8 de Março de 2007 – A luta pela unidade dos Movimentos Sociais e forças progressistas

Desde os anos 80 o 8 de março tem sido preparado por uma coordenação ampla de entidades de mulheres, de várias tendências ideológicas, de vários segmentos sociais, que se organizam na Coordenação da comemoração da data.  Essa coordenação, entretanto,

Mas neste 2007 o 8 de março também foi marcado pela presença nefasta do senhor da guerra – Bush – em nosso país e em nosso estado. Este fato trouxe para as atividades do dia oito um novo caráter. Além de ser um dia a expressar a manifestação das mulheres por sua igualdade e por suas posições políticas mais gerais, por um país livre, democrático e soberano, por um mundo novo sem imperialismo e neoliberalismo, precisava ser um dia de protesto contra essa presença malfadada. As paulistas e os paulistas desejavam externar seu repúdio.



A preparação para as manifestações de repúdio a “el diablo” começou a ser preparadas pela CMS – Coordenação dos Movimentos Sociais – A Coordenação de Movimentos Sociais (CMS) foi criada em abril de 2003, organizada por diversos movimentos tais como a CUT, UNE, UBES, UBM, CMP, CONAM, MMM, MST, UNEGRO, movimentos de moradia, estudantil, de desempregados, pastorais e diversos sindicatos. É um espaço de convergência, de construção de unidade e de reflexão entre os mais diferentes movimentos e formas organizativas de nosso povo, o qual é de suma importância e necessário nessa conjuntura complexa de necessidade de mudanças sociais.



Portanto um falso dilema estava colocado. Como garantir o 8 de março com seu caráter feminista e como repudiar a presença de Bush, sem dividir nem enfraquecer ambos os centros dessas lutas?



Desde o primeiro momento o PCdoB atuou no sentido de garantir um ato unitário que absorvesse o duplo caráter. Foram dezenas de reuniões, dezenas de horas de debates para que se vencesse visões exclusivistas e sexistas que entendem a luta da mulher como uma luta de mulheres contra homens, ou a visão de autonomismo exacerbado que entende que a presença de Partidos Políticos rompe com a autonomia do Movimento de Mulheres.



Esta nova fase das lutas políticas pós o fim da primeira experiência socialista, com a queda do muro de Berlim e o advento do neoliberalismo, tem sido marcada pela contraposição de forças políticas conseqüentes contra a visão fragmentaria neomoderna que se opõe a qualquer tentativa de construir um caminho unitário de lutas entre os vários movimentos sociais e o os Partido Políticos do campo progressista.  Entendem que visões totalizantes e, portanto, a forma Partido estão superados. Pretende-se estabelecer uma tensão falsa e regressiva entre Movimentos e Partidos.
 


Mas a passeata do 8 de Março e o Ato Político no vão do MASP demonstraram a sabedoria da visão dialética que aponta que os movimentos sociais alimentam o Partido e que reciprocamente o Partido se alimenta dos movimentos sociais. Demonstrou ainda a seriedade que se atribui à autonomia dos Movimentos Sociais. Todos os oradores do 8 de março não foram oradores, foram oradoras.   Esplendido exemplo da compreensão de que o caminho da luta deve ser unitário, respeitando a autonomia dos Movimentos.



O 8 de março de 2007 será lembrado como um marco na luta pela unidade, reunindo vinte mil pessoas, o maior ato do Dia Internacional da Mulher  de que se tem notícia em São Paulo. Nem a provocação de alguns nem a sanha da polícia de Serra conseguiram empalidece-lo. “Feministas em luta para mudar o mundo! Por igualdade, autonomia e liberdade! Fora Bush!”


Lilian Martins é secretária estadual de Formação do PCdoB/SP