Paraíba chora a morte da “Rainha do Xaxado”

A Paraíba amanheceu mais triste nesta terça-feira, 15, com a morte da cantora Marinês. Conhecida como “LUIZ GONZAGA DE SAIAS”, Marinês morreu ontem pela manhã, no Recife, vítima de um AVC. O enterro aconteceu hoje às 10h;em Campina Grande. A cantora in

A acauã, bem no alto do pau ferro, canta forte. Mas, ao invés de reclamar pela sua falta de sorte, como na canção “Aquarela Nordestina” de Rosil Cavalcanti, imortalizada como uma espécie de hino pela voz da cantora Marinês, a ave sertaneja chora e lamenta, justamente, a perda da Rainha do Xaxado, da “Luiz Gonzaga de Saias”.


 


Marinês morreu ontem pela manhã, na Unidade de Terapia Intensiva do Hospital Real Português, no Recife, onde estava internada desde o último dia 7, vítima de um Acidente Vascular Cerebral (AVC).  Por volta das 3 horas da madrugada a cantora sofreu um novo AVC, dessa vez hemorrágico, e morreu às 9h45. Na sexta-feira da semana passada, o quadro de saúde da cantora havia melhorado e os médicos chegaram a cogitar sua alta da UTI. Aos 72 anos Marinês era safenada, tinha diabetes e foi vítima, no fim do ano passado, de uma isquemia cerebral.


 


O corpo foi velado no Teatro Municipal Severino Cabral, a pedido da família. Um grande número de pessoas passou pelo Teatro para o último adeus à cantora, entre eles artistas e autoridades locais. O enterro foi no cemitério Parque da Paz, na Alça Sudoeste.


 


Luto oficial


O Governo do Estado e a prefeitura de Campina Grande decretaram luto por três dias.


 


O governador Cássio Cunha Lima assinou o decreto que estabelece luto de três dias na tarde desta segunda-feira. O ato será publicado na edição do Diário Oficial do Estado desta terça-feira.


 


Cássio tomou conhecimento da morte da cantora logo cedo desta segunda-feira. Ele ressaltou a grande contribuição à cultura nordestina dada por Marinês ao longo de mais de 50 anos de carreira, principalmente pela autenticidade de uma obra marcada pelo compromisso com a sua terra e sua gente.


 


O governador observou que a Paraíba perdeu, no espaço de meses, dois nomes legendários das músicas brasileira e regional: Sivuca e Marinês.


 


“O mais importante é que o legado desses dois mitos de nossa cultura vai permanecer para sempre na memória e no coração de nosso povo”, assegurou ele.


 


O mito


 


Filha de um cangaceiro do grupo de Lampião, Manoel Caetano de Oliveira, Marinês foi a primeira mulher a liderar um grupo de forró, ‘Marinês e sua Gente’, que teve o seu primeiro disco lançado em 1956. Nascida em Pernambuco, veio para a Paraíba criança, como está registrado na canção “Só gosto de tudo grande”, (“Minha mãe me levou pra uma cidade de nome Campina Grande”, diz a letra). Foi na Paraíba que ela se projetou para o Brasil


 


A crítica musical e grandes expoentes da MPB sempre renderam o seu preito ao talento de Marinês. Para o crítico de música Ricardo Cravo Albim, em seu Dicionário de Música Popular Brasileira, “Marinês merece – e sempre mereceu – todas as homenagens que nossos ouvidos, às vezes por demais urbanizados, se negam a prestar ao Nordeste e a seu povo”. Gilberto Gil, no livro Marinês Canta a Paraíba, lançado pelo FIC no ano passado, diz que a história do baião não poderia ser contada sem ela.


 


Marinês tinha show agendado para o dia 2 de junho, durante o Maior São João do Mundo. A coordenação do evento está estudando uma forma de homenageá-la nesta data.


 



De Campina Grande, PB


Ana Cristina Santos


Com colaboração de Astier Basilio e Maria Zita Almeida