Tucanos trocam bicadas sobre a Educação em São Paulo

O desempenho educacional abaixo da crítica do estado de São Paulo instalou a discórdia no ninho tucano. De 1995 para cá – ou seja, desde o início das gestões do PSDB -, o ensino público do estado caiu em todos rankings de avaliação do exame Saeb, feito

Em entrevista à Folha de S. Paulo, o ex-ministro da Educação Paulo Renato de Souza tratou de jogar a culpa nas gestões estaduais, atacando a descontinuidade e a forma de implementação da chamada progressão continuada. “Tivemos políticas totalmente diferentes da secretária Rose para o secretário Chalita”, alega Paulo Renato. Sobre a progressão, continua o ex-ministro de FHC, “a escola tomou como se fosse uma simples aprovação automática”.



Já Rose Neubauer, secretária de educação de 1995-2002, passou a batata quente para as mãos de Gabriel Chalita, titular da pasta na gestão Geraldo Alckmin. Criticou programas implementados pelo sucessor e o desmonte do legado de sua gestão: “E não é só o fato de não dar continuidade. Você também não estimula a rede e os professores a levarem essas propostas com seriedade”, desabafa a ressentida ex-secretária. Quando confrontada com o fato de que ambas as gestões foram tucanas, sobra também para o PSDB: “algumas matérias não deveriam ser decisão só de um partido”.



A polêmica ganhou mais um atrativo com a declaração da atual secretária, Maria Lúcia Marcondes Carvalho Vasconcelos, de que pretende diminuir a duração dos ciclos de quatro para dois anos. A idéia é detectar antes as insuficiências na formação dos estudantes.



Críticas e mobilização social


No entanto, para Thiago Andrade, presidente da União Paulista dos Estudantes Secundaristas, o problema é bem maior. “O problema é que a progressão continuada implementada em São Paulo foi uma distorção da proposta de Paulo Freire. Não há acompanhamento, não há condições de os professores compreenderem as dificuldades individuais dos estudantes, devido às salas de aula superlotadas e à jornada de trabalho excessiva. Infelizmente, aqui em São Paulo a progressão continuada virou “emburrecimento progressivo”.



Thiago não deixa de estocar o ex-ministro Paulo Renato: “o pior é que o ex-ministro só foi dar razão ao movimento social com uma década de atraso. No governo FHC os estudantes já apresentavam críticas à progressão continuada, mas sequer éramos recebidos”.



A diretora da Apeoesp Francisca Pereira da Rocha, em recente entrevista ao Vermelho-SP sobre os resultados desalentadores do ensino público estadual, revela a luta do movimento sindical para o próximo período. “É preciso uma mudança radical de como o governo vê a educação em São Paulo. Teremos muitas lutas para defender a melhoria da qualidade de ensino. Não há alternativa senão a mobilização social e as manifestações de repúdio e insatisfação com o descaso e desorganização que o estado de São Paulo trata o sistema educacional”.


 


Fernando Borgonovi, pelo Vermelho-SP, com agências.