseguir uma rentabilidade de TR mais 6% ao ano. Em geral, a rentabilidade será menor que o investimento em títulos públicos, que pagam majoritariamente a taxa Selic (hoje em 13,25% ao ano). Ele também disse que o governo quer utilizar até R$ 17 bilhões do patrimônio líquido do FGTS para os projetos de infra-estrutura.


 


Cada projeto escolhido receberá no máximo 30% dos recursos do FGTS. O restante virá de outros investidores. Os projetos de saneamento serão analisados pela Caixa Econômica Federal. Já os de energia e logística (portos, ferrovias e rodovias) passarão pelo crivo do BNDES (Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social).


 


Para Marinho, isso vai garantir que os projetos escolhidos dêem rentabilidade no futuro e gerem empregos. Além disso, daqui a dois anos o trabalhador também poderá aplicar parte de sua cota no fundo.


 


Para o presidente do Instituto FGTS Fácil, Mario Avelino, o trabalhador não corre riscos com a aplicação de recursos do patrimônio líquido. Esse dinheiro, segundo Avelino, é o superávit do FGTS – que não é usado para o pagamento do trabalhador.


 


Ou seja, mesmo que o governo perdesse todo o dinheiro do patrimônio líquido em projetos equivocados, o trabalhador ainda teria garantido sua remuneração do FGTS.


 


Fonte: Folha Online