Energia para o Brasil crescer
A energia é um dos campos estratégicos para o avanço econômico de uma nação. O Amazonas se desenvolve como produtor de energia térmica no Brasil, embora os recursos naturais favorecessem a produção de
Publicado 09/05/2007 16:57 | Editado 04/03/2020 16:13
No dia 15 de maio, a Petrobras no Amazonas fará o lançamento da tubulação da travessia do Rio Negro com expectativa da vinda do presidente Lula e uma oportunidade para a sociedade tomar conhecimento da obra do gasoduto Coari-Manaus. A tecnologia para a exploração de energia térmica no Amazonas é brasileira em conjunto com experiências tecnológicas utilizadas na Transsiberiana na Rússia e no Mar do Norte na Espanha.
Em entrevista ao Vermelho, o engenheiro Aldemir Caetano, operador da Refinaria de Manaus da Petrobras (Reman) e secretário de administração e finanças da Federação Única dos Petroleiros (FUP) fala do estágio das obras do gasoduto e sobre a questão energética no Estado.
Vermelho: Qual o tempo para a conclusão das obras?
Caetano: O gasoduto Coari-Manaus está na fase de concretagem e colocação da tubulação, com aproximadamente 20% de sua capacidade construída e previsão para ser finalizado em 2008. Os dutos possuem 50 cm de diâmetro e requerem uma área desmatada de 20 metros na dimensão onde a tubulação passa.
V: Quais as regiões que foram encontrados gás/petróleo no Amazonas?
C: No Amazonas, o maior município produtor de gás é Coari (Bacia de Urucu), mas também há equipes perfurando poços a procura de petróleo no Vale do Juruá, Silves e Autazes. Na reserva de Urucu é encontrado o gás associado (petróleo e gás). A Petrobras possui uma unidade de processamento de gás natural que separa o óleo do gás. Este é reinjetado no subsolo, armazenando-o para gerar energia térmica. As reservas brasileiras produtoras de gás e petróleo estão localizadas nas bacias de Urucu (AM), Campos (RJ), Santos (SP), Manati (SE).
V: Qual é a matriz energética da região hoje e qual pretende ser?
C: Hoje a matriz no Amazonas é térmica. Há usinas em Manaus que queimam óleo diesel como combustível. O gás viria substituir isso, embora também tenha impacto na poluição, porém é menor e a energia é mais barata.
V: Quais as principais implicações que esta produção enfrenta?
C: Tivemos dificuldades com as ONGs, como a Comissão Pastoral da Terra (CPT) e o Greenpeace. Eles diziam que havia índios no local, quando foi desmascarada essa tese. Disseram que havia perambulação indígena, depois que o desmatamento era grande e que poderia assorear os rios, o que não é verdade. Não vai ter impacto. O impacto será mínimo e sem danos durante a obra. Temos que ter o Relatório de Impacto Ambiental (RIMA). O gasoduto irá atravessar alguns igarapés e o rio Negro em duas partes: em frente à Aparecida e outra na Reman. Participamos de várias audiências públicas. Passamos por todas essas fases e estamos na construção.
V: E quanto à fase do gasoduto Coari-Porto Velho?
C: Por questões econômicas o gasoduto Coari-Porto Velho ficou em segundo plano. O transporte seria em barcaça, o que custa caro e a complexidade maior. Além é mais perigoso, tanto da segurança ambiental quanto da humana. O PCdoB impediu isso, através de ação judicial, movida pelos parlamentares Vanessa Grazziotin, Eron Bezerra e outros camaradas do Rio de Janeiro. Isso aconteceu nos governos Amazonino e FHC. Lula assumiu o compromisso do gasoduto para a Região na campanha, fruto de uma cobrança nossa.
V: Qual é o cenário da dependência da energia brasileira?
C: O Brasil consome 60% do gás da Bolívia, uma dependência muito grande neste insumo. Essa dependência se deu no governo Fernando Henrique Cardoso, quando houve apagões por causa da secas das hidrelétricas. Teve que fazer racionamento, discutindo o aumento do parque térmico. Isso justifica a utilização das usinas termelétricas: fazer queima de óleo ou gás. O gás era mais barato. A Petrobrás teve que fazer alguns aportes dentro das refinarias e garantir o gás para as indústrias e termelétricas.
V: A produção de energia é um campo estratégico para a economia. Quais os reflexos do gás para a economia regional e nacional?
C: Irá diminuir o custo final dos produtos. O País vai ganhar, não diretamente para nós consumidores, mas para os subsidiários de outros estados. Serão mais empregos, mais ICMS, aumento da capacidade de energia, agroindústria.
V: A produção de gás e petróleo nos tornará auto-suficiente quanto à energia?
C: O Brasil vai diminuir a dependência alternativa que o Brasil vem desenvolvendo. Já se pode até 2015 associar 5% de biodiesel normal. Vamos diminuir a importação do diesel. Ainda importamos diesel. O Brasil é exportador de gasolina e importador de diesel da Argentina, Chile, Venezuela.
V: O que podemos desenvolver de como alternativas energéticas?
C: O potencial que temos de energia térmica irá durar 50 anos, a saída é desenvolver energia alternativa. Na Alemanha, por exemplo, eles utilizam a energia solar. Eles instalam o teto solar em suas casas, sem custo, com sistema de débito e crédito e fornecem para a rede, recebendo energia limpa, sem seqüela ambiental. E lá só faz 4 meses de sol! Aqui seria favorável porque faz sol o ano inteiro. O sistema é fácil de montar, porém depende da popularização da indústria de placas solares, porque o investimento ainda é alto. Tem que haver políticas de governo para isso.
De Manaus,
Cinthia Guimarães