Sem-teto de Itapecerica recusam-se a sair: “Não temos aonde ir”

Mais de 3 mil famílias do acampamento João Cândido correm o risco de ser despejadas, amanhã (7), da área que ocuparam em  Itapecerica da Serra, Grande São Paulo. “O movimento não sairá do acampamento João Cândido amanhã, como havia sido comprometido

A afirmação foi feita em ato público no final da manhã deste domingo (6), com o apoio de políticos, representantes da igreja católica, intelectuais e dirigentes sindicais. Boulos informou que o movimewnto tentará novo diálogo com as partes envolvidas – o dono do lote, o governo estadual, Polícia Militar e o Judiciário, para que a saída seja, novamente, adiada. Do alto de um carro de som, na entrada do acampamento, os oradores se revezaram em discursos favoráveis ao movimento.



Boulos disse acreditar que o grupo obterá autorização para permanecer no local por mais tempo: “É uma questão de sensatez, porque já foi viabilizada a solução para a moradia definitiva. O proprietário conseguiu a reintegração de posse para continuar deixando um vazio nesse latifúndio, como fez nos últimos 20 anos”, criticou Boulos.
Há quase dois meses as famílias ocuparam a área devoluta, de um quilômetro quadrado, no bairro de Valo Velho. Desde então, fez várias manifestações visando chamar a atenção para sua causa, inclusive uma concentração em frente à Daslu, megaboutique que é o símbolo do consumo de altíssimo luxo em São Paulo.



Ao mesmo tempo, o MTST buscou a via da negociação, visando obter moradias provisórias, pelo tempo necessário para a construção das casas. Estas estão em processo de planejamento por parte da Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano (CDHU) e Caixa Econômica Federal.



Um dos acampados, o pintor de paredes Antônio Faustino da Silva, de 38 anos, contou que vive de “bicos” e que há 15 anos mora na região, depois de deixar o Rio Grande do Norte. Com a mulher e os três filhos menores, ele ergueu o barraco com plásticos e estacas de bambu, depois de ter passado pelo estado de Mato Grosso. E disse que “a situação das famílias vai tocar na sensibilidade das autoridades e do próprio dono do terreno, para aumentarem o prazo”.



Com informações da Agência Brasil