Frente Parlamentar pela integração do São Francisco dialoga com oposição

O depoimento da deputada Jusmari Oliveira (PFL-BA), na instalação da Frente Parlamentar em Defesa do Projeto de Integração do Rio São Francisco, materializou o desejo manifesto pelos oradores de estabelecer um contato com os oposicionistas do projeto.&

A instalação da Frente Parlamentar aconteceu nesta quarta-feira (14), na Câmara dos Deputados, reunindo parlamentares federais e estaduais, principalmente do Ceará e Paraíba; o ministro Pedro Brito e toda a diretoria do Ministério da Integração Nacional, religiosos e especialistas da área.


 


A deputada baiana contrária à obra se apresentou como representante das populações ribeirinhas do rio São Francisco – ela mesma uma ''beiradeira''. E disse que não era contrária a transposição do rio – ''não há furor e nem ira contra a integração'', garantiu, acrescentando que defende a posição dos ribeirinhos de que ''não é justo que Deus nos deu um rio e nós não temos água; e agora querem nos levar o rio''.


 


A queixa da deputada é de que as populações ribeirinhas não possuem água encanada e tem que andar grandes distâncias para conseguir água. O ministro Pedro Brito se comprometeu com a deputada de que vai providenciar a solução para o problema da comunidade dela. Para isso, disse que o Projeto de Aceleração do Crescimento (PAC) disponibiliza recursos para a revitalização do rio e o combate ao assoreamento.


 


Ideologização


 


Todos os oradores falaram sobre a necessidade de aprofundar o diálogo e levar o debate para as populações. Mas houve consenso de que o debate foi ideologizado e portanto torna a discussão difícil.


 


Dom Edmilson Cruz  falou sobre as dificuldades de convencimento dos que são contrários ao projeto, ''por que o debate foi ideologizado e levado para o fanatismo''.


 


Ao mesmo tempo, eles apostam em um diálogo aberto e franco, defendido na fala do senador Inácio Arruda (PCdoB-CE), para encontrar solução para a implantação do projeto.


 


O deputado Ciro Gomes (PSB-CE) destacou como importante tarefas da Frente Parlamentar – ''aprofundar o diálogo com a população, buscar diálogo com governadores progressistas, pedindo humildemente o ideal de justiça, de repartir a água, e nós vamos separar o joio do trigo e, as pessoas separadas, vamos confrontá-las''.


 


Para o parlamentar, ''esse assunto foi muito manipulado por irresponsabilidade política, eleitoral, egoísmo econômico, chegou ao ponto em que precisa de um diálogo bem intencionado, de boa fé, com a gente irmã nordestina, brasileira, que conhecendo os méritos do projeto, dirimidas suas dúvidas, não ficarão contra'', assegura.


 


Tarefas


 


O deputado Marcondes Gadelha (PSB-PB), que dirigiu os trabalhos, anunciou como primeiras tarefas da Frente Parlamentar a visita ao Presidente Lula para hipotecar solidariedade pela maneira como vem conduzindo o processo; articulação com as assembléias legislativas dos Estados beneficários e a instalação da Comissão Especial na Câmara dos Deputados para acompanhar as obras, sugerido pelo deputado Chico Lopes (PCdoB-CE).


 


Andamento das obras


 


O ministro Pedro Brito foi o primeiro a falar. Ele disse que o projeto atende as minorias desse país, e que é preciso ''reunir forças nos estados beneficiários para que tenha respaldo dos políticos, da população, dos empresários, de todos que vêem no projeto uma solução definitiva para o problema da seca''.


 


O ministro anunciou o andamento do projeto, destacando que dos 45 editais – quatro mais importantes são os das bombas, das obras, da supervisão e dos projetos executivos – já estão na praça''. Ele explicou que a obra será executado em 14 lotes, com prazo para conclusão em 2010.


 


''Todos os estudos foram concluídos, o projeto está pronto para ser iniciado. A única pendência é a licença de instalação do (Ibama Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis), que deve acontecer na próxima semana, dando início ao projeto'', afirmou.


 


O projeto prevê a construção de mais de 700 quilômetros de canais de concreto para levar uma parcela das águas do rio São Francisco a quatro estados do Nordeste: Paraíba, Pernambuco, Ceará e Rio Grande do Norte.


 


Também falou sobre os dados técnicos que devem fazer parte dos debates para o convencimento dos opositores do projeto. Segundo dados da organização das nações Unidas (ONU), um povo para se desenvolver e ter qualidade de vida necessidade de  1.500 metros cúbicos de água por habitante/no. No Nordeste Setentrional, a disponibilidade é de menos de 500 metros cúbicos de água por habitante/ano.


 


De Brasília
Márcia Xavier