Sem-terra ocupam sede do Incra
Movimento concluiu as negociações com o Governo do Estado, mas critica falta de apoio no âmbito federal.
Publicado 07/05/2007 10:54 | Editado 04/03/2020 16:37
Os manifestantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST) concluíram as negociações com o Governo do Estado e saíram em marcha, na manhã deste domingo, da Avenida Bezerra de Menezes para a Avenida José Bastos, onde acamparam novamente, agora em frente à sede do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra). Aproximadamente 750 trabalhadores e trabalhadoras e 55 crianças se acomodaram nas dependências externas do órgão e no canteiro central da avenida.
Durante a passeata, os trabalhadores rurais sem-terra gritaram palavras de ordem e deixaram sua mensagem em uma manhã calma de domingo: “Reforma Agrária Já!”. Com essa bandeira de luta, os integrantes do MST esperam ser recebidos pela direção nacional do Incra em Fortaleza. Eles argumentam que o Governo Federal não está dando a atenção devida para a Reforma Agrária. “Queremos uma assembléia com o Incra nacional no Ceará”, frisa um dos integrantes da direção estadual do movimento, Marcelo Matos.
De acordo com ele, o MST permanecerá no local por tempo indeterminado, até que haja algum avanço nas negociações com o Governo Federal. Enquanto isso, os sem-terra prometem radicalizar as ações (como fechar o tráfego nas rodovias federais) caso a União se recuse a negociar.
Os sem-terra passaram cinco dias acampados em frente à Secretaria do Desenvolvimento Agrário do Estado (SDA). Na noite do último sábado, uma comissão apresentou ao governador do Estado, Cid Gomes, e ao titular da SDA, Camilo Santana, as últimas reivindicações, finalizando a reunião iniciada ainda na sexta-feira.
A direção estadual do MST conceituou como “razoável” as negociações com o Governo. De acordo com um dos membros, Erivando Santos, uma das principais conquistas é a promessa de discussão da Lei de Terras do Ceará. “Essa mudança será um avanço no campo da Reforma Agrária estadual”.
Atualmente, existem mais de 300 assentamentos no Ceará, sendo cerca de 185 assistidos pelo MST, e 28 acampamentos em fazendas improdutivas e à beira de rodovias. O equivalente a 10 mil famílias assentadas e outras 2 mil acampadas.
Ao término da reunião, que ocorreu a portas fechadas na sede da SDA, Camilo Santana falou a todos os membros do MST acampados na Bezerra de Menezes. Em seu discurso, o secretário garantiu a existência de um canal de diálogo constante entre Governo e MST. “As portas estão abertas”, disse.
Na avaliação dele, o Governo avançou nas discussões sobre a Reforma Agrária. “O compromisso do governador começou a partir da criação da Secretaria de Desenvolvimento Agrário, que tem como objetivo trabalhar exclusivamente com os agricultores do Ceará”.
ACORDOS
Reforma: O Governo irá rever a Lei de Terras do Ceará, a fim de poder desapropriar terras, função hoje restrita ao Incra.
Educação: Projetos do MST, para a construção de escolas, serão apresentados ao MEC pelo governador.
Melhorias: O Governo avaliará a possibilidade de reformar as escolas dos assentamentos do MST.
Renda: Serão elaborados projetos, no mínimo um por assentamento, visando ao fortalecimento das atividades agrícolas e pecuárias
Reunião: Representantes do Incra, Ematerce, UFC e SDA discutirão a questão da assistência técnica nos assentamentos.
Viagem: O Governo disponibilizará sete ônibus para o movimento estadual participar do 5º Congresso Nacional do MST, em Brasília.
Fonte: Diário do Nordeste