Para educadora o descaso da educação é obra do PSDB

As escolas públicas estaduais localizadas na cidade de São Paulo tiv

Segundo o jornal Folha de São Paulo (05/03), não há distinção do baixo rendimento das escolas por áreas geográficas da cidade. Pela Secretaria da Educação, a área Sul 3 (abrange bairros como Grajaú, Cidade Dutra, Parelheiros, Marsilac e Socorro) teve média 37,74. A Sul 2 (Campo Limpo, Capão Redondo, Jardim Ângela e Jardim São Luís) obteve média de 37,07. O centro ficou com média de 39,2 e a região centro-oeste ficou com 40,76, o melhor dos piores desempenhos.


 


Entre o total de escolas, 96% ficaram abaixo dos 45 pontos e 69% abaixo dos 40 pontos. Escolas tradicionais públicas de São Paulo não tiveram rendimento diferenciado. Os colégios Caetano de Campos (na praça Roosevelt e Aclimação) e Rodrigues Alves tiveram notas próximas da média na cidade.


 


Entre os principais problemas detectados por especialistas em educação estão as cargas horárias das aulas, as difíceis condições materiais disponíveis, a qualificação e formação dos professores, superlotações de aulas, salários defasados e outras varáveis sociais do conjunto dos estudantes que freqüentam as salas de aulas.


Para a diretora da Apeoesp, Francisca Pereira da Rocha professora da rede estadual na Zona Sul de São Paulo, as ações desqualificadas e desastrosas da Secretaria Estadual de Educação são os principais responsáveis pela situação da educação paulista. A seguir, Francisca faz uma análise da situação das escolas estaduais paulistanas:


 


P. Qual o motivo para o baixo rendimento no Enem das escolas estaduais situadas na cidade e São Paulo?


 


R. Há um conjunto de motivos importantes para explicar a situação do ensino médio em São Paulo. O principal é a série de ações desastrosas e muitas vezes desqualificadas adotadas pelo governo estadual. Falar da aprovação automática é um dos exemplos adotados pela Secretaria que distorceu completamente o conceito de progressão continuada, fazendo com que muitos estudantes sem acompanhamento devido cheguem aos anos finais do ensino médio sem saber ler e escrever. É muito triste ver nossa juventude pagar um preço altíssimo pela má gestão pública. Salas de aulas superlotadas, com 55 alunos por sala, com um esforço gigantesco por parte dos professores para tentar passar conteúdo das matérias, em condições bastante adversas para a transmissão do conhecimento. Outro elemento importante é a carga horária de aula, hoje existem de 3 a 4 turnos, em uma média que varia entre 6 e 3 horas e meia, se tiverem aulas no final de semana. Nós da Apeoesp defendemos o turno integral em condições plenas para o desenvolvimento educacional, universal, para todos. O governo estadual implantou em apenas 500 escolas em todo estado o turno integral, de forma distorcida porque não oferece nem conteúdo didático nem condições estruturais para a continuidade do aluno na escola. Não tenho dúvida que o principal responsável pelo descaso da educação em São Paulo é o PSDB e sua péssima gestão pública nestes 12 anos de governo e as muitas dificuldades nos futuros quatro anos de governo José Serra.


 


P. E a situação da qualidade dos professores na rede pública?


 


R. Os professores da rede pública de São Paulo, no estado como um todo e na capital em especial, é de um grande esforço para exercer sua profissão. Há dificuldades de todo tipo, mas talvez a ausência de um projeto educacional conseqüente seja o principal limitador para o exercício da profissão de educador. Do ponto de vista da qualificação profissional, nossa formação ficou limitada, não há apoio para reciclagem e condições de crescimento profissional. O último secretário Gabriel Chalita era uma piada de péssimo gosto à frente da educação, oferecia cursos especializados para uma parcela pequena de profissionais, tentou formar quadros profissionais sob sua orientação filosófica esvaziada, parecido com argumentos de auto-ajuda. Segundo informação recente, terá grandes dificuldades em aprovar as contas da Educação no Tribunal de Contas do Estado. Há muitas denúncias de malversação de recursos e contratos obscuros. 


 


P. E os salários?


 


R. Rebaixados. Passamos por um longo período sem reconhecimento salarial, muito agravado pelos 12 últimos anos de PSDB. O atual governador José Serra não deu nenhum sinal de negociações para melhorar as condições salariais dos profissionais da educação. Apenas como exemplo, hoje um PED 1 (professor do ensino fundamental) ganha R$ 5,56 a hora aula e o PED 2 (professor do ensino fundamental e médio) ganha R$ 6,44 a hora aula. A data-base dos professores será em maio e teremos muitas lutas pela frente.


 


P. Qual a saída para as dificuldades da Educação?


 


R. É preciso uma mudança radical de como o governo vê a educação em São Paulo. Teremos muitas lutas para defender a melhoria da qualidade de ensino. Não há alternativa senão a mobilização social e as manifestações de repúdio e insatisfação com o descaso e desorganização que o estado de São Paulo trata o sistema educacional paulista. É mobilização e denúncia para conscientizar a maioria do povo para defender seus direitos.