A música que detonou uma revolução do povo

A letra, aos ouvidos do regime, era claramente socialista, embora tratasse mais precisamente da fraternidade entre os moradores de Grândola – uma região do Alentejo, em Portugal. Salazar não pensou duas vezes e proibiu a música. Mas o impacto posterior de Grândola, decorrente da revolução, foi tanto que, como lembra uma nota recente no Blog do Nivaldo Santana, Chico Buarque até homenageou a canção com outra música, também censurada.

A tese de que Grândola deflagrou a revolução merece citação até na conservadora Wikipedia. ''Grândola, Vila Morena é a canção composta e cantada por Zeca Afonso que foi escolhida pelo Movimento das Forças Armadas (MFA) para ser a segunda senha de sinalização da Revolução dos Cravos'', diz a enciclopédia virtual. ''Às 0h20 do dia 25 de Abril de 1974, a canção era transmitida numa rádio nacional, como sinal para confirmar as operações da Revolução.''

O jornalista Pedro Laranjeira, testemunha da revolução, destrincha a história. No mês de março, em artigo para o primeiro número da revista mensal Perspectiva (clique aqui para ler), Laranjeira escreve que ''7 mil vozes'' cantavam Grândola nas ruas quando ''aconteceu o inesperado''.

''A certa altura, em vez de a música continuar alentejana, o próximo verso foi o primeiro do Hino Nacional – assim, sem pausa, sem transição, sem que ninguém tivesse dito nada… parece que foi um sentimento coletivo que 7 mil pessoas tiveram!''.

O Vermelho também homenageia a Revolução dos Cravos trazendo a letra de Grândola, Vila Morena (ao lado) e um pequeno clipe da música, postado no YouTube (abaixo). Valem as palavras de um internauta que viu o vídeo: ''Que nunca se perda este espírito livre, de Abril, de Portugal. Vivam os heróis da liberdade e da Pátria''.

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