CUT faz balanço dos protestos pelo veto a Emenda 3

A CUT e suas entidades filiadas realizaram diversas manifestações pelo país contra a Emenda 3 e a favor da manutenção do veto presidencial nesta terça-feira (10). As paralisações foram decididas durante plenária nacional que reuniu sete centrais sindicais

De acordo com o definido pelas centrais sindicais foram realizadas paralisações de uma a três horas de duração. Nos locais em que a produção não foi interrompida, os manifestantes fizeram atos de rua. Foram distribuídos milhares de panfletos, esclarecendo a população sobre o perigo representado sobre a Emenda 3. Onde foram realizadas, as manifestações alteraram a rotina das cidades.


 


Marotamente apensada pelos patrões no projeto que criou a Super Receita, a proposta tira a possibilidade de fiscais do trabalho multarem ou mesmo fecharem as empresas que burlam a legislação trabalhista. A principal forma de tapear a lei é através da contratação de Pessoas Jurídicas, os PJs, que não têm carteira assinada e nem os direitos previstos na CLT. A Emenda 3 foi vetada pelo presidente da República, mas o patronato faz lobby para que o Congresso derrube o veto e tungue os direitos de milhões de brasileiros.


 


Desde às 6 horas da manhã, quem pegava o Metrô nas estações Jabaquara, Itaquera, Sé e Barra Funda recebia o informativo ''Jornal do Usuário'', do Sindicato dos Metroviários de São Paulo, denunciando a manobra e mobilizando a sociedade contra a derrubada do veto. Segundo Flávio Godoy, presidente do sindicato, que é ligado à Central Única dos Trabalhadores, 60 mil jornais foram distribuídos. Funcionários do Metrô estarão em mobilização permanente, chamando a atenção da população com adesivos ''Em defesa dos direitos trabalhistas – Contra a Emenda 3''.


 


O Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo, ligado à Força Sindical, promoveu paralisações de duas horas em 46 empresas. A estimativa da entidade é que 32 mil trabalhadores tenham cruzado os braços. Para Eleno Bezerra, presidente, hoje as paralisações foram de advertência e podem se acirrar caso não aconteça um entendimento entre as partes. ''Queremos construir uma proposta para regulamentar os PJs sem tirar direitos dos trabalhadores'', argumenta. Para Eleno, a Emenda 3 é anticontitucional e ''abre a porteira para o setor patronal fazer o que quiser''. ''Caso os deputados insistam em derrubar o veto, teremos que ir para uma ofensiva muito maior, divulgando os deputados a serviço dos patrões nos seus estados'', promete o sindicalista.


 


O Sindicato dos Bancários de São Paulo pararam 25 agências no centro da cidade. O Sindicato dos Metalúrgicos do ABC também promoveu atos que paralisaram a Scania, a Volkswagem, a Ford e a Mercedes. Os trabalhadores também ocuparam as vias próximas às fábricas.


 


Os petroleiros e os trabalhadores da construção civil construíram manifestação unificada. Segundo os organizadores, mais de 4 mil trabalhadores pararam em frente à refinaria de Paulínia, cidade do interior de São Paulo. Para Antônio Carlos Spis, petroleiro e dirigente nacional da CUT, ''a manutenção do veto à Emenda 3 é fundamental para impedir o início da Reforma Trabalhista. Se a Emenda vingar, estaremos rasgando as carteiras de trabalho e instaurando as Pessoas Jurídicas, a essência da individualização das relações de trabalho''.


 


Mobilização e negociação para evitar o retrocesso


 


Várias outras manifestações aconteceram aqui e em outros estados. O Dia Nacional de Luta contra a Emenda 3 foi pautado em plenária realizada na semana passada, envolvendo trabalhadores vinculados às sete centrais sindicais do país (CUT, Força Sindical, CGT, SDS, CAT, Nova Central e CGTB). 


 


Na terça-feira (17/04), em Brasília, uma reunião envolvendo as centrais sindicais, a receita Federal e os ministérios do Trabalho, Fazenda e Previdência para discutirem o tema.


 


As centrais sindicais procuram, através da combinação entre mobilização e negociação com instâncias do governo, evitar que o veto presidencial seja votado e derrubado pelo lobby dos empresários. ''A CUT, em primeiro lugar, quer consolidar as leis trabalhistas. Não aceitamos transformar a exceção, que são os PJs, em regra, como querem os patrões'', afirma Carlos Rogério, secretário de políticas sociais da CUT. Apesar de o governo ter maioria no Congresso e o veto ser do próprio presidente da República, os sindicalistas conhecem a força dos grandes empresários entre os parlamentares. ''A composição de classe do parlamento fala mais alto do que ser da base governista'', arremata o dirigente sindical.


 


Veja como foram algumas manifestações em São Paulo:


 


São Paulo/Capital



Bancários
Cinco mil trabalhadores paralisados no Centro Velho de São Paulo a partir das 7h, 25 agências fechadas.
Químicos
Mil trabalhadores paralisados por duas horas na Aché, Avon e Eurofarma.
Metroviários
Distribuição de 60 mil informativos à população, alertando sobre os riscos da Emenda 3, em frente às principais estações de metrô.
Jornalistas e radialistas
Na Fundação Padre Anchieta (Rádios e TV Cultura), onde 300 funcionários são PJ, houve paralisação das atividades entre as 13h e 14h.


 



ABC e Região/SP



Montadoras e autopeças
50 mil metalúrgicos parados em São Bernardo e Diadema (destaque para Volkswagen, DaimlerCrhysler, Scania e Ford) por duas a três horas.
Químicos
Três mil trabalhadores paralisados por 3 horas em São Bernardo e Diadema na Davene, Coper, Basf, Pertech e Brascola.
Rodoviários
Três mil motoristas e cobradores parados das 7h30 às 9h em Santo André (12 empresas), São Bernardo (11 empresas), São Caetano (4 empresas), Mauá (3 empresas) e Ribeirão Pires (3 empresas).
Bancários
Ato na Rua Marechal Deodoro com o fechamento de 30 agências do ABC a partir das 10 horas. 300 trabalhadores participaram de assembléia na Igreja Matriz.



Campinas



Petroleiros
Ato unificado dos petroleiros e trabalhadores da construção civil 3,5 mil trabalhadores paralisados na Refinaria de Paulínia das 6 horas as 9 horas.



Sorocaba



Rodoviários
Cinco mil motoristas e cobradores paralisaram o transporte público das 4h às 10h; 230 mil passageiros utilizam os ônibus neste horário na região de Sorocaba, 5 mil operários da zona industrial, na Castelinho, atrasaram o trabalho entre 5h e 8h.



Mogi das Cruzes



Construção Civil
700 trabalhadores da Gyotoko, de Suzano, paralisaram a produção por 1 hora a partir das 7h panfletagem na Estação Central de Mogi das Cruzes pela manhã
Taubaté
Mil trabalhadores paralisados na Ford, de Taubaté, por 2 horas a partir das 6h 1,2 mil trabalhadores parados na LG, de Taubaté, por 2 horas a partir das 6h paralisação dos ônibus no Centro de Taubaté pela manhã manifestação no terminal urbano de Taubaté pela manhã.



Bauru



300 eletricitários paralisados na CTEEP de Bauru manifestação no Calçadão Batista de Carvalho, no Centro.


 
Santos



Fechamento da Rodovia Piaçagüera no acesso ao Parque Industrial de Cubatão por 2 horas a partir das 6 horas e panfletagem. Atraso de 2 horas na produção das fábricas; 40 mil trabalhadores envolvidos de empresas como COSIPA, Refinaria e Bunge. Às 14h panfletagem no Porto (1 mil trabalhadores) – atrasar em 1 hora jornada.


 


Fonte: Boletim da CSC