Aeronáutica arquiva idéia de desmilitarização, diz Saito

O comandante da Aeronáutica, brigadeiro Juniti Saito, anunciou nesta segunda-feira, 4, durante depoimento na CPI do Apagão Aéreo do Senado, que arquivou, com o consentimento do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a idéia de desmilitarizar o sistema b

O sistema continuará sob coordenação da Força Aérea Brasileira (FAB) e compartilhado, isto é, servindo às aeronaves civis e militares e com controladores igualmente civis e militares. “O presidente (Lula)não quer mais tratar disso (desmilitarização)e me deu autoridade para tratar do assunto. Uma coisa é o acidente (do jato Legacy com o Boeing da Gol, em 29 de setembro do ano passado, que resultou na morte de 154 pessoas), a crise e a falta de controladores. Outra coisa é a desmilitarização”.


 


Saito disse à CPI que o presidente da República lhe “deu autoridade” para conduzir a solução da crise como ele entendesse ser a melhor forma. E ele entende que a desmilitarização está fora do debate para melhorar o sistema de proteção aos vôos. Segundo o brigadeiro Saito, o movimento pela desmilitarização “atrapalhou muito a condução da crise aérea”. Ele foi duro ao falar da insatisfação salarial do controlador militar: “Se ele não quiser ser militar, que peça demissão, mas não comece a influenciar os outros companheiros”. Para o comandante, há militares com um ano e meio de carreira que estão ajudando no movimento de contestação do sistema de controle aéreo.


 


Na opinião do brigadeiro, esses controladores novatos “não têm capacidade e nem conhecimento” para opinar sobre o sistema. “Quando formamos um militar, não é só colocar farda. É a consciência da cabeça aos pés. Somos profissionais da guerra”, declarou o comandante. E acrescentou: “Se não formos rigorosos com a hierarquia e a disciplina, não vai haver Forças Armadas”.


 



Defesa do sistema


 



O comandante da Aeronáutica admitiu que falha humana pode ter levado ao acidente entre o jato Legacy e o Boeing da Gol. Ao ser questionado pelo senador Demóstenes Torres (DEM-GO), se a falha humana que causou o acidente do ano passado pode se repetir, o brigadeiro respondeu: “Falha humana é inerente ao ser humano”. Diante da contestação de que, naquele caso, 154 morreram, o brigadeiro concordou que, infelizmente, nesse caso aconteceu isso, e passou a defender o sistema de controle do tráfego aéreo.


 


Ao rebater declarações dos controladores de vôo, que falam em problemas nos equipamentos, Saito disse que eles (os controladores) “tinham todas as informações” para evitar o acidente e que eventuais problemas não comprometem o sistema de trafego aéreo. “Garanto que o nosso sistema é seguro e atende às nossas necessidades”, afirmou o comandante, acrescentando que “considera as afirmações (dos controladores) como defesas pessoais”.


 



Buraco negro


 



Sobre a existência de pontos cegos, o comandante Saito declarou que “a afirmação é maldosa”. Segundo ele “não existe (buraco negro)”. E acentuou: “O problema é que o Legacy não poderia estar a 37 mil pés (de altitude)”. Para o comandante, de acordo com as informações obtidas até agora nas investigações, “não houve falha de equipamentos”, como dizem os controladores. Disse, ainda, ter certeza de que os sargentos que se amotinaram em 30 de março serão punidos.


 


Para o comandante, o sistema misto como funciona hoje, integrando área civil e militar, “não oferece nenhum risco”. E citou que, no caso do ataque terrorista de 11 de setembro em Nova Iorque, a reação do governo norte-americano levou 20 minutos.


 


Segundo ele, isso não aconteceria aqui no Brasil, por causa da integração já que a parte militar do sistema teria alertado. “Temos um sistema integrado. Separá-lo leva tempo e custa caro e não se deve tratar de um assunto como este durante uma crise”, declarou o comandante Saito, insistindo em dizer que este tema não está mais sendo tratado agora porque o presidente Lula mandou encerrá-lo.


 


Fonte: Agência Estado