PT e PCdoB debatem papel internacional do Fórum de SP

Militantes e dirigentes intermediários do PT e PCdoB, reuniram-se nesta terça-feira (6) para debater o Encontro do Fórum de São Paulo, realizado em janeiro último em São Salvador, El Salvador, e o atual quadro político na América Latina. Os secretários de

Para Walter Pomar, o Fórum de São Paulo, criado em julho de 1990, constituiu-se como “um espaço de resistência”. Ao longo desses 17 anos surgiram dentro do Fórum dois “pontos de tensão”, segundo avaliou. O primeiro foi estratégico, na medida em que manifestaram-se entre os partidos do Fórum de São Paulo “diferenças de estratégia e de concepção”. O segundo ponto de tensão, na visão do secretário de RI do PT, girou em torno das “interpretações sobre o papel efetivo a ser desempenhado pelo Fórum”.



Caráter de relançamento



Avaliando a trajetória recente, Pomar registrou que nos últimos 5 anos chegou-se mesmo a questionar a validade do Fórum de São Paulo. Isto realça mais a importância do Encontro de 2007, que teve assim um caráter de relançamento, agregou.



Partindo do posto de observação de quem  exerce também o papel de secretário executivo do Fórum de São Paulo e coordenador das reuniões do Grupo de Trabalho, o dirigente petista chamou a atenção para a necessidade de aprofundar mais a avaliação da conjuntura latino-americana e de coordenar ações concretas da esquerda latino-americana através de campanhas de alcance continental. E informou os presentes sobre algumas propostas de trabalho surgidas no Encontro de São Salvador – a criação de um observatório eleitoral a fundação de uma escola de formação política, a realização de um festival político-cultural e o lançamento de uma página na internet. O secretário de RI do PT referiu-se ainda à necessidade de aperfeiçoar os métodos de discussão a fim de que os partidos integrantes do Fórum tratem com mais maturidade as divergências políticas e ideológicas que têm entre si.



Tendências: socialismo x adaptação



O secretário de Relações Internacionais do PCdoB, José Reinaldo,  ao situar historicamente o Fórum de São Paulo, afirmou que sua fundação “foi uma reação da esquerda latino-americana e caribenha à derrota do socialismo”. Lembrou que o Fórum de São Paulo reúne mais de 100 partidos da região e se tornou “uma referência de unidade das esquerdas, atraindo inclusive a atenção das demais regiões do mundo”. O Fórum de São Paulo tem – frisou Reinaldo – “uma composição política e ideológica ampla e plural, abarcando todo o espectro da esquerda latino-americana e caribenha”.



Na opinião do dirigente comunista, até 1993, quando se realizou o 4º Encontro em Havana, “o Fórum de São Paulo firmou-se como uma articulação com caráter antiimperialista e até mesmo anti-capitalista”. Zé Reinaldo valorizou o conjunto de documentos produzidos pelo Fórum em seus 17 Encontros, ressaltando que contêm “críticas agudas, profundas e bem fundamentadas da globalização capitalista, das políticas neoliberais e da dominação do imperialismo norte-americano no continente”.



O secretário de RI do PCdoB também se referiu à divisão do Fórum de São Paulo entre distintas correntes de opinião. “Em seu interior formaram-se correntes, surgindo entre elas tensões”, disse. Na sua avaliação, uma dessas correntes caracteriza-se nitidamente como “socialista e antiimperialista”. A outra, segundo ele, adota “estratégias de adaptação e conciliação”.



José Reinaldo também referiu-se ao encontro de 2007, como de “retomada e relançamento” depois de um esvaziamento posterior ao Encontro de 2002, quando foram agudas as divergências sobre a condenação ou não às políticas imperialistas dos EUA, e de 2005, realizado em São Paulo, no auge da crise política brasileira.



Quadro favorável no Encontro de 2007



Na opinião do dirigente do PCdoB, o Encontro de 2007 realizou-se num quadro político “novo e favorável à luta dos povos latino-americanos e caribenhos, com a vigência de governos democráticos no Brasil, no Uruguai e na Argentina, a vitória eleitoral de candidatos claramente antiimperialistas, como Evo Morales e Rafael Correa, o avanço do processo revolucionário na Venezuela, proclamado como socialista e as vitórias de Cuba contra as tentativas de cerco e aniquilamento promovidas pelos EUA”.



O Encontro de São Salvador ocorreu também, disse Zé Reinaldo, “numa situação em que as políticas neoliberais fracassam em toda a linha e as classes dominantes não encontram saídas para a crise estrutural dos seus países”. Para ele os documentos produzidos no Encontro captaram bem essa realidade e deram boas indicações para as lutas dos povos latino-americanos, tomando como referência a necessidade de derrotar as políticas do imperialismo norte-americano para a região”.



Seguiu-se um animado debate entre os presentes, com muitas perguntas e intervenções sobre a Revolução Venezuelana, a integração latino-americana, a nova situação política na região, a presença das tropas da Minustah no Haiti, a unidade entre as forças de esquerda e o papel do Fórum de São Paulo.



Da Redação