Cantor pede desculpas por seu elogio à “bela” arte nazista
O cantor britânico Bryan Ferry pediu desculpas nesta segunda-feira (16) por comentários que fez em uma entrevista a um jornal alemão. Ele elogiou a iconografia nazista, descrevendo-a como “estarrecedora” e “verdadeiramente bela.”
Publicado 16/04/2007 21:16
Vocalista do Roxy Music, Ferry, de 61 anos, disse ao jornal alemão Welt Am Sonntag no mês passado: “A maneira como os nazistas se encenavam e apresentavam – meu Deus!”. O músico prosseguia: “Estou falando dos filmes de Leni Riefenstahl, das construções de Albert Speer, das marchas em massa e das bandeiras, simplesmente fantástico. Verdadeiramente belo.”
Em comunicado à imprensa, Ferry disse estar “profundamente perturbado” com a publicidade negativa desencadeada pela entrevista e acrescentou: “Eu, como todo ser humano em sã consciência, acho o regime nazista e tudo o que ele representou maligno e abominável.”
“Peço desculpas plenas por qualquer ofensa que possa ter sido provocada por meus comentários sobre a iconografia nazista, que foram feitos exclusivamente desde uma perspectiva da história da arte”, disse.
Desculpas aceitas
Líderes judaicos na Grã-Bretanha – alguns dos quais tinham condenado as observações de Ferry e questionado se a rede de varejo Marks & Spencers, que o emprega como modelo deveria demiti-lo – elogiaram o esclarecimento prestado pelo cantor.
“Saudamos o fato de que ele prestou um esclarecimento imediato dizendo que não houve intenção de expressar tolerância pelo regime nazista”, disse Jeremy Newmark, executivo-chefe do Conselho de Liderança Judaica. “Apesar disso, sua escolha de linguagem demonstrou profunda insensibilidade.”
Lorde Greville Janner, vice-presidente do Congresso Judaico Mundial, disse à Reuters: “O pedido de desculpas (de Ferry) foi total, apropriado e totalmente necessário. Espero que ele nunca cometa o mesmo erro outra vez.”
Vida pública e vida privada
A Marks & Spencers procurou distanciar-se do caso. “Não comentamos as vidas privadas de indivíduos com os quais trabalhamos, e nosso relacionamento comercial com eles não significa que endossamos quaisquer posições que eles possam ter”, disse o grupo em comunicado à imprensa.
Cineasta oficial de Hitler, Leni Riefenstahl foi tanto admirada quanto condenada por seus documentários – pioneiros em várias técnicas cinematográficas mas que glorificavam o nazismo. Já Albert Speer foi um arquiteto que trabalhou para Hitler.