CUT faz balanço dos protestos pelo veto a Emenda 3
A CUT e suas entidades filiadas realizaram diversas manifestações pelo país contra a Emenda 3 e a favor da manutenção do veto presidencial nesta terça-feira (10). As paralisações foram decididas durante plenária nacional que reuniu sete centrais sindicais
Publicado 17/04/2007 18:20 | Editado 04/03/2020 17:19
De acordo com o definido pelas centrais sindicais foram realizadas paralisações de uma a três horas de duração. Nos locais em que a produção não foi interrompida, os manifestantes fizeram atos de rua. Foram distribuídos milhares de panfletos, esclarecendo a população sobre o perigo representado sobre a Emenda 3. Onde foram realizadas, as manifestações alteraram a rotina das cidades.
Marotamente apensada pelos patrões no projeto que criou a Super Receita, a proposta tira a possibilidade de fiscais do trabalho multarem ou mesmo fecharem as empresas que burlam a legislação trabalhista. A principal forma de tapear a lei é através da contratação de Pessoas Jurídicas, os PJs, que não têm carteira assinada e nem os direitos previstos na CLT. A Emenda 3 foi vetada pelo presidente da República, mas o patronato faz lobby para que o Congresso derrube o veto e tungue os direitos de milhões de brasileiros.
Desde às 6 horas da manhã, quem pegava o Metrô nas estações Jabaquara, Itaquera, Sé e Barra Funda recebia o informativo ''Jornal do Usuário'', do Sindicato dos Metroviários de São Paulo, denunciando a manobra e mobilizando a sociedade contra a derrubada do veto. Segundo Flávio Godoy, presidente do sindicato, que é ligado à Central Única dos Trabalhadores, 60 mil jornais foram distribuídos. Funcionários do Metrô estarão em mobilização permanente, chamando a atenção da população com adesivos ''Em defesa dos direitos trabalhistas – Contra a Emenda 3''.
O Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo, ligado à Força Sindical, promoveu paralisações de duas horas em 46 empresas. A estimativa da entidade é que 32 mil trabalhadores tenham cruzado os braços. Para Eleno Bezerra, presidente, hoje as paralisações foram de advertência e podem se acirrar caso não aconteça um entendimento entre as partes. ''Queremos construir uma proposta para regulamentar os PJs sem tirar direitos dos trabalhadores'', argumenta. Para Eleno, a Emenda 3 é anticontitucional e ''abre a porteira para o setor patronal fazer o que quiser''. ''Caso os deputados insistam em derrubar o veto, teremos que ir para uma ofensiva muito maior, divulgando os deputados a serviço dos patrões nos seus estados'', promete o sindicalista.
O Sindicato dos Bancários de São Paulo pararam 25 agências no centro da cidade. O Sindicato dos Metalúrgicos do ABC também promoveu atos que paralisaram a Scania, a Volkswagem, a Ford e a Mercedes. Os trabalhadores também ocuparam as vias próximas às fábricas.
Os petroleiros e os trabalhadores da construção civil construíram manifestação unificada. Segundo os organizadores, mais de 4 mil trabalhadores pararam em frente à refinaria de Paulínia, cidade do interior de São Paulo. Para Antônio Carlos Spis, petroleiro e dirigente nacional da CUT, ''a manutenção do veto à Emenda 3 é fundamental para impedir o início da Reforma Trabalhista. Se a Emenda vingar, estaremos rasgando as carteiras de trabalho e instaurando as Pessoas Jurídicas, a essência da individualização das relações de trabalho''.
Mobilização e negociação para evitar o retrocesso
Várias outras manifestações aconteceram aqui e em outros estados. O Dia Nacional de Luta contra a Emenda 3 foi pautado em plenária realizada na semana passada, envolvendo trabalhadores vinculados às sete centrais sindicais do país (CUT, Força Sindical, CGT, SDS, CAT, Nova Central e CGTB).
Na terça-feira (17/04), em Brasília, uma reunião envolvendo as centrais sindicais, a receita Federal e os ministérios do Trabalho, Fazenda e Previdência para discutirem o tema.
As centrais sindicais procuram, através da combinação entre mobilização e negociação com instâncias do governo, evitar que o veto presidencial seja votado e derrubado pelo lobby dos empresários. ''A CUT, em primeiro lugar, quer consolidar as leis trabalhistas. Não aceitamos transformar a exceção, que são os PJs, em regra, como querem os patrões'', afirma Carlos Rogério, secretário de políticas sociais da CUT. Apesar de o governo ter maioria no Congresso e o veto ser do próprio presidente da República, os sindicalistas conhecem a força dos grandes empresários entre os parlamentares. ''A composição de classe do parlamento fala mais alto do que ser da base governista'', arremata o dirigente sindical.
Veja como foram algumas manifestações em São Paulo:
São Paulo/Capital
Bancários
Cinco mil trabalhadores paralisados no Centro Velho de São Paulo a partir das 7h, 25 agências fechadas.
Químicos
Mil trabalhadores paralisados por duas horas na Aché, Avon e Eurofarma.
Metroviários
Distribuição de 60 mil informativos à população, alertando sobre os riscos da Emenda 3, em frente às principais estações de metrô.
Jornalistas e radialistas
Na Fundação Padre Anchieta (Rádios e TV Cultura), onde 300 funcionários são PJ, houve paralisação das atividades entre as 13h e 14h.
ABC e Região/SP
50 mil metalúrgicos parados em São Bernardo e Diadema (destaque para Volkswagen, DaimlerCrhysler, Scania e Ford) por duas a três horas.
Químicos
Três mil trabalhadores paralisados por 3 horas em São Bernardo e Diadema na Davene, Coper, Basf, Pertech e Brascola.
Rodoviários
Três mil motoristas e cobradores parados das 7h30 às 9h em Santo André (12 empresas), São Bernardo (11 empresas), São Caetano (4 empresas), Mauá (3 empresas) e Ribeirão Pires (3 empresas).
Bancários
Ato na Rua Marechal Deodoro com o fechamento de 30 agências do ABC a partir das 10 horas. 300 trabalhadores participaram de assembléia na Igreja Matriz.
Campinas
Ato unificado dos petroleiros e trabalhadores da construção civil 3,5 mil trabalhadores paralisados na Refinaria de Paulínia das 6 horas as 9 horas.
Sorocaba
Cinco mil motoristas e cobradores paralisaram o transporte público das 4h às 10h; 230 mil passageiros utilizam os ônibus neste horário na região de Sorocaba, 5 mil operários da zona industrial, na Castelinho, atrasaram o trabalho entre 5h e 8h.
Mogi das Cruzes
Construção Civil
700 trabalhadores da Gyotoko, de Suzano, paralisaram a produção por 1 hora a partir das 7h panfletagem na Estação Central de Mogi das Cruzes pela manhã
Taubaté
Mil trabalhadores paralisados na Ford, de Taubaté, por 2 horas a partir das 6h 1,2 mil trabalhadores parados na LG, de Taubaté, por 2 horas a partir das 6h paralisação dos ônibus no Centro de Taubaté pela manhã manifestação no terminal urbano de Taubaté pela manhã.
Bauru
Santos
Fonte: Boletim da CSC