Ouvidoria investigará ação truculenta da PM em Manifestação

A Ouvidoria da Polícia de São Paulo deve investigar se policiais agiram com excesso no confronto com manifestantes na avenida Paulista que protestavam contra a visita do presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, a São Paulo.

Policiais da Força Tática que atuaram no acompanhamento da manifestação utilizaram gás lacrimogêneo, balas de borracha e gás pimenta contra os manifestantes. A principal denúncia das entidades e partidos que organizaram o ato foi a forma excessiva do uso da força e a maneira descontrolada da ação. Outra denúncia dos manifestantes agredidos foi a não utlização das identificações dos policiais.
 


Gustavo Petta, presidente da UNE, foi um dos agredidos quando tentava afastar os manifestantes da confusão. “O que aconteceu foi a polícia, de maneira despreparada, atacou todo mundo que veio pela frente, com bombas, gás de pimenta, agredindo manifestantes que inclusive estavam tentando separar o conflito”, diz o presidente da UNE. Petta teve corte nas costas e braços provocado por estilhaços de bomba.
  


De acordo com o coronel Ailton Brandão Araújo, comandante do policiamento na região central de São Paulo, a ação será avaliada pela PM e um inquérito poderá ser instaurado.”O que aconteceu aqui não é regra. Tentamos controlar. Vamos relacionar todos os feridos e verificar se houve excessos”, afirmou o comandante.



O titular da Ouvidoria da Polícia de São Paulo, Antônio Funari Filho, informou ao Vermelho que será aberta uma investigação sobre os atos abusivos da polícia militar baseados nas reportagens da imprensa e denúncias das entidades. Os dois principais eixos da investigação serão apresentados sobre a utilização de balas de borracha e a não identificação dos políciais na ação. A seguir, leia a entrevista com o ouvidor Antônio Funari Filho:



P. Houve abuso da polícia militar na ação contra os manifestantes?



R. A Ouvidoria tem um papel importante em contribuir para a garantia ao direito universal de todos os cidadão à segurança pública. Quando há situações de abuso temos a responsabilidade de investigar os fatos. Pelas reportagens verificadas sobre a manifestação de ontem é possível detectar abusos por parte da polícia militar. A própria corregedoria da PM deve abrir inquérito sobre o assunto.



P. Quais serão os procedimentos da Ouvidoria?



R. Já abrimos inquérito sobre estes acontecimentos. É possível identificar ações irregulares na ação da polícia. Os dois principais fatos que chamam a atenção são a utilização das balas de borracha para dispersar os manifestantes e a ausência de identificação de alguns policiais. Estes serão os dois principais aspectos da investigação que faremos.



P. Quais são as possíveis penalidades previstas?



R. Desde a advertência até a expulsão da corporação.



P. Quais são os prazos previstos para a conclusão da investigação?



R. 45 dias. Esta é uma conquista importante para a tramitação destes processos.



Rodrigo de Carvalho, do Vermelho-SP, com agências de notícias.