Opinião: Pensar o desenvolvimento de Chapecó de forma sustentável

Durante seis meses esteve em debate as alterações do Plano Diretor da cidade de Chapecó, Oeste de Santa Catarina. Para análisar as propostas, foi constituída uma Comissão Especial na Câmara Municipal

Paulinho da Silva*: A cidade de Chapecó apresenta índices de crescimento muito superior à média estadual e nacional. Isso por conta da localização geográfica, bem como um conjunto de fatores, tais como infra-estrutura, aeroportos, acesso por rodovias, uma rede educacional, dentre outros fatores. Por si só Chapecó é uma cidade que atrai uma população advinda dos mais diversos pontos do país, bem como novos investimentos.


 


Este crescimento gera diversos conflitos culturais, econômicos, ambientais, habitacionais e sociais. Para diminuir estes impactos é necessário um planejamento. O Plano Diretor da cidade, discutido e aprovado nos anos de 2003 e 2004, com ampla participação popular, é o instrumento ordenador e organizador da vida da cidade.


 


Atualmente tramita na Câmara de Vereadores o Projeto de Lei 459/06, o qual traz em seu bojo profundas mudanças no ordenamento urbano, negando as Estratégias Gerais e as Diretrizes do Plano Diretor, que aponta como estratégia o cumprimento da função social da propriedade, o direito à cidade, a qualificação ambiental. Aponta ainda como diretriz a conservação ambiental, a densificação e otimização dos espaços urbanos, a descentralização do desenvolvimento, o direcionamento da cidade para as regiões leste e parte do oeste.


 


Ao invés de densificar e otimizar os espaços urbanos e buscar descentralização do desenvolvimento, a proposta em questão indica uma maior concentração do centro urbano, ao tempo que aumenta os potenciais construtivos em áreas eminentemente residenciais. Ou seja, aproveitar ao máximo o terreno, construindo cada vez mais, para os lados e para cima, sem áreas de permeabilização, ventilação e insolação dos imóveis. Viver sob aranha céus.


 


Por outro lado, a sanha e a voracidade imobiliária e construtiva, em nome do desenvolvimento, avança sobre as poucas áreas verdes e da bacia de captação de água do município. Para alguns, é preciso aproveitar mais e melhor os lotes urbanos, pois o desenvolvimento não pode parar, nem que seja preciso acabar com o verde, avançar sobre rios, nascentes e banhados, comprometendo o futuro saudável e com água na torneira de todos.


 


A cidade precisa desenvolver-se de forma harmoniosa, criando e possibilitando uma vida saudável, cor ar fresco, sem poluição, com meio ambiente preservado, os rios protegidos, em condições de uso da água, para as indústrias, agricultura e consumo humano. Não é preciso avançar sobre áreas que vão garantir uma qualidade de vida para nossa geração e as futuras. O Plano Diretor aponta os espaços vazios e para onde devemos crescer e desenvolver, sem que isso crie prejuízos à população.


 


*advogado, vereador pelo PCdoB de Chapecó-SC,  no segundo mandato.