Uruguai: Frente Ampla e Vásquez batem de frente pela 1ª vez

Pela primeira vez durante seu mandato como presidente do Uruguai, Tabaré Vásquez se vê diante de um impasse de maiores proporções com a Frente Ampla, coligação de centro-esquerda que o levou ao principal cargo do país. O motivo é um projeto de lei propost

A Frente Ampla se indispôs com o governo por um detalhe do projeto: o texto não diferencia as vítimas dos militares daquelas que morreram em virtude de ações das guerrilhas que existiram no país. A proposta da coligação governista é que sejam criados dois projetos distintos.



Publicamente, a Frente Ampla diz que o projeto irá apenas passar por modificações pontuais. No entanto, na semana passada uma comissão formada por deputados e senadores se reuniram com o secretário da Presidência, Gonzalo Fernandez, para informar oficialmente que rechaçavam completamente o projeto.



Outro detalhe do projeto que causou polêmica foi a proposta de indenizar somente as famílias de vítimas que faleceram entre 1962 e 1976. Há deputados que entendem que nos anos 80 também houve casos de mortos e desaparecidos no país.



A Frente Ampla entende que poderia simplesmente barrar o projeto de lei no Congresso, mas optou por conversar com o Poder Executivo e tentar fazer modificações que contemplem seu ponto de vista.



Para a senadora Mónica Xavier, não podem ser esquecidos os avanços que o atual governo já conseguiu no que diz respeito ao resgate da história recente do Uruguai, facilitando o acesso ao que realmente aconteceu nesse momento obscuro do país. “Mas isso não significa que podemos aceitar fatos que faltem com a verdade histórica”, disse.



Segundo dados de organizações de direitos humanos no país, se o governo levar em consideração os mortos pela ditadura até o ano de 1985 (data em que os militares deixaram o poder), haverá ao menos duas dezenas de famílias de vítimas que também precisarão receber algum tipo de indenização, além das inicialmente previstas.