Júlio Romão comemora 90 anos com festa no PCdoB
O escritor, teatrólogo, jornalista e cientista político, Júlio Romão da Silva completa hoje, 22 de maio, 90 anos de idade. Para comemorar a data, o PCdoB/PI realizou um café da manhã na sede em Teresina.
Publicado 22/05/2007 12:22 | Editado 04/03/2020 17:02
A camarada Lourdes Rufino (vice-presidente do PCdoB/PI) saudou Julio Romão em nome de todos os comunistas. A mensagem repassada por Lourdes enfatizou o carinho e o orgulho que o PCdoB possui em ter um cidadão como Júlio Romão no seu quadro de filiados.
Romão agradeceu a homenagem lendo um discurso seu sobre o que é política, uma análise de políticos e eleitores. O discurso foi publicado no Jornal O Dia em 1996, quando o escritor candidatou-se à Câmara Municipal de Teresina. Em 2006, Romão foi candidato a deputado estadual pelo PCdoB.
Leia abaixo ínregra do discurso de Julio Romão:
O meu discurso de candidato derrotado
* Júlio Romão da Silva, cientista político
A final o que é política? Já sei. O que de imediato lhe ocorre responder é aquilo que já nos acostumamos a ouvir: Política é “sujeira”. E logo se lembrará daquele “político” com quem você barganhou o seu voto na última eleição. Aquele “boa pinta” bem falante que no decorrer da campanha eleitoral, lhe abraçava, visitava-o em sua casa, prometia-lhe mundos e fundos. Logicamente, se lembrará disso, e, espumando de raiva pelo logro em que se deixou enlear, cuspindo dará vazão à sua revolta: “Todo político é ladrão. É Safado”. Não é bem assim, minha amiga e meu amigo. A generalização é injusta. E o seu conceito sobre política, é errôneo. Política, na clássica, pura e exata acepção da palavra, não é isso que os “politiqueiros” querem que você pense que é. Política é uma ciência por cujo adjetivo eu me identifico. É pelo menos o que se infere das explicações lexicológicas e tratados filosóficos sobre assunto. Em resumo: Política é a arte de governar e não de roubar.
Não misture, pois, “alhos com bugalhos”, confundindo política com “politicagem”, nem político com “canalha”. Será que você mesmo não foi e esta sendo conivente ativo ou passivo com essa política de cambalachos, de moral bifronte e processos fraudulentos, de todos nós tão conhecida? E sabia que, por acaso, quer vender e comprar voto é crime sujeito a penalização legal por quem pratica? Pois se não sabia e alienou seu voto aos “politiqueiros” por preço vil e promessas ilusórias, saiba que caiu no “conto-do-paco”. E está na mesma situação daquele indivíduo que assinou escritura de venda e compra de um terreno no céu, e depois foi queixar-se ao juiz do vigarista que fazia passar por corretor de imóveis no espaço celeste. De quem é a culpa? Quando souber, responda para si mesma.
O dicionário, vulgarmente conhecido “pai dos burros”, elucida: “Política s. f. (gr. Politike). Ciência do governo dos povos (…). Conjunto dos negócios de Estado, maneira de conduzir”. Simples, não!
Resta esclarecer que a vida em sociedade em si já envolve um ato político. Certamente política não é arte do diabo. Ao contrario dos regimes absolutistas ou das ditaduras, em que uma só cabeça pensa e decide por todas, nos regimes democráticos-republicanos, segundo nos ensinaram, todo poder emana do povo e em nome dele é exercido, e quem faz o governo é o povo. Logo o povo é responsável pelo bom ou mal desempenho dos governantes que elege por intermédio do voto para gerir os negócios de Estado.
Daí, aliás, o bem conhecido adágio: “Cada povo tem o governo que merece”.
Não esquece. Pense: longe vai o tempo das monarquias coroadas dos fidalgos de “sangue-azul”, diferente do nosso Rubro, Vermelho como o nosso e o de Cristo sacrificado entre o bom e o mal ladrão na cruz no Monte Calvário.