Entrevista com Diogo Santos, novo presidente da UEE-MG

Diogo Santos, de 20 anos, aluno de economia da Universidade Federal de Uberlândia, da chapa “Mutirão para botar o bloco na rua e movimentar pelas mudanças” foi eleito com 171 votos, que representam 80% dos delegados credenciados.

    A União Estadual dos Estudantes de Minas Gerais realizou no último fim de semana em Belo Horizonte, seu 40º Congresso. Os mais de 600 estudantes se reuniram no campus da Faculdade de Medicina da UFMG e além de debater os desafios e bandeiras que nortearam a entidade nos próximos 2 anos, elegeram o novo presidente da entidade.


 


    Durante a plenária final foi decidido que a principal luta dos universitários mineiros será contra a gestão Aécio Neves (PSDB). Para a maioria dos estudantes, o governo do estado é o principal responsável pela situação caótica das universidades de Minas, que não tem uma política de valorização, além de serem sucateadas e, pouco a pouco, privatizadas pelo governo tucano.


 


    “Pretendemos realizar atos em muitas cidades, em todas as regiões do estado, para dar visibilidade aos graves problemas que a educação enfrenta em Minas e denunciar o descaso com o qual ela é tratada pelo governo estadual”.


 


    Uma gestão dinâmica é o que anseia o estudante de economia. Diogo revela em uma entrevista exclusiva para o EstudanteNet como pretende atuar, fez um balanço dessa edição do Congresso e falou dos desafios e projetos para a próxima gestão da UEE-MG.


 


Confira abaixo a íntegra da entrevista.


 


    Quando você entrou para o Movimento Estudantil? Conte um pouco da sua trajetória de militante.


 


    Comecei minha militância ainda secundarista na cidade de Ituiutaba, onde nasci. Contribuí na reconstrução da UME de Ituiutaba, entidade que cheguei a ser presidente. Foi um período de muita luta pela garantia do direito à meia-entrada: fazíamos blitz na entrada de casas de show e cinema, chamávamos a impressa para registrar o descumprimento da lei. Foi também um período de construção e consolidação da rede do movimento estudantil naquela cidade, construímos diversos grêmios estudantis e reativamos outros tantos e começamos a participar das atividades estaduais e nacionais do movimento estudantil.


 


    Quando entrei na universidade, participei do Diretório Acadêmico do meu curso, Economia, e fui coordenador geral do DCE da Universidade Federal de Uberlândia.


 


    Na gestão em que fui coordenador feral do DCE trabalhamos muito para devolver a credibilidade da entidade diante dos estudantes. O DCE voltou a integrar a rede do movimento estudantil. Desenvolvemos uma política de comunicação da entidade, realizamos grandes atividades, como Calouradas, levamos a frente reivindicações históricas dos estudantes como o aumento do número de bolsas alimentação, realização das Olimpíadas Universitárias que há anos não aconteciam. Garantimos uma grande participação dos estudantes da UFU na Bienal da UNE deste ano e levamos uma grande bancada de D.A’s ao CONEB de 2006.


 


    O que este 40º Congresso representou para a UEE-MG?


 


    Foi um congresso histórico. Primeiro por ter acontecido na Faculdade de Medicina da UFMG, onde há exatamente 30 anos, estudantes se reuniram para realizar o 3º Encontro Nacional de Estudantes e tiveram que resistir ao cerco policial de Ditadura Militar.


 


    Segundo, porque demonstrou que a UEE de Minas Gerais está consolidada, visto que mais de 220 mil estudantes foram mobilizados durante o processo do Congresso, todas as regiões do estado estavam presentes e isso não é fácil para um estado do tamanho de Minas. Terceiro, foi um congresso histórico, pois diversas correntes do movimento estudantil vieram para a saudável disputa de idéias, concepções e dos rumos que a próxima gestão da UEE deve tomar, o que demonstra o peso desta entidade no conjunto do Movimento Popular Mineiro.


 


    O congresso possibilitou que os mais diversos temas da sociedade e da vida universitária fossem debatidos e isso é muito importante para manter a vitalidade do Movimento Estudantil.


 


    Este congresso contribuiu e muito para formular a opinião dos estudantes mineiros sobre vários temas como a Democratização dos Meios de Comunicação, sobre a Reforma Universitária, sobre o Governo Aécio e outros temas.


 


    Quais serão as principais bandeiras da entidade na sua gestão?


 


    Buscaremos de início enraizar a UEE em cada canto do estado, pois a última gestão fez um excelente trabalho de construção de entidades, muitos D.A’s, C.A’s e DCE’s foram criados e é papel desta gestão consolidar este trabalho que foi feito. Para isso fortaleceremos os instrumentos de comunicação da UEE e construiremos uma agenda estadual de atividades.


 


    Começaremos também a organizar o Dia Estadual de Mobilização em Defesa da UEMG (Universidade do Estado de Minas Gerais), da UniMontes (Universidade Estadual de Montes Claros) e da Assistência Estudantil. Pretendemos nesta atividade, realizar atos em muitas cidades, em todas as regiões do estado, para dar visibilidade aos graves problemas que a Educação enfrenta em Minas e denunciar o descaso com o qual ela é tratada pelo governo estadual.


 


    O governo de Aécio Neves vem promovendo vários ataques as universidades mineiras. Como a UEE-MG pretende se portar frente ao governo estadual?


 



    A UEE continuará com sua postura crítica em relação ao governo Aécio. Trabalharemos para desmascarar este governo que nada investe na área social, que se apropria de programas do Governo Federal e os divulga como sendo realizações do governo estadual, que se preocupa muito mais com propaganda e com a imagem do governo do que em resolver de fato os problemas da população.


 


    Cobraremos do Governo Estadual um projeto de desenvolvimento para o estado, que contemple a Educação, a Saúde, a Infra-estrutura, a geração de empregos e as demandas da juventude.


 


    O Brasil passa por um momento em que está sendo decidido o seu projeto de desenvolvimento nacional e Minas Gerais precisa definir qual é o seu papel neste projeto, não podemos ficar de fora de importante momento para nosso país e os estudantes mineiros através da UEE cobraram isto do governo do estado.


 


    Na sua opinião a que se deve a vitória do seu movimento?


 


    A vitória do Movimento “Eu Quero É Mais Botar Meu Bloco Na Rua” é resultado de uma política acertada. Nós defendemos a autonomia e independência do movimento estudantil para levarmos em frente as bandeiras históricas dos estudantes, defendemos que o movimento estudantil deve ser propositivo e ocupar cada espaço conquistado para influenciar os rumos do país.


 


    Nosso movimento é amplo, todas as manifestações da vida universitária têm espaço aqui. Faz parte do nosso Movimento estudantes que desenvolvem trabalhos na área da Cultura, da Ciência & Tecnologia, do Esporte, do Movimento de Gênero e GLBTT, ou seja, a pluralidade é uma marca destacada do nosso movimento.


 


    A firme defesa da Unidade do Movimento Estudantil como forma de fortalecer nossa luta também foi fator determinante para a vitória do nosso movimento, porque os estudantes têm clareza que a fragmentação só nos prejudica a alcançar nossos objetivos.


 


De Belo Horizonte,
Pedrinho Leão