Estudantes lançam manifesto em apoio a retomada do terreno

Por Danielle Franco
A segunda-feira (12) amanheceu especial para os 150 estudantes acampados na Praia do Flamengo 132, no Rio de Janeiro. O ato político de lançamento do manifesto “UNE e UBES de volta pra casa”, em apoio à retomada do terren

O Manifesto já tem mais de 50 assinaturas de personalidades políticas e artísticas como o arquiteto Oscar Niemeyer, os músicos Chico Buarque, Beth Carvalho, Martinho da Vila, Carlos Lyra e Marcelo Yuka; os ministros Orlando Silva e Tarso Genro; o prefeito do Rio, César Maia; o escritor Arthur Poerner; e os cineastas Silvio Tendler e Vladimir Carvalho e o Presidente da República Luis Inácio da Silva.


 


O presidente da UNE, Gustavo Petta, afirmou que o lançamento do manifesto é um momento determinante. “Este documento, respaldado por personalidades importantes da política e da cultura brasileira comprometidas com nossa causa, marca um momento decisivo da nossa ocupação. É o primeiro passo para o início da reconstrução de um espaço que nunca deixou de ser nosso”, destacou.


 


Para o presidente da UBES, Thiago Franco, a retomada marca um momento único na história. “O Rio de Janeiro é a maternidade da UNE, da UBES e de outras importantes entidades. Além do mais, foi aqui que o mártir do movimento secundarista, Edson Luis, foi assassinado”. E completa: “Vamos fazer do Rio, mais uma vez, o berço do movimento estudantil”.


 


Parlamentares declaram apoio
O primeiro a chegar ao acampamento foi o deputado federal, Chico Alencar (Psol-RJ). Mesmo com compromisso marcado, o parlamentar não deixou de comparecer e declarar seu apoio. “É preciso lutar e ter força, ainda mais com um objetivo nobre como esse: trazer as duas entidades estudantis mais representativas do país de volta ao lugar onde nasceram”.


 


A deputada federal, Manuela D’Ávila (PCdoB-RS), que foi vice-presidente regional sul da UNE, também marcou presença e fez questão de reforçar o papel de vanguarda das entidades. “A grande mídia sempre quis romancear a luta dos estudantes, colocando sobre as nossas vitórias um manto lúdico, mas todos aqui sabemos que nossas conquistas foram conscientes e consistentes”.


 


Sobre a “volta pra casa”, Manu, como ficou conhecida nos tempos de militante do movimento estudantil, proclamou: “A casa da UNE e da UBES está em cada estudante, em cada trabalhador desse país. Essa nova sede vai representar e unir todos. Boa luta e bom acampamento! E tenham certeza que as páginas da história já registraram este momento. Vocês já entraram para a história”.


 


Engrossando o coro, o Secretário Nacional de Juventude, Beto Cury, disse que a ocupação é um reencontro das entidades com a história do país. “Essa é mais uma causa justa que a UNE e a UBES encabeçam. Depois de campanhas como “O petróleo é nosso” e “Fora Collor”, “A volta pra casa” evidencia, mais uma vez, o engajamento dos estudantes”.


 


Voltando a sua fala para a análise do significado e representatividade da ocupação, a antropóloga e presidente do Conselho Nacional de Juventude, Regina Novaes, disse que o terreno da Praia do Flamengo,132, simboliza toda a juventude brasileira. “O projeto do Oscar Niemeyer que aqui vai se concretizar se tornará uma referência de uma luta histórica. A UNE e a UBES continuam vivas e ativas e a retomada do terreno representa novo fôlego”.


 


UNE e UBES: marca de resistência e luta
O ex vice-presidente da UNE em 1960 e atual presidente do PSB, Roberto Amaral, afirmou que a entidade faz parte do que há de melhor na história republicana do Brasil. Segundo ele, já em 1961, a ditadura tentava podar as ações da entidade. “Nós já éramos símbolo na luta pelo socialismo. Por isso o prédio foi incendiado, porque era um marco da resistência. Eles não sabiam que o espírito da revolução não estava nos tijolos, mas sim no coração de cada estudante”.


 


Já o presidente do PCdoB, Renato Rebelo, que foi vice-presidente da UNE em 1966, reafirmou características históricas das entidades. “Tanto a UNE quanto a UBES, são referências para este país, seja na luta pela democracia, por uma educação gratuita e de qualidade, ou outras importantes bandeiras. Sempre com o objetivo de construir uma nação soberana e desenvolvimentista”.


 


Edmílson Valentin, deputado federal (PCdoB), reforçou o caráter democrático das entidades e valorizou a força que tem uma juventude unida e engajada. “Os jovens são parte fundamental na luta pelo livre acesso a cultura, por melhores empregos, por mais liberdade, mais educação. Apóio esse movimento de retorno às origens. Muita força e vamos à vitória”, convocou.


 


Petta afirmou que o apoio que as entidades vêm recebendo é fundamental para a construção da “casa nova”. “Tudo já está adiantado. Nos próximos meses vamos começar a construir nossa tão sonhada nova sede. Mas já posso afirmar que o dia 1º de fevereiro de 2007 vai ficar para sempre nas nossas memórias e na história do Brasil”, afirmou, em referência ao dia em que, ao final da Culturata, estudantes ocuparam o terreno na Praia do Flamengo.


 



Leia aqui manifesto da UNE.