Bush, já vai tarde!
Bush filho não sentirá saudades do Brasil. Se ontem vinte mil pessoas manifestaram sua indignação, hoje o “senhor da guerra” também não teve refresco. Diversos movimentos sociais se mobilizaram para seguir a agenda do presidente americano, protestando con
Publicado 09/03/2007 17:59 | Editado 04/03/2020 17:19
Logo em seu primeiro compromisso um protesto de petroleiros já deu a tônica de como seria o resto do dia. Os trabalhadores não puderam entrar na Transpetro, mas deram o recado com um balão gigante: “Fora Bush” e “Bush Out”.
Desde às 9 horas, jovens mobilizados pelas entidades estudantis (UNE, UEE, UBES e UPES) e lideranças da União da Juventude Socialista já estavam concentrados em frente ao Monumento às Bandeiras, esperando para seguir em comboio para o Hotel Hilton, no Morumbi. Estava formado o Comando de Caça ao Bush.
Criatividade dos Estudantes X Truculência da PM
A irreverência dos estudantes atraía a atenção de quem passava pelas imediações. Patrícia, estudante secundarista de Carapicuíba, cobriu os seios com adesivos que traziam Bush com bigodinho de Hitler e os dizeres “persona non grata”. Uma bandeira gigante foi aberta e logo virou o centro das atenções: representava a unidade da América Latina, através das bandeiras de cada país e do rosto de seus presidentes.
Foi dado o comando e os jovens tomaram os ônibus em direção ao luxuoso hotel. Repetiram-se, então, tal como na manifestação da Avenida Paulista, as lamentáveis cenas de truculência e despreparo da Polícia Militar. Segundo Artur Diego Herculano, diretor da União Paulista de Estudantes Secundaristas, mesmo antes da barreira oficial, a PM não permitiu que os estudantes descessem dos ônibus, reprimindo-os com gás de pimenta. “É lamentável como a polícia de São Paulo é despreparada para lidar com manifestações democráticas”, diz Thiago Andrade, presidente da UPES.
Ao descer dos ônibus, os estudantes encontraram outro grupo de manifestantes. Depois de mais conflito com a PM, o exército assumiu às negociações e a manifestação prosseguiu. Com tinta vermelha, simbolizando o sangue derramado nas guerras do senhor Bush, as calçadas foram pintadas com dizeres contra o presidente norte americano.
Após um boneco de George W. Bush ser queimado, a bandeira da unidade da América Latina foi novamente desfraldada para mostrar que a região não mais aceita as ingerências do império e quer decidir seus rumos de maneira soberana.
MC Banana e já vai tarde
A manifestação terminou com os jovens comendo bananas e cantando o hino nacional dentro de uma lanchonete MC Donald's, na Avenida Águas Espraiadas. Segundo Marcelo Gavião, presidente nacional da União da Juventude Socialista, “foi um contra ponto genuinamente nacional a um forte símbolo da cultura dos Estados Unidos”.
“George W. Bush, o senhor da guerra, é odiado em todos os lugares do mundo. Nós deixamos bem claro que no Brasil ele não é bem-vindo. Tomara que ele tenha entendido o recado e nunca mais coloque os pés aqui. Já vai tarde, Bush.”, conclui Marcelo Gavião.
Fernando Borgonovi, pelo Vermelho – SP