Texteis Lutam Pela Retomada do Sindicato em Montes Claros

Em meio ao processo eleitoral para definição da nova direção do sindicato dos trabalhadores têxteis em Montes Claros, todos os funcionários da chapa de oposição são demitidos pela empresa COTEMINAS. Motivo: pertencerem

 A demissão se efetivou porque a atual direção do sindicato – há mais de 20 anos no poder – acionou a empresa delatando um a um os integrantes da chapa rebelde.


Entretanto, os trabalhadores conseguiram o direito de reingressar ao trabalho, por decisão recente da justiça. O próximo passo será a anulação do processo eleitoral que reconduziu o grupo de pelegos a direção sindical dos têxteis.


 


Esse, no entanto, é apenas o prólogo de uma história que nem bem começou. Neste imbróglio três questões chamam a atenção: 1 – O fato em si, já relatado; 2 – A disputa jurídica e; 3 – O significado que essa disputa encerra.


Quanto à disputa jurídica, o próximo passo é a definição sobre a anulação ou não do processo eleitoral, ilegítimo sob o ponto de vista da grande maioria dos trabalhadores da categoria. A decisão, segundo o advogado que acompanha o grupo demitido, não deve tardar.


 


Contudo, tanto a decisão sobre a validade do processo eleitoral, quanto a da reintegração dos têxteis da Chapa de OPOSIÇÃO, deve se estender até a última instância: o Tribunal Superior do Trabalho. Ressalta-se que a decisão atualmente em vigor tem efeito imediato, não podendo o atual recurso suspender a decisão em vigor.


 


Ademais, uma eventual vitória judicial classista no que toca a anulação da eleição tem efeito duplo: a obrigatoriedade de novo pleito eleitoral sem os vícios da primeira, e o reforço da primeira decisão que reintegra os trabalhadores, uma vez que anulada as eleições os trabalhadores, enquanto integrantes de uma chapa de oposição adquirem estabilidade.


 


Estes são apenas os passos já definidos nessa peleja jurídica. Muitos outros virão. Sobretudo, se as decisões aguardadas forem favoráveis aos trabalhadores que ousaram construir a heróica Chapa de OPOSIÇÃO.


 


Se assim acontecer e uma nova diretoria sindical se estabelecer, a luta continuará com vistas ao seu reconhecimento, ou seja, para que possa entrar nas fábricas, conversar com os trabalhadores, fazer assembléias, enfim dirigir o conjunto da categoria e encampar as lutas e campanhas necessárias à conquista de direitos e valorização da força de trabalho de seus representados.


 


Felizmente, a disputa nos tribunais – que não pode ser desprezada – tem sido encarada pelo grupo da antiga Chapa de OPOSIÇÃO apenas como uma das frentes de luta. O grupo tem feito enorme esforço para manter a mobilização e a categoria unida. E tem conseguido. A presença na porta de fábrica, as constantes panfletagens, a solidariedade classista de outros sindicatos e de parlamentares como Jô Moraes (dep. Federal), Carlim (dep. estadual) e Lipa Xavier (vereador) têm mantido em constante estado de alerta o conjunto dos trabalhadores da COTEMINAS / COTENOR.


 


Esta solidariedade se explica pelo significado do embate. Caso confirmada, a vitória desses trabalhadores significa a vitória de toda uma classe. Enfim, de todos que com o suor do seu rosto e engenhosidade de suas mentes produzem as riquezas de nossos dias. Especialmente daqueles trabalhadores e trabalhadores que ousaram enfrentar o arbítrio e venceram, a despeito da truculência, do poder econômico e dos estreitos laços com a justiça por parte do grande capital.


 


Em tempos de flagrante ofensiva do capital contra os direitos dos trabalhadores, uma vitória como esta pode sinalizar uma viragem, a favor do movimento sindical de toda a região.


 


De Montes Claros


Frederico Nunes