Com Evo, Bolívia leva a julgamento cinco ex-presidentes

Mais de 20 políticos bolivianos – entre eles cinco ex-presidentes – enfrentam julgamentos iniciados ou reativados no primeiro ano do governo do presidente Evo Morales, segundo relatório publicado neste domingo (28/01) pelo jornal La Prensa, de La

A Comissão de Constituição do Congresso se reunirá na próxima terça-feira para analisar o processo apresentado por Evo contra os ex-presidentes Gonzalo Sánchez de Lozada (1993-1997 e 2002-2003), Jorge Quiroga (2001-2002) e Carlos Mesa (2003-2005) pela suposta violação de leis na assinatura de contratos com empresas petrolíferas.


 


Sánchez de Lozada também é acusado de genocídio pelas 60 mortes ocorridas em outubro de 2003 durante uma onda de protestos. Há poucos dias, o ex-líder foi declarado pela Corte Suprema rebelde e contumaz à lei junto a seus ex-ministros da Defesa Carlos Sánchez Berzaín e de Hidrocarbonetos Jorge Berindoague, que vive nos Estados Unidos.


 


O presidente da Comissão de Constituição, deputado Antonio Sánchez, disse ao jornal que o próximo caso que será tratado é o do ex-presidente Eduardo Rodríguez Veltzé (2005-2006) por sua suposta culpa na destruição de mais de 40 mísseis do Exército da Bolívia realizada por militares dos Estados Unidos.


 


Esse julgamento também foi impulsionado pelo presidente Evo – que qualificou de ''traição à pátria'' a destruição do armamento boliviano fabricado na China.


 


Paz Zamora
Além de Sánchez de Lozada, Quiroga, Mesa e Rodríguez Veltzé, nas últimas semanas foram reabertas as investigações contra o ex-líder social-democrata Jaime Paz Zamora (1989-1993) pelo suposto acobertamento de narcotraficantes durante sua gestão.


 


O promotor encarregado do caso, Ramiro López, anunciou na sexta-feira que convocará Paz Zamora a declarar nos próximos dias e que se ele não se apresentar, como já ocorreu em um primeiro requerimento, a Promotoria Geral ditará uma ordem de detenção.


 


O presidente da Comissão de Constituição negou que o governo tenha iniciado uma perseguição judicial de opositores políticos, como denunciaram várias vezes os ex-presidentes. Segundo o La Prensa, a delegada Anticorrupção do Governo, Nardy Suxo, insistiu em que não há uma ''caçada de inimigos'' – mas processos contra pessoas que cometeram crimes como no caso do ex-ministro da Defesa Fernando Kieffer.


 


Kieffer foi titular da Defesa no segundo governo do ex-presidente Hugo Banzer (1997-2001), e há duas semanas se encontra recluso em uma prisão de La Paz, acusado de malversação de fundos na compra de um avião. No entanto, Suxo destacou a política anticorrupção do Executivo e disse que ''está impulsionando processos que tinham sido arquivados ou esquecidos''.