Mercado já estuda formas para lucrar com mudanças climáticas

As mudanças no clima alteraram também a forma como os analistas financeiros têm escolhido as melhores ações para as carteiras de investimento. Condições ambientais como o clima e a escassez de água passam a balizar as análises de especialistas que antes n

Um recente relatório do Citigroup, lançado em janeiro, traz nada menos que 120 páginas dedicadas a uma profunda análise das oportunidades de ganho com papéis de empresas cujo desempenho deve ser influenciado pelo aquecimento global.



Os autores do estudo entendem que, apesar de o aquecimento ser um fenômeno de longa duração, há chances de ganho financeiro no curto prazo. Foram identificadas 74 companhias, dentre 21 setores e em 18 países que, segundo o estudo, parecem bem posicionadas para se beneficiar do fenômeno climático.



O estudo indica que o mercado financeiro tende a valorizar as empresas que causem menor emissão de carbono e busquem a eficiência energética, como carros híbridos, fontes de energia renovável e companhias especializadas em eficiência energética.



Exceções
Mas antes que se comemore a boa notícia do ponto de vista ambiental, o próprio relatório salienta que isso não necessariamente reflete a busca de empresas “verdes”.



Empresas de energia nuclear, por exemplo, praticamente não emitem carbono (são “carbono neutro”), integram a relação dos analistas e estão muito longe de agradar os ambientalistas.



O mesmo para empresas de biotecnologia como Monsanto e Syngenta, que trabalham com organismos geneticamente modificados e podem ser beneficiadas economicamente pelo fato de desenvolver plantas com maior eficiência para a produção de bioenergia, ou capazes de resistir às secas mais freqüentes.



Produtoras de óleo de palma e cana-de-açúcar, embora atuem em um setor aparentemente amigável ao meio ambiente – o de biocombustíveis – podem fazer estragos na biodiversidade e ameaçar habitats, como tem acontecido na Malásia.



Está na lista também a TXU Corp., pelo fato de planejar a rápida construção de usinas de energia alimentadas por carvão mineral (grande emissor de dióxido de carbono) enquanto não há restrições federais à emissão do gás. Empresas pouco expostas a furacões são igualmente atraentes para o investidor.



Ao que parece, critérios sustentáveis, que levam em conta benefícios sociais, ambientais e financeiros, por enquanto ficam restritos a carteiras de fundos especificamente voltados a investidores preocupados com o tema.