Messias Pontes – São Francisco, o rio da integração nacional?

Desde que o Brasil existe como nação que o São Francisco é chamado de o rio da integração nacional. Mas onde está essa integração? Ao longodo tempo ele vem se desgastando em função da poluição por esgotos, pelas barragens construídas à sua frente para a g

Toda essa agressão é praticada por mineiros, sergipanos, alagoanos e
baianos, os mesmos que querem impedir que o Velho Chico seja realmente
o rio da integração nacional beneficiando pelo menos 12 milhões de
nordestinos dos estados de Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte e
Ceará. Esses que se posicionam contra o projeto de integração do São
Francisco com as bacias Hidrográficas do Nordeste Setentrional são os
mesmos que se calam diante de tamanha agressão.


 


Reservadas as devidas proporções, os argumentos dos que se opõem ao
Projeto de Integração do São Francisco são iguais aos do que defendem
a redução da maioridade penal para reduzir a violência no País, ou
seja, essas pessoas não clamam por políticas públicas que garantam, em
todas as cidades, escola em tempo integral, com ensino de qualidade e
a prática de várias modalidades de esporte.


 


Jamais o semi-árido nordestino será desenvolvido econômica e
socialmente se não houver um efetivo abastecimento de água tanto para
o consumo humano e animal, como para a atividade econômica,
notadamente a irrigação nas pequenas e médias propriedades rurais.
Impedir a viabilização do projeto de interligação de bacias é o mesmo
que condenar a maioria dos nordestinos à eterna pobreza e à migração
forçada para aumentar o exército de excluídos nos grandes centros
urbanos, contribuindo para o aumento da violência no País.


 


Os argumentos dos contra o projeto não passam de falácias, pois estão
assentados na desinformação e mesmo na má fé. Dizer que falta maior
debate com a sociedade é faltar com a verdade. Dezenas de audiências
públicas foram realizadas em toda a região, e muitas deixaram de ser
realizadas porque os contra impediram, quer com a força, quer com
medidas judiciais. Outra tremenda falácia é afirmar que o Projeto está
atrelado aos grandes interesses, como afirmou o bispo de Barra
(Bahia), d. Luiz Flávio Cappio, em declaração ao “Estadão”.


 


Também não é verdade a afirmação de que o Rio São Francisco está
morrendo. Apesar de toda a degradação provocada pelas populações
ribeirinhas de Minas Gerais, Sergipe, Bahia, Alagoas e parte de
Pernambuco, o Velho Chico vem resistindo bravamente, sendo o
responsável pela sustentação econômica dos que habitam a sua bacia
hidrográfica. Se comparado aos rios do Sudeste, a sua situação é bem
melhor.


 


Para ser honestos, os contra deveriam dizer que o Programa de
Revitalização do São Francisco contempla ações voltadas para o
reflorestamento de áreas críticas, a construção de barragens em seus
afluentes, a melhoria da calha navegável do seu curso médio, o
tratamento de esgotos das cidades e vilas localizadas nas suas
margens, o controle da irrigação e a educação ambiental.


 


É preciso dizer também que o governo do presidente Lula vem encetando
ações para a melhoria das condições de vida das comunidades
ribeirinhas. Pelo projeto, o rio vai continuar no mesmo curso que
sempre teve. Portanto não é correto dizer que elevai ser desviado. É
imperioso que se diga que só uma insignificante parte do seu volume –
o equivalente a um por cento da água que é jogada ao mar – vai ser
captada para garantir o consumo humano e animal na região do
semi-árido. Esta é que é a verdade. Ninguém será prejudicado.


 


Messias Pontes é jornalista


 


As idéias contidas neste artigo refletem a opinião do autor