Uriel Villas Boas avalia proposta de reforma sindical

O membro da Corrente Sindical Classista, Uriel Villas Boas, ex-presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Santos, avalia a proposta articulada pelo governo federal e pelas centrais sindicais, sobre a reforma sindical. Villas Boas defende novos rumos para

Uma proposta viciada
 


A estrutura sindical brasileira vai entrar em uma nova fase. Os entendimentos entre o Governo Federal e as lideranças das Centrais Sindicais criadas à margem da legislação formalizada em meados do século passado, apontam para o reconhecimento dessas entidades como organismos legais. É um fato que deveria merecer uma grande comemoraçã, mas no fundo, há uma certa frustração. Lembra muito a atitude tomada pelo ditador Vargas  lá pelos idos de 1943, determinando as regras para funcionamento dos sindicatos. Surgiu a estrutura confederativa, com  as Confederações, Federações e Sindicatos. É a mesma situação em relação ao sindicalismo patronal.


 


Para manter as entidades, além da mensalidade dos associados, a cada ano é  descontado um dia de salário, dos sócios e não sócios. Que para muitos casos resolveu o problema. São alguns milhares de sindicalistas que usam essa verba dispensando inclusive a sindicalização. Controlam  o sindicato como sua empresa.


 



O tempo passou, as lutas continuaram visando a criação de um comando único, de uma Central. A ditadura militar cortou um esboço de Central, montado no inicio dos anos 60.


 



No final da ditadura, veio enfim a CUT e a Conclat. Depois vieram outras representações. Hoje são sete as centrais, quase todas contando com a participação de direções vinculadas ao sindicalismo confederativo.


 


 
No inicio do primeiro  Governo  Lula um Conselho foi formado, com a participação de representantes do Governo, patrões e empregados buscando a adequação do sindicalismo a um novo tempo. Muitos debates, muitas discussões, muitas divergências e a idéia não avançou. Vem o segundo mandato e ao que parece as Centrais serão reconhecidas. E mais, sustentadas com parcela da Contribuição Sindical, um esquema viciado já no seu inicio. O sindicalismo autêntico, atuante, comprometido com as lutas operárias não pode depender de uma contribuição impositiva, obrigatória, que permite a presença em suas direções de pessoas que fazem do sindicalismo um meio de vida.


 



É preciso mais do que nunca a implementação de uma luta efetiva para mudar a atual estrutura sindical. E que leve em conta a questão maior, a representação sindical por local de trabalho, a essência da organização, que terá na Central a Entidade maior, mas mantida de forma direta pelos afiliados ao Sindicato. E que se acabe de vez com contribuições impostas de cima para baixo.



 
Uriel Villas Boas é membro da coordenação CSC – Baixada Santista