Um ano após acidente, greve fecha minas em todo o México

Uma cerimônia e uma greve marcaram na segunda-feira (19/2) o primeiro aniversário de um acidente que matou 65 operários. Só dois corpos foram retirados até hoje da mina de Pasta de Conchos, no México, perto da fronteira com o Texas, e ninguém foi indiciad

“Não vou descansar até ter meu menino de volta, até poder enterrar minha criança”, disse Rosa María Ramos, ao depositar flores para seu filho José num memorial construído para as vítimas.


 


“Sentimos saudades do nosso papai”, dizia um cartaz sob o qual a família dele se postava.


 


Parentes, autoridades e mineiros fizeram uma missa campal na mina, propriedade do Grupo México, maior mineradora do país.


 


“Grupo México, chega de mentiras. Cadê nossos entes queridos?”, dizia outro cartaz, deixado em um muro próximo ao local da enorme explosão de gás ocorrida em 19 de fevereiro de 2006.


 


Em todo o México, sindicatos de mineiros organizaram uma greve de um dia para pressionar o governo a punir o Grupo México.


 


Jorge Rios, procurador especial do Estado de Coahuila, disse que a empresa é responsável por permitir o acúmulo de uma letal mistura de metano, poeira e oxigênio no poço. “Estamos falando de uma mina muito rudimentar, com enormes falhas nos padrões de segurança, pioradas por inspetores corruptos que não exigiam a segurança necessária”, afirmou.


 


Rios disse que dentro de dois meses vai pedir a prisão por homicídio de cinco funcionários do Grupo México e de seis funcionários do Ministério do Trabalho.


 


O Grupo México afirma já ter indenizado as famílias pelo que diz ser um trágico acidente e já ter gasto 30 milhões de dólares para encontrar os 63 corpos restantes.


 


A greve de segunda-feira foi seguida por milhares de operários em minas e siderúrgicas de dez Estados mexicanos, segundo um porta-voz sindical. Uma das minas afetadas foi a Fresnillo, uma das maiores minas de prata do mundo, propriedade da empresa Peñoles.


 


Às 2h05 (06h05 em Brasília), na mina fria e escura do Estado de Coahuila, parentes das vítimas leram em voz alta seus nomes, marcando o momento exato do acidente. Uma mulher desmaiou.


 


A mineração de carvão em Coahuila, único Estado mexicano onde há carvão mineral, é pouco regulamentada. Com apenas três inspetores, o Estado tem cerca de 130 minas informais de carvão, onde acidentes são comuns, segundo o sindicato do setor.