Câmara de Teresina homenageia Lourdes Rufino e Rosa Luxemburgo no dia Internacional da Mulher

No discurso de homenagem, João Cláudio disse que o Dia Internacional da Mulher é uma data sagrada para os comunistas, porque lembra a dor de mulheres que morreram pelos ideais de justiça. ''Essa data foi instituída para a mulher não como uma data de glamour, como a sociedade institui à figura da mulher, ou do apelo demagógico, mas foi instituída a custa do sangue e da dor de operárias massacradas'', lembrou o vereador.

Na solenidade, que acontece anualmente na Câmara de Teresina, cada vereador escolhe uma mulher para receber as honrarias. Neste ano, além de Lourdes Rufino, receberam a homenagem Maria das Graças do Monte Teixeira, Raimunda Deuselena Andrade, Joselene de Carvalho Borges, Durvalina Pereira dos Santos, Leni Borges Pires Nonato, Laura Maria Marques, Maria de Lourdes Pereira Fonseca, Maria Dalva Lima, Luiza Antonia do Nascimento Silva, Rosimar de Carvalho Bezerra Melo, Clotildes Lopes Carvalho, Maria das Graças Cordeiro, Loisima Barbosa Bacelar Miranda, Wulda Área Leão de Almeida, Rejane Ribeiro Dias, Cláudia Maria de Macedo Claudino, Maria de Jesus Soares Diocesano, Eleusa Silva Chaves, Maria Lúcia Araújo e Alexandrina Leite Castro.

Ao falar de Lourdes, João Cláudio ressaltou sua atuação na luta pelos direitos de liberdade na Ditadura e nos dias atuais. ''Lourdes Rufino é uma dessas líderes comunistas, que muito cedo descobriu que o seu papel na sociedade era de lutar por estes direitos e deveres, que se constitui em uma das vozes mais corajosas nos direitos da liberdade, no período ditatorial foi um símbolo e agora, que nós já estamos usufruindo as primeiras conquistas, continua sendo uma lutadora para que estas conquistas se ampliem'', elogiou.

Mais duas mulheres foram lembradas no discurso de João Cláudio: a teresinense Francisca Xavier e a líder comunista Rosa Luxemburgo. A primeira foi lembrada pelo trabalho frente aos movimentos sociais na capital piauiense e a segunda pela relevância internacional na defesa do marxismo. ''Francisca Xavier é uma figura muito importante, nos movimentos sociais, discutiu com seriedade os direitos de Teresina. O fato de ser uma mulher pobre e da periferia não a impediu de ter consciência política''.

Ao final do discurso, João Cláudio entregou a placa, flores e um quadro com a fotografia de Rosa Luxemburgo à Lourdes Rufino, seguido de muitos aplausos. ''Este quadro é para que não esqueçamos que esta data é cheia de um conteúdo político muito importante'', finalizou o vereador.

Lourdes Carvalho Rufino

Lourdes Carvalho Rufino nasceu em Ipiranga, cidade localizada na região centro-sul do Estado. Ainda criança mudou-se para Campo Maior onde estudou no ginásio Santo Antônio.

Formou-se em Ciências Econômicas pela Universidade Federal do Ceará. No ambiente universitário Lourdes Rufino iniciou sua militância política, participando ativamente do Centro Acadêmico do curso de Economia daquela Instituição.

Em 1981 retornou ao Piauí para assumir, através de concurso público, o cargo de agente fiscal de tributos na Prefeitura Municipal de Teresina. Na capital piauiense filiou-se ao PCdoB e passou a atuar ativamente da organização e na expansão do partido no Estado.

Em Teresina Lourdes Rufino atuou na direção do movimento de mulheres onde articulou com outras lideranças a criação do Conselho Municipal dos Direitos da Mulher, e a criação da primeira Delegacia de Combate à Violência contra a Mulher do Piauí.

Como funcionária pública da prefeitura de Teresina, trabalhou para a melhoria das condições de trabalho da categoria, participando do movimento sindical e articulando a criação do Sindicato dos Servidores Municipais de Teresina – SINDSERM.

O trabalho de Lourdes Rufino frente ao movimento sindical avançava além da sua atuação com os servidores municipais, ela participou de uma luta mais ampla em prol dos trabalhadores junto à Central Única dos Trabalhadores – CUT.

Na administração pública, Lourdes foi assessora especial na gestão de Wall Ferraz frente à Prefeitura de Teresina. Foi presidente da então Fundação do Desporto e Cultura do Estado do Piauí (FUNDEC), hoje Fundação Cultural do Piauí (FUNDAC).

Hoje Lourdes Rufino é vice-presidente do PCdoB, segunda suplente na chapa do senador João Vicente Claudino.

Rosa Luxemburgo

Rosa Luxemburgo foi uma filósofa marxista e militante revolucionária polonesa. Era de origem judaica. Participou na fundação do grupo de tendência marxista, que viria a tornar-se mais tarde o Partido Comunista da Alemanha. Tornou-se, em 1897, uma das primeiras mulheres a concluir o curso de doutorado em ciências políticas e foi assassinada brutalmente por lutar pelas suas idéias.

Rosa Luxemburgo nasceu num vilarejo de Zamosc, perto de Lublin, que hoje faz parte da Polônia. Desde muito jovem já possuía um espírito libertário que era visto por muitos como ''rebeldia''. Aos 13 anos entrou na escola secundária para mulheres em Varsóvia, onde concluiu os seus estudos e iniciou sua militância política no Partido Revolucionário Proletário.

Em 1889, Rosa, devido a sua militância política, fugiu para a Suíça, evitando uma detenção eminente. Lá, permaneceu por 9 anos e freqüentou a Universidade de Zurique juntamente com outras personalidades socialistas como Anatoli Lunacharsky e Leo Jogiches (o qual viria ser seu marido por mais de 15 anos).

Rosa participou da fundação do Partido Socialista Polonês (PSP) em 1892. Dois anos depois, rompeu com o PSP e em conjunto com Leo Jogiches e Julian Marchlewski fundou a Social-democracia do Reino da Polónia e criou a revista ''Sprawa Robotnicza'' (''A Causa Operária''), como reacção ao nacionalismo do Partido Socialista Polonês. Efectivamente, Rosa defendia que a independência da Polónia só seria possível através de uma revolução nos impérios da Alemanha, Áustria e Rússia e que o combate ao capitalismo era prioritário em relação à independência. Negava o direito da auto-determinação para as nações, o que a colocava em desacordo com Lenin.

No ano de 1918, a Liga decide fundar o Partido Comunista da Alemanha. Juntamente com Karl Liebknecht, ela investe cada vez mais no movimento de massas, dotando-os de destacado papel político na construção do poder revolucionário dos trabalhadores. Berlim encontrava-se em estado de sítio no dia 9 de janeiro de 1919. Rosa e Liebknecht, perseguidos, sabiam que já não havia mais para onde fugir. Mudavam constantemente de esconderijo e empresários de extrema-direita ofereciam recompensas a quem os denunciassem.

A 15 de Janeiro de 1919, Rosa Luxemburgo, Karl Liebknecht e Wilhel Pieck – dirigentes do Partido Comunista da Alemanha – foram presos e levados para interrogatório no Adlon Hotel em Berlim. No mesmo dia, os paramilitares alemães do Freikorps, que mais tarde iriam apoiar os Nacional-Socialistas, levaram-nos do hotel. Nessa altura, Pieck conseguiu fugir e Rosa e Liebknecht receberam coronhadas na cabeça e foram colocados dentro de um carro. Durante o percurso, os dois foram baleados na cabeça e o corpo de Rosa atirado no canal Landwehr.