Nova diretoria da ADUFC toma posse
Tomou posse na última terça-feira, 05 de Junho, a nova Diretoria Executiva da Associação dos Docentes da UFC e o Conselho de Representantes da ADUFC.
Publicado 08/06/2007 11:20 | Editado 04/03/2020 16:37
A mesa de autoridades foi composta pela profa. Helena Serra Azul, profa. Vera Lúcia de Almeida, Secretária Geral da ADUFC, o vice-prefeito municipal de Fortaleza José Carlos Veneranda, o deputado estadual Roberto Cláudio, representando o presidente da Assembléia Legislativa do Ceará deputado estadual Domingos Filho, o prof. José Maria de Sales Andrade Neto, Presidente da Comissão Eleitoral das eleições da ADUFC 2007, a Profa. Fátima Costa, Diretora do Centro de Humanidades, representante da Reitoria, o prof. Clovis Catunda, presidente da Associação de Docentes Aposentados da UFC (ADAUFC), o Prof. Cristiano Martins Neto, representante da Diretoria do Sindicato Nacional das Instituições de Ensino Superior – ANDES Nacional, e o Sr. Edison Guilherme Haubert, Presidente do Movimento dos Servidores Públicos Aposentados e Pensionistas (Instituto Mosap),
A cerimônia teve início com a abertura da Assembléia Geral Extraordinária. O Prof. José Maria de Sales Andrade Neto, na qualidade de presidente da Comissão Eleitoral, apresentou o resultado oficial da eleição e anunciou a eleição da Chapa 1, encabeçada pelo Prof. José Estevão Machado Arcanjo.
A Profa. Helena Serra Azul deu as boas-vindas à nova diretoria, lembrando da responsabilidade em dar seqüência a uma histórica de lutas e desafios enfrentados pela ADUFC. Ao receber o cargo de Presidente perante a Assembléia Geral da entidade, Estevão Arcanjo agradeceu a Profa. Helena, dizendo se sentir orgulhoso em dar seqüência ao seu trabalho frente à ADUFC e afirmou que fará todo o possível para dar continuidade às lutas históricas da entidade.
Estevão lembrou que este é um momento importante para a universidade, que estava empossando no mesmo dia a nova Diretoria da ADUFC, o seu novo Reitor Ícaro de Sousa, em Brasília, e realizando as eleições para o Diretório Central dos Estudantes. E ainda afirmou que esperava superar as expectativas depositadas, falando da “maior satisfação em defender a universidade, lutar por ela e ter aqui a presença das pessoas mais queridas”.
Em seguida à cerimônia de posse, foi lançado o livro “Livre para fazer mais”, resultado de uma pesquisa científica de iniciativa da Diretoria da ADUFC, com apoio da ADAUFC, que traça um perfil dos professores aposentados da UFC. O trabalho foi apresentado pela profa. Nellie de Paula, diretora de Assuntos de Aposentados. O trabalho será distribuído aos associados.
Discurso de Posse do Novo Presidente da ADUFC – Prof. José Estevão Machado Arcanjo
Este ano de 2007 tem sido muito especial para mim. Foi com muita emoção que vi minhas filhas entrarem na UFC. Cecília e Rachel são, desde março, alunas dos cursos de Administração e Ciências Biológicas, respectivamente. Não há maior satisfação do que defender a universidade, lutar por ela e ter aqui a presença das pessoas mais queridas. Os meus colegas eleitos e eu, termos merecido a confiança da maioria dos docentes desta universidade nos honra, emociona e envaidece. Esperamos, todos, corresponder – e superar – as esperança depositadas no grupo.
A UFC passa por um momento muito especial neste mês de junho, ao renovar boa parte de suas lideranças. Neste dia em que tomamos posse na ADUFC também tomaram posse no Ministério da Educação o Reitor e o Vice-Reitor eleitos em março passado. Por fim, o DCE realizará, até amanhã, as eleições de sua nova diretoria e dos representantes nos Conselhos da UFC.
São muitos os desafios a enfrentar na nossa universidade. Quero aqui destacar que, a despeito das divergências tão naturais da academia, o atual momento é de fundamental importância, principalmente porque renova a convivência democrática e estimula a participação. Já se repetiu muito que a democracia é o único regime aceitável, apesar das suas grandes insuficiências. Mais ainda, segundo disse Norberto Bobbio: a democracia também pode ser revolucionária, porque insiste em submeter a esfera econômica à política, assim como entrega à sociedade o poder último da decisão.
No meio acadêmico, a democracia permite a escolha de lideranças e a construção de consensos mínimos. Mas, principalmente, aprofunda e renova o debate sobre suas prioridades e compromete a comunidade na execução das propostas eleitas. O poder, assim, é legítimo, porque se baseia e é controlado pela vontade da maioria. E isso é exigência fundamental para que se cumpram os requisitos da autonomia universitária.
Prezados senhores e senhoras,
Nos anos 80 e 90 falamos muito da crise da universidade. Principalmente da crise financeira, das deficiências de infra-estrutura, das ameaças de privatização. Todas permanecem. Para além dessas, quero aqui destacar alguns desafios que nos estão postos:
a) Primeiramente, é preciso enfrentar a ofensiva ideológica conservadora – liberal ou fundamentalista – que destrói as conquistas da modernidade, baseadas na institucionalização das sociedades laicas, abertas, sujeitas a críticas e revisões e, principalmente no respeito à diferença, à razão e à tolerância. Quem imaginaria que neste século XXI o pensamento “pré-moderno” americano poderia justificar e levar o maior país do mundo, com o apoio do parlamento, a estabelecer restrições ao Estado de Direito tão arduamente conquistado? A universidade pública deverá ser sempre guardiã do livre pensamento, da diversidade de culturas, da ampliação das liberdades e, principalmente da autonomia da razão. Isso é inerente ao seu próprio conceito;
b) Em segundo lugar, a universidade precisa redefinir seu projeto acedêmico-político, inserido no processo de desenvolvimento nacional. Nos últimos 50 anos, a universidade pública brasileira foi um dos maiores instrumentos na construção da nação, na formação de lideranças e na conquista da cidadania. Nenhum país cresce sem um ensino superior robusto, público e autônomo. No Ceará, a UFC tem cumprido esse papel. Agora é hora de redefinir qual o projeto para o Brasil e qual o projeto para a universidade brasileira. Universidade para quê e para quem, é o que precisamos responder;
c) É necessário, ainda, enfrentar a mercantilização do ensino, justificado irresponsavelmente pela alegada “crise do Estado”. No entanto, a expansão do ensino privado é muito mais orientada pelos interesses das mantenedoras do que pelos anseios da sociedade brasileira;
d) Por fim, a universidade deve recuperar a sua capacidade de intervenção, de falar à sociedade, de repercutir os atuais dilemas brasileiros. Os canais próprios da universidade, especialmente a ANDIFES e o Sindicato Nacional – ANDES, não mais falam a linguagem dos docentes.
Espero que todos nós, ADUFC, SINTUFCe e DCE tenhamos forças para enfrentar esses desafios. Oxalá a nova administração superior também tenha claro esse enfrentamento.
Mas, senhores, somos uma seção sindical. Temos a missão de representar, defender, assistir e contribuir com a organização política dos nossos sócios. Um sindicato de servidores públicos tem característica particular, pois defende os sindicalizados e defende seu “patrão”. Bem entendido: defende a União, o Setor Público, o Estado, nunca governos. No nosso caso, defende a ampliação e o fortalecimento do Estado, pelo cumprimento de seus deveres constitucionais para com a educação. Uma universidade de qualidade se faz com o mérito e o esforço de seus docentes, técnico-administrativos e discentes. Mas, também, com a organização de seus membros. Só assim é possível conquistar valorização, dignidade e independência. A grande universidade que é hoje a UFC, em seus 52 anos de vida, deve muito aos 27 anos de existência da ADUFC.
São muitas as dificuldades que a prática sindical enfrenta na atualidade. A globalização capitalista e as modificações no mundo do trabalho desafiam nossas resistência e unidade. No Brasil, em particular, parece que o longo processo de redemocratização e de reorganização dos trabalhadores ainda não se completou. O “governo de sindicalistas” – tomo a liberdade de chamar assim -, revela inúmeros equívocos, o despreparo da esquerda no enfrentamento da nova conjuntura, a fragilidade ideológica, e mesmo traições inesperadas, por que não dizer.
Por seu turno, tenho visto a ANDES mais preocupada com sua inserção nas lutas gerais da sociedade, afastando-se das bandeiras específicas dos docentes das IFES. Tais lutas não são excludentes, mas só seremos um aliado forte da sociedade organizada se formos fortes naquilo que nos é específico. Como dizia Lênin – ainda o velho Lênin, por que não? – o sindicato não substitui a sociedade, muito menos os partidos políticos. Um exemplo desse distanciamento da ANDES é a campanha salarial de 2007, até o momento praticamente inerte.
Ganhamos a direção da ADUFC defendendo uma prática mais próxima dos interesses dos docentes. Nosso mote é valorizar o professor, recuperar sua auto-estima e fazer valer em nossos colegas e jovens que nós próprios formamos o orgulho e a disposição de enfrentar os desafios que a profissão de professor nos coloca. Para isso é preciso imediatamente reconstruir nossa obsoleta carreira e recuperar nossos ridículos salários. Como pode recém-formados ingressarem no serviço público, em outras carreiras, percebendo, inicialmente, o dobro do teto salarial do professor com doutorado e dedicação exclusiva?
No momento, somos ainda ameaçados por tentativas de limitação do direito de greve e por reformas previdenciária e trabalhista, além do congelamento de salários (PLP 001/07) – quando se sabe que o governo gasta com o funcionalismo público pouco mais da metade do que a Lei de Responsabilidade Fiscal permite. Recentemente, dando continuidade a uma reforma universitária que se faz por decreto, o Governo Federal criou o REUNI – programa que estabelece metas e condições para a expansão da universidade – e o Programa de Professor-Equivalente, uma espécie de banco de vagas que altera a sistematização de concursos e contratação de docentes.
Tudo isso superlota a agenda do sindicato e confunde boa parte da categoria, já assoberbada de trabalho. É necessária muita disposição para a luta, não esquecendo de definir estratégias de longo prazo que, no horizonte possível, garantam nossas reivindicações, a exemplo de outras categorias de servidores.
Por fim, esta diretoria se elegeu defendendo um projeto de expansão sustentável para os campi do Cariri, Sobral e Quixadá, garantido o padrão de qualidade da UFC. Sem esquecer nunca nossa inserção com a sociedade. Sendo fortes na universidade seremos parceiros fortes dos movimentos sociais e das lutas pela construção de uma sociedade mais justa, com mais educação.
Não posso encerrar esse pronunciamento sem dedicar uma palavra à profa. Helena Serra Azul. Espero ter sido um bom aluno, inspirado pela sua simplicidade, sua história, sua liderança. Espero, também, conquistar o respeito – e principalmente a confiança – que os colegas nela depositam.
Nada disso adiantará, todo diagnóstico e toda ciência de nada adiantará, se não formos impulsionados pela vontade política de construir a nossa história. Estamos certos de que não vamos mudar o mundo de uma hora para outra. Mas podemos nós, professores de 1º, 2º, e 3º graus, ativos e aposentados, contribuir para melhorá-lo. Com Independência, Diálogo, Ação!
Muito obrigado.
Fonte: www.adufc.org.br